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Nova onda nas academias é a mistura de treinamento funcional com movimentos de luta – tudo sem contato. Nós testamos dois desses programas
Jabs, diretos, cruzados, chutes, joelhadas, entradas de queda. Além disso, corda, abdominais, polichinelos, exercícios com elástico e com bola. Parece um treinamento de atleta de MMA – e é. Mas é também a nova febre de várias academias do país. Chamado dos mais diversos nomes (como MMA Fitness, Funcional Fight, Personal Fighting e outras variações), a técnica mistura golpes de artes marciais com exercícios de treinamento funcional, aquele que prioriza os movimentos naturais do corpo, como agachar, gira, pular, correr, empurrar.
A principal diferença desse treinamento daquele feito por um lutador de verdade é que aqui não há contato. Por isso, ele acaba sendo procurado por pessoas que gostam de luta, mas que não podem correr o risco de aparecer no escritório com um olho roxo adquirido em um treino convencional de muay thai, por exemplo.
“Perda de gordura, tonificação dos músculos, aumento da massa magra, melhora da agilidade, velocidade e da função cardiorrespiratória são apenas alguns dos benefícios do treino”, afirma Orlando Folhes, preparador físico de José Aldo, campeão dos penas do UFC, e criador da metodologia batizada de AldoFit, baseada no treinamento do atleta e que está sendo vendida para várias academias e empresas do país. “O AldoFit trabalha o corpo inteiro de forma harmônica. Mas grupamentos maiores, como peitoral, grande dorsal, trapézio, deltoide, glúteos, posterior de coxa, quadríceps, panturrilha, abdômen e lombar sofrem uma influência maior.”
Um dos pioneiros nesse tipo de treinamento no país é o personal trainer carioca Chico Salgado – que tem em seu rol de clientes gente como os atores Bruno Gagliasso, Giovanna Ewbank, Wagner Moura, Grazi Massafera, Carolina Dieckman e Fernanda Paes Leme. “Ele caiu nas graças do público porque é muito dinâmico”, explica Chico. “O aluno não para. Cada treino é uma coisa nova, monto uma periodização muito intensa. As mulheres adoram porque ele faz secar e pode priorizar o trabalho de glúteos e abdômen. Os homens gostam porque tem um alto gasto calórico e muita defesa pessoal. Digo que ninguém vai sair daqui direto para o octógono, mas vai aprender os golpes de MMA e sair exaurido.” O método, segundo Chico, pode ser adaptado para qualquer pessoa, independentemente de sexo e idade. Um treino consome entre 600 e 1000 calorias – para se ter uma comparação, em uma hora de corrida gasta-se entre 500 e 900 calorias e em uma hora de natação, cerca de 500.
O ex-lutador de MMA Eduardo Munra, que já treinou com gente como Anderson Silva e Maurício Shogun, também tem uma clientela estrelada. Em uma academia da Vila Nova Conceição, em São Paulo, ele recebe as top models Carol Trentini e Renata Kuerten, o ator Malvino Salvador e o empresário Rico Mansur, entre outros, para suar no método que chama de Funcional Fight. “Criei o treino porque percebi que vários alunos, principalmente mulheres, gostavam das lutas, mas não queriam tanto contato físico. Mesclei um pouco de MMA com funcional e preparação física.” O foco de Munra não é preparar lutadores. “Buscamos apenas deixar as pessoas saudáveis, com bom condicionamento físico. A queima de calorias depende do biótipo e da dieta, mas é possível perder até 800 em uma hora.”
Há algumas academias, como a rede Team Nogueira, dos irmãos Rodrigo Minotauro e Rogério Minotouro, que têm programas específicos para mulheres. Chamado de Ladies Camp, o treinamento da rede dos gêmeos é feito em forma de circuito e mistura movimentos de luta com elementos de treinos militares, deixando o batimento cardíaco das alunas acelerado. Entre os benefícios da atividade estão força, flexibilidade, agilidade, coordenação motora e queima calórica – sem falar nos ganhos psicológicos, como diminuição do stress e da ansiedade e melhora da autoestima.
Nós testamos!
AldoFit
Quem criou: Orlando Folhes, preparador físico de José Aldo
“Para criar o AldoFit, Folhes quebrou todos os movimentos que José Aldo faz em seus treinamentos em partes menores e cada uma delas virou um exercício. Ele tem três modalidades: Force, para ambientes fechados e coletivos; Fluid, para ser feito na piscina, e Free, que é outdoor. Fiz um pot-pourri do Force, com a presença do próprio Aldo. O treinamento incluiu exercícios em que, na posição de flexão, eu devia ‘caminhar com as mãos’ para trás, até quase esticar as pernas em pé, e depois voltar; vários tipos de abdominais; sprawl (agachar, jogar as pernas para trás, jogá-las novamente para a frente e levantar); corridas; movimentos de socos retos; giros. Eles são feitos na maior quantidade de repetições possível dentro de um determinado tempo. Não sou exatamente uma iniciante em treinamentos de luta. Pratico muay thai há mais de quatro anos e comecei a treinar MMA em janeiro. Digo isso para confessar que, depois do treino, do qual saí exausta, continuei suando por uns 40 minutos. Só fiquei menos constrangida quando Aldo me disse que ele mesmo se cansa fazendo alguns treinos da metodologia.”
(Cláudia Lima)
Funcional Fight
Quem criou: Eduardo Munra, ex-lutador profissional de MMA
“Nunca subestime o poder de um elástico! Essa é minha dica para quem vai se aventurar no Funcional Fight, misto de treino funcional com artes marciais. Com o nome patenteado pelo seu criador, a modalidade é bem diferente dos treinos de luta comuns que a gente vê nas academias. O primeiro exercício que fiz parecia fácil: apenas andar de um lado para outro com elástico preso aos pés. Mas as repetições e variações com o aparelho já surtem efeito nos primeiros 15 minutos. A parte do ‘fight’ entra quando Munra explica que o aluno irá fazer repetições de 100 jabs e depois executar vários exercícios em forma de circuito – também tem chutes e outros golpes comuns em lutas de MMA. A sensação que seu corpo está sendo trabalhado é imediata. Parece que os músculos vão saltar antes de terminar o treino, que dura em média 1 hora. Outra dica: se for fazer o treino, boa sorte ao tentar levantar da cama no dia seguinte. O treinador e sua equipe têm uma extensa variação de abdominais que fazem os músculos trabalharem de todas as maneiras.”
(Davi Correia)