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Me lembro como se fosse hoje quando, há dois anos, meu pai deu um banho no meu sobrinho, que vai fazer quatro anos agora em outubro. Foi o primeiro banho que ele deu em uma criança na vida.
Meu pai, os pais dos meus amigos e os pais das pessoas da minha geração não davam banho em seus filhos. Eles não trocavam seus filhos, não davam papinha para seus filhos, não faziam seus filhos dormir. E aqui não tem nenhuma crítica. Os pais eram assim porque as coisas funcionavam assim. Embora muitos pais fossem participativos, eles se limitavam a “ajudar” as nossas mães.
Isso ficou no passado. Hoje, os pais não “ajudam” – eles “dividem” (ou ao menos deveria ser assim). As responsabilidades são exatamente as mesmas das que as mães têm. Os pais não têm de parecer fortes o tempo todo. Podem assumir vulnerabilidades. E, por isso mesmo, estão muito mais próximos de seus filhos.
Para celebrar o Dia dos Pais, comemorado neste domingo, três lutadores contaram como seus filhos mudaram suas vidas. E como eles passaram a ver o mundo depois da paternidade.
Thiago Marreta, pai de Hiago, 15 anos
“Fui pai bem novo, bem cedo, com 19 anos. Demorou demais pra cair a ficha que eu teria um filho – isso foi acontecendo com o tempo. Mas ser pai mudou demais a minha cabeça. Tudo o que faço, faço pensando nele. A gente fica, não sei a palavra certa, mais precavido, sabe? Quando não se é pai, não tem uma pessoa que depende de você. Então ficamos mais destemidos, só pensamos em nós e está tudo certo. Agora não: tenho meu filho. Antes de tudo o que tenho que fazer, penso duas vezes. Estou mais consciente e mais maduro. Esse amor de pai mudou muita coisa na minha vida, e na luta também. Ele me incentiva e me motiva demais. Não moro com meu filho, ele mora com a mãe. Mas sempre que estou no Brasil ele fica em casa. O Hiago me conta tudo. A gente é muito parceiro, muito amigo. Ele me conta da namoradinha, pede conselho – e vice-versa. Converso muito com ele sobre luta, meu treinamento, como estou me sentindo.”
Junior Cigano, pai de Bento, 2 anos, e Maria, 2 meses
“Ser pai mudou minha vida completamente. Nem me lembro mais os objetivos e os sonhos que eu tinha antes. Hoje, tudo o que planejo, tudo o que penso para a minha vida, meus filhos vêm primeiro, são prioridade. Meus amigos que são pais tentavam me explicar como era maravilhosa a paternidade. Mas, por mais que eu tentasse imaginar, nada chega perto do que realmente é quando olho para meu filho e minha filha. É um sentimento único. Vira nosso propósito de vida. Me sinto extremamente privilegiado por ser pai de um menino e uma menina lindos, tão cheios de saúde. A criança tem um poder incrível: ela une a família inteira de uma forma bastante intensa. Uma coisa que posso dizer que é bem diferente é que tenho mais responsabilidade no sentido de fazer as coisas acontecerem. Até para projetos externos, que não são da luta, tenho me dedicado mais. Sei que preciso correr atrás, fazer acontecer, para poder cuidar bem deles. Acho que contribuiu muito nesse sentido de aumentar minha força de vontade, meus esforços para fazer as coisas acontecerem. Você passa a ver muitas outras possibilidades. Antes eu só levava, não fazia muitos planos. Ainda não sou aquele cara que coloca tudo no papel, mas hoje tenho planos, objetivos, quero chegar a determinados pontos para prover a melhor vida e o melhor crescimento para meus filhos.”
Marlon Moraes, pai de Rafael, 4 anos, e Ryan, 9 meses
“Se antes eu dava valor aos meus pais, desde que tive meu primeiro filho dou mais valor ainda. Hoje tenho dois. Me sinto capaz de fazer qualquer coisa por meus filhos. Todos os dias levanto da cama com a missão de crescer, de trabalhar e de produzir mais ainda por eles e, se Deus quiser, educá-los e passar para eles um pouco do que os meus pais passaram para mim. É um amor que não tem como se medir.”
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