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O Carnaval do detox digital

Que tal aproveitar o feriado para se desconectar do celular – e ficar mais conectado às pessoas?

Semana passada, no fim da aula de ioga, a professora nos convidou para um retiro de silêncio no Carnaval. Confesso que achei graça. Não porque eu goste de Carnaval (sou daquelas que sentem saudade de quando São Paulo era considerada o túmulo do samba), mas porque não consegui pensar em um só amigo que pudesse trocar a esbórnia dos bloquinhos e da bebedeira por quatro dias de comidas veganas e sons da natureza (nem mesmo os amigos da ioga).

Tudo bem que prefiro ficar lendo ou vendo filmes na Netflix a qualquer uma das opções acima (retiro de silêncio ou folia nos blocos), mas pensei que o feriado pode ser uma boa oportunidade para um plano antigo: fazer o tal do detox digital. O negócio é quase uma necessidade de todos nós, porque o vício em nossos smartphones está nos deixando doentes, ansiosos, solitários. É chover no molhado dizer que o celular já é a última coisa que checamos quando vamos dormir e a primeira que pegamos ao acordar. Ou que as pessoas estão sentadas à mesma mesa nos bares e restaurantes e, em vez de conversarem, têm os olhos na telinha. Em shows então, a história beira o ridículo – sempre me pergunto se quem fica filmando a performance no palco alguma vez assistiu àquilo de novo.

Passamos três horas e meia todos os dias no smartphone checando redes sociais, segundo o relatório sobre a internet no país e no mundo em 2018, divulgado pela Data Reportal com dados da agência We Are Social e da plataforma Hootsuite – só estamos atrás das Filipinas. Perdemos a noção, essa é a verdade. Está na hora de fazermos algo. Pesquisei muito nos últimos dias e selecionei cinco dicas que pretendo seguir neste Carnaval, para começar a me libertar desse vício e recuperar a saúde mental. Entre comigo no bloco da desconexão – para, assim, podermos nos conectar com os outros.

1) Esqueça o celular quando estiver com outras pessoas

Pode ser uma pessoa, podem ser várias. Se você estiver com mais alguém ao seu lado, simplesmente não o tire do bolso ou da bolsa. Não se preocupe porque alguém da turma vai fazer o registro fotográfico do encontro. E não elabore desculpas para você mesmo para justificar o uso: se alguém precisar mesmo falar contigo, vai telefonar.

2) Desligue as notificações

Toda vez que uma notificação do Facebook, Twitter ou mesmo do WhatsApp entra em sua tela, aquela luzinha que acende desvia automaticamente nosso olho para o aparelho. Pior: enquanto não entramos no aplicativo, não sossegamos. Para evitar isso, simplesmente as desligue. E adote o hábito de entrar no WhatsApp três ou quatro vezes ao dia para responder às solicitações urgentes – as demais podem esperar um momento em que você esteja mais tranquilo (e sozinho). Outra boa tática é estabelecer um limite de tempo: por exemplo, você tem meia hora por dia para navegar em aplicativos como Instagram e Facebook.

3) Elimine apps que roubam seu tempo

O cientista da computação americano Cal Newport, em um recente artigo para o The New York Times, mostrou-se radical. “Remova de seu smartphone qualquer app que ganha dinheiro com a sua atenção. Isso inclui mídias sociais, jogos viciantes e newsfeeds. A menos que seja um produtor de notícias a cabo, você não precisa de atualizações minuto a minuto sobre eventos mundiais, e suas amizades provavelmente sobreviverão mesmo se você tiver que esperar até estar em seu computador de casa para fazer logon Facebook ou Instagram. Além disso, ao eliminar sua capacidade de publicar imagens curadas cuidadosamente nas mídias sociais diretamente de seu telefone, você pode simplesmente estar presente em um momento agradável, livre do desejo obsessivo de documentá-lo.”

4) Determine um horário limite

Vamos supor: 8h da noite. Depois desse horário, apenas não olhe mais o smartphone. Coloque-o em uma gaveta ou deixe o aparelho longe de seus olhos. Antes de tomar essa atitude, é prudente avisar aos familiares, ao chefe ao e amigos mais próximos, para que não pensem que você foi abduzido. Se alguém tiver algo urgente para tratar contigo, vai telefonar. Assim, você garante algumas horas absolutamente offline por dia para poder fazer outras coisas importantes – mesmo que seja fazer absolutamente nada.

5) Aprenda com os bilionários

A pesquisadora americana Sarah Stanley Fallaw, diretora de pesquisa do Affluent Market Institute, fez um estudo para descobrir como 600 milionários e bilionários passavam seu tempo. E descobriu que eles passam muito menos em redes sociais do que a média das pessoas: apenas duas horas e meia por semana! Inspire-se neles. Um bom jeito de começar é adotar uma estratégia parecida com a do movimento “segunda sem carne”, criado para diminuir o consumo de carne vermelha. Faça, por exemplo, o “domingo sem smartphone”. Deixe o telefone desligado e aproveite o dia para praticar exercícios físicos, ler, visitar amigos, pegar uma praia ou ir ao parque. Pode parecer difícil, mas é tudo questão de hábito.