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Neto BJJ: lutando pela família

 

 
Sabe aquele almoço de domingo onde toda a família se reúne para conversar e se divertir? Foi justamente em um desses que Joaquim Antônio Magalhães da Silva, mais conhecido como Neto BJJ, começou a ter uma ideia de como seria o seu futuro. Logo após almoçarem na casa de uma tia, todos os familiares se reuniram na sala em um momento de descontração. Foi quando um de seus primos lhe apresentou uma fita da primeira edição do UFC. O goiano, ainda criança, nunca tinha visto uma luta de MMA, mas se apaixonou pelo esporte assim que começou a assistir o vídeo.

“Fiquei louco quando vi. Quando você é pequeno, sempre torce pro maior. Daí eu via os caras grandes e o Royce todo magrinho,e eu pensava que ele ia perder, mas ele ganhou de todos. Meu primo fazia jiu-jitsu na época, por isso ele veio com essa fita. Daí eu coloquei na minha cabeça que queria ser um lutador de jiu-jitsu. Falava isso no colégio, até. Queria ser igual ao Royce Gracie e ganhar um cinturão do UFC”.

A partir daí, Neto começou sua caminhada nas artes marciais, de onde não saiu até hoje. “Comecei entre 14 e 15 anos no jiu-jitsu, mas não treinava com tanta frequência, pois eu não tinha dinheiro para pagar a academia. Só que eu dava o meu jeitinho. Como lá não tinha catraca e o professor da época era um cara bacana, ele sempre me deixava treinar, mesmo sem dinheiro. Então eu ajudava como podia, limpando o tatame, por exemplo”.

Com o passar dos anos, o goiano teve o interesse em fazer a transição para o MMA, mas sabia que precisava se especializar em outra arte marcial para ter sucesso no esporte. “Aos 18 anos eu comecei a fazer muay thai, porque eu queria entrar no MMA. Aí eu conversei com um professor que tinha ido até a Tailândia e comentei isso com ele. Em duas semanas eu fiz uma luta amadora de muay thai. Daí eu fui pra frente, fazendo lutas e mais lutas”.

O sucesso na arte marcial tailandesa quase o fez desistir de seguir no MMA, mas um acontecimento mudou sua vida. “Teve um momento que eu não queria mais lutar MMA. Eu pensei em ir para a Tailândia e ganhei até uma vaga para lutar o mundial da categoria, mas não consegui patrocínio. Na época tinha um amigo que sempre treinava junto comigo e vivia ganhando tudo, assim como eu. Ele conseguiu a passagem e foi, e eu acabei não indo. Isso me frustrou bastante, especialmente porque muita gente disse que ia me ajudar, mas não ajudou. Daí voltei a pensar no MMA.”

A mudança de postura fez com que o lutador saísse da pequena cidade de Anápolis, pensando em se aperfeiçoar e conseguir mais oportunidades para lutar. “Eu cheguei a fazer uma faculdade, mas tranquei. Como eu morava em uma cidade pequena, eu tinha que ir até um centro grande. Eu saí de Anápolis e fui pro Rio, mesmo com meus pais não gostando. Treinava com uma equipe que se desmembrou e parte dela foi pra Gramado, no Rio Grande do Sul, onde fiquei um ano. Nesse tempo eu fiz só uma luta, e a equipe se desfez de novo. Foi aí que eu conheci o Fábio Lau e o Dida, que me levaram para Curitiba. Eles me tratam como um filho desde então. Faz quase um ano que estou lá”.

A jornada em busca de ser um lutador de MMA fez com que Neto conhecesse muitas dificuldades, mas jamais desistisse de seu sonho. “Não tinha nada estruturado em Gramado. Prometeram mil e uma coisas, mas não tinha nada. Eu dormi em um colchão de ar por mais de cinco meses. Chegou uma época que eu não tinha dinheiro nem para comprar meu almoço. Fora que era uma casa bagunçada, pois moravam mais de 15 caras. Os meus pais nem sonham com isso, pois eu não queria que eles pensassem que eu saí de casa para viver uma vida pior. Mas eu tive fé, propósito, acreditei em mim e em Deus e estou aqui.”

Foi nessa época também que o goiano conheceu sua namorada, uma das maiores inspirações para ele. “Ela é nota mil. Ela andou de ônibus comigo, mesmo tendo carro. Ela queria estar comigo, me valorizou. Não existia interesse nenhum, a gente só gostava muito um do outro. Ela foi fundamental nesse período de dificuldades”.

Agora, na casa do TUF Brasil 4, Neto quer recuperar o tempo perdido e sair como vencedor do reality, para poder retribuir tudo o que foi dado pelos seus pais durante a infância. “Nesses quase três anos que saí de casa, só vi meus pais duas vezes. Eu sei que tudo o que a gente faz na vida, pagamos um preço. Deixar meu lugar, meu lar, foi como arrancar um braço. Mas eu sempre olhei para frente. Eu luto para ser campeão do UFC. Meus pais me deram tudo. Eles se esforçaram demais por mim. Quero ser campeão do UFC para retribuir dez vezes mais para eles”.