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MMA no sangue: o caminho de Amanda Nunes rumo ao título do UFC

 

Muitos atletas do MMA encontraram nas artes marciais uma maneira de canalizar a energia em excesso que tinham quando eram jovens. Amanda Nunes, atual desafiante peso-galo que encara Miesha Tate na luta principal do UFC 200, se encaixa neste grupo.  

Caçula entre três irmãs, Amanda ficou feito filha única em casa quando as duas mais velhas saíram de Pojuca, no interior da Bahia, para estudar e trabalhar na capital Salvador. Mas depois de algum tempo a mãe das garotas, dona Ivete, telefonou para Valdirene, a mais velha, com um recado: "Venha buscar porque não dá mais".

Mas que tipo de coisa a jovem Amanda poderia ter aprontado para a mãe ter essa atitude?

"Quando nós fomos para Salvador, só ficou ela em casa. Então ela ficou com as minhas coisas e as coisas de Vanessa. Se sentia a dona da casa. Teve um dia que mainha chegou em casa e Amanda estava dando banho em uma égua no quintal. Amanda pegou minha bicicleta, o videogame dela e ainda deu R$ 20 e trocou por uma égua! Ela passou por dentro de casa com a égua para dar banho no quintal. Mainha mandou trocar a égua, porque não tinha lugar para ela ficar, mas o dono anterior não aceitou. Ela fez a festa. Ficou com a égua um tempo, e depois fez outro rolo, e assim ela ia", conta Valdirene aos risos.

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Já em Salvador, Amanda foi apresentada ao Team Carvalho pela irmã Vanessa, e como Valdirene definiu, "foi paixão à primeira vista". Na época com 15 anos, a futura "Leoa", que já treinava jiu-jítsu e capoeira no interior, se empenhou também no boxe e karatê, e logo mostrou que tinha um talento natural para as artes marciais.

"Ela tinha muita vontade de praticar, muita energia. A gente só aproveitou o dom dela", relembra Ricardo Carvalho, primeiro mestre de Amanda.

"Meu irmão Edson Carvalho e eu lutávamos vale-tudo, então temos a experiência de observar o atleta. A Amanda era esforçada, gostava de treinar, e isso deixou a gente feliz. Muitos atletas têm dom e não gostam de treinar, e não só gostava como também precisava. Tudo isso faz um contexto, e decidimos dar apoio. Sabíamos que ela seguiria uma carreira profissional quando a vimos nos tatames".



A dedicação de Amanda era tanta que a lutadora decidiu morar na academia durante cerca de três meses para otimizar os treinos, contando com a ajuda de parceiros de equipe para se manter no esporte. Depois de acumular um cartel de cinco vitórias e uma derrota, chegou o momento de fazer a estreia nos Estados Unidos.

Indo para New Jersey junto a Edson Carvalho, Amanda estreou no Strikeforce com um nocaute em 14 segundos sobre Julia Budd, e esse foi o pontapé inicial de uma carreira de sucesso no MMA. A "Leoa" foi a primeira brasileira contratada pelo UFC quando criaram divisão peso-galo feminina no evento, sendo também a primeira representante do Brasil a vencer no octógono.

Depois de passar pela academia de Edson Carvalho e pela MMA Masters, Amanda treina na American Top Team, em Coconut Creek, Flórida, desde 2014. Seu principal treinador na academia norte-americana, Marcus "Conan" Silveira, explica o que diferencia a baiana das outras atletas.

"Eu pertenço ao Carlson Gracie Team, e ele nunca disse que ser bom apenas no jiu-jítsu te faria o melhor. É necessário ser completo, e é nisso que a Amanda se encaixa. O que a diferencia das outras atletas é que ela é boa em tudo o que faz. Ela não tem conhecimento básico, é boa em qualquer área e vai saber combinar as coisas no MMA. Normalmente você vê um lutador ter um determinado background, mas a Amanda não tem. Tudo é background para ela", declarou.



É bem claro que Amanda tem talento de sobra, e se dedica muito para ser a melhor do mundo, mas o dom e a persistência não são as únicas bases da atleta no esporte. A luta literalmente corre no sangue de Amanda.

"A minha mãe tinha um irmão, já falecido, que fazia vale-tudo na época" conta Valdirene, falando sobre José Alves, o "Índio". "A gente tem foto dele em preto e branco lutando, na época em que ainda valia tapa, e minha mãe ia para o córner dele. Eu acho que realmente tá no sangue, porque a Amanda não chegou a ver meu tio lutando. É o sangue que puxa".

E nessa trajetória de sangue e suor, Amanda está a dias de fazer história no UFC. Após diversas reviravoltas que marcaram a International Fight Week, a garota agitada do interior da Bahia vai liderar um dos maiores eventos do Ultimate de todos os tempos, e pode adicionar mais uma marca ao seu currículo: a de primeira brasileira campeã peso-galo.

O UFC 200 acontece neste sábado (9), terá duas disputas de cinturão, além de Brock Lesnar, Anderson Silva e muito mais. Não perca o maior evento da história do Ultimate. Assine já o Combate! 

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