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Todos os pais sonham que seu filho tenha sucesso profissional – e muitos deles acreditam que o esporte é um dos caminhos para isso. No caso de Matheus Mattos, não foi diferente. Desde cedo, o lutador de 22 anos sempre teve contato com diversas modalidades durante a infância, influenciado pelo desejo dos pais corujas. “Meu pai sempre gostou de esporte também. Nadava, jogava bola na praia. Também brigava, naquela época de sair na mão mesmo, sabe?”, comenta o lutador da Team Nogueira.
Matheus começou sua vida esportiva na natação, onde ficou por quase cinco anos até ir para o futebol. “Era a paixão da minha mãe, ai acabou se tornando a minha paixão também na época que eu era criança”, relembra. “Jogava 24 horas por dia. No prédio, na quadra, em tudo que é lugar. Jogava descalço, chutava o chão assim e arrancava o tampão do dedo. Saia chorando e meu irmão mais velho me pegava no colo, me levava para casa e me dava banho. Aquilo ardia”, diz Matheus, enquanto ri.
Sua paixão quase lhe rendeu uma oportunidade real de jogar futebol em um dos grandes times do Rio de Janeiro “Eu cheguei a jogar no futsal do Vasco. Mais tarde, fui fazer um teste no mirim do Flamengo. Consegui passar, mas quebrei o dedo. Aí regrediu tudo. Aos 15 anos, eu estava jogando no clube do Zico, lá no CFZ. Joguei como atacante, volante e terminei como lateral direito, mas fui dispensado de lá”.
O que parecia ser um fracasso na área esportiva se mostrou uma oportunidade em uma nova modalidade. “No meu prédio, fizeram um tatame em um apartamento, bem improvisado mesmo. Vi o que eles faziam e era jiu-jitsu. Ai eu falei “vou fazer”. Um cara me arrumou um quimono e fui. Me amarrei. Consegui me adaptar rápido ao jiu-jitsu. Comecei na faixa-branca, com todo mundo me pegando, mas em pouco tempo eu estava pegando todo mundo, aprendi rápido”.
Com o passar do tempo, Matheus começou a deixar de lado o futebol, até que tomou de vez a decisão de entrar no mundo das artes-marciais. “Cheguei para a minha mãe e falei que não queria mais jogar bola. Não sentia mais vontade. Ela me apoiou muito, mesmo amando futebol. Ela sempre me deu suporte naquilo que eu me sentia feliz”.
A decisão se mostrou acertada com o tempo. Foi a partir de seu mestre, o mesmo das aulas de jiu-jitsu improvisadas no apartamento, que Matheus conheceu a Team Nogueira, academia que treina até hoje. “Ele falou que um tal de Minotauro tinha montado uma academia aqui perto, no Recreio, e pediu que eu fosse até lá. Nem sabia quem era esse Minotauro”, recorda em meio a gargalhadas.
“Chegando lá eu encontrei o Junior Cigano e pensei: caramba, olha o tamanho desse cara! Entrei na academia com minha mãe e fiz como se fosse uma pequena entrevista. Decidi então que ia fazer aula de muay thai”. Depois de seis meses de treino, Matheus fez sua primeira luta amadora de muay thai, ainda com 16 anos de idade. Aos 18, veio sua primeira luta amadora de MMA. “Eu finalizei meu adversário. Um ano depois eu fiz meu primeiro combate como profissional e não parei mais”.
Apesar de ter iniciado no jiu-jitsu, Matheus se sente mais confortável em pé. Prova disso são os cinco nocautes que conseguiu nas nove vitórias como profissional. “Eu consegui me adaptar melhor na trocação do que no chão. Eu sou bom de chão, mas meu forte é em pé. Mas sou um lutador bom em todas as áreas. Tenho a faixa-azul de jiu-jitsu, e me garanto no chão”.
Chegar até o TUF Brasil 4 é um grande orgulho para o lutador da Team Nogueira, que espera retribuir todo o apoio dos pais recebido na infância. “Eles são meus mentores, tanto como pessoa quanto como atleta. Eles abdicaram da vida deles para cuidar dos filhos. Sou caçula de quatro, duas mulheres e dois homens. Minha mãe saiu do trabalho para ficar com a gente, enquanto meu pai sempre trabalhou muito. Eles são dois heróis”.