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Nada de halteres, máquinas com regulagem de peso ou treinos com esteiras ou bicicletas. Nas academias tecnológicas que pipocam pelo país, o grande protagonista é um equipamento branco que lembra um totem de autoatendimento (daqueles de aeroporto) e atua em conjunto com um colete e apetrechos afixados nas coxas do aluno. O treinamento em questão atende pelo nome de eletroestimulação muscular (ou EMS, na sigla em inglês), nasceu na Alemanha e tem feito um baita sucesso – especialmente entre pessoas que odeiam praticar atividade física.
A razão é simples de entender: o método promete “resultados ótimos” com dois treinos semanais de apenas 20 minutos e “resultados rápidos e extremos” com três treinos por semana. Não ir para a academia por falta tempo, portanto, deixou de ser uma desculpa.
A tecnologia mais usada no país (e a única aprovada pela Anvisa para uso terapêutico em clínicas médicas) se chama Xbody. É uma máquina moderna, cujo objetivo é melhorar o condicionamento físico e a composição corporal do usuário. Os tais coletes e apetrechos vestidos pelos alunos, feitos de neoprene, são recheados de eletrodos. Conectados a uma máquina, eles promovem a ativação muscular intensa através de impulsos elétricos: 350 músculos são trabalhados ao mesmo tempo, e de maneira profunda.
Usando esses equipamentos sobre uma blusa e legging de malha especial, os alunos fazem uma série de exercícios de 20 minutos, orientados por um personal trainer, sem o uso de halteres ou qualquer outro acessório – os movimentos, como agachamentos, abdominais e flexões, usam apenas o peso corporal. Os exercícios também podem ser feitos por grupos musculares: em um dia da semana, por exemplo, são trabalhados peito e braços, enquanto no outro as prioridades podem ser pernas e abdômen. A queima é de até 350 calorias por aula. “A máquina pode ser programada para dar ênfase ao grupo muscular correspondente ao exercício que está sendo feito”, diz Felipe Castro, representante da tecnologia no Brasil, México e Colômbia.
Segundo ele, o exercício contrai as fibras musculares voluntariamente, enquanto a máquina trabalha as contrações involuntárias. Assim, as fibras 2b, de explosão, são atingidas de forma profunda e sem risco de lesão. Taí a razão dos resultados rápidos: segundo ele, 20 minutos de exercícios no aparelho equivalem a duas horas de musculação. Não é preciso temer: o equipamento não dá choque. Os impulsos elétricos são de baixa frequência e imitam nosso movimento natural do sistema nervoso de contração muscular.
Os profissionais que trabalham com a tecnologia prometem melhora significativa de desempenhos em dois meses, além de tonificação de abdômen, glúteos, braços, pernas e cinturas. Como ganho de massa muscular, perda de gordura e redução de dores nas costas são alguns dos benefícios da prática, ela é também indicada para as pessoas mais velhas ou para quem tem problemas ósseos, como osteoporose, ou para os obesos. Outra vantagem da eletroestimulação especialmente para estes últimos grupos: ela não tem impacto, portanto as articulações dos praticantes ficam protegidas.
A eletroestimulação também é procurada por atletas de várias modalidades, profissionais ou não. Para praticantes de artes marciais, é possível, com o colete especial, fazer exercícios que simulam os golpes de luta. “Como você veste o colete, é como se virasse uma ‘máquina’ e a variedade de movimentos que se pode realizar é muito próxima ou real aos movimentos de seu esporte de preferência, fazendo com que os treinos sejam muito mais divertidos, funcionais, motivantes e dinâmicos”, diz Keko Rodrigues, diretor técnico dos estúdios da TecFit no país, rede que inaugurou em 2017 e, em franca expansão, pretende chegar a 50 unidades até ano que vem. “Lesões articulares são comuns para praticantes de artes marciais e fazer uso de um método de fortalecimento muscular, que respeita as suas juntas, é de imensa valia. Além disso, é possível treinar até mesmo quando estiver lesionado, obviamente dependendo do nível da lesão.”
Claro, há poréns: a técnica não substitui treinamentos aeróbicos como corrida ou natação. Nem todo mundo pode usá-la. Há contraindicações para portadores de marca-passos, pessoas que tenham hérnias abdominais ou inguinais, portadores de patologias do sistema veno-linfático, epilepsia ou doenças cardíacas. A prática deve ser feita com você um tanto úmido: para que os estímulos elétricos sejam transmitidos pelos eletrodos, o traje especial usado é molhado antes do treino. O aluno tem fadiga muscular depois de treinar: como o trabalho é intenso, a fadiga muscular pode durar até 72 horas depois da prática. E frequentar um desses estúdios é caro – dois treinos por semana custam, em média, R$ 500 por mês.