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Os segredos do poder de nocaute de Paulo Borrachinha

Treinador de boxe e jornalista analisam por que o atleta, que veio do jiu-jítsu, virou um baita nocauteador

O mineiro Paulo Henrique Costa começou a treinar jiu-jítsu aos 12 anos, com o irmão mais velho. Em 2009, quando já era faixa roxa e tinha 18 anos, resolveu praticar muay thai e melhorar sua trocação. Ele vislumbrava um futuro no MMA.

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A ideia do atleta era não depender tanto da luta agarrada: como o combate começa em pé, ele sempre pensou em resolver logo o negócio, antes de levar o jogo para o chão.

Aparentemente, deu certo o plano de Borrachinha, apelido que ganhou porque seu irmão é o Borracha (ou Carlos Costa, até hoje seu treinador de jiu-jítsu). Em seu cartel invicto de 12 lutas, praticamente todas – com exceção de uma – terminaram com um nocaute.

Os números de Borrachinha impressionam. Nunca uma luta sua durou mais que dois rounds. Dos 12 combates que fez, em nove ele foi vitorioso ainda no primeiro assalto – sua luta mais rápida terminou em 32 segundos. O tempo médio para ele acabar com a alegria do adversário é de 5 minutos e 21 segundos.

Neste sábado, ele enfrenta o cubano Yoel Romero no UFC 241, em Anaheim, na Califórnia, numa luta pelos pesos-médios que deveria ter acontecido já em outras três ocasiões. O brasileiro é o azarão nas casas de apostas, mas pode surpreender – e por causa de seu poder de nocaute.

Mas quais os segredos dele? E como um atleta oriundo do jiu-jítsu pode ter tantos TKOs em sua carreira? Seu treinador de boxe, Edvaldo de Oliveira, o Badola, e a jornalista Bebel Guimarães, do programa MMA Alterosa, da TV Alterosa, a retransmissora do SBT de Minas, levantam quatro hipóteses.

1) Ele é muito ágil
“O Paulo Borrachinha é quase um peso-pesado, mas com a velocidade de um peso-leve. Ele é muito rápido, muito explosivo, e isso o diferencia dos outros atletas da mesma categoria”, acredita Badola.

2) Ele treina boxa olímpico
Badola diz que, quando começou no MMA, por ter muita confiança em seu poder de nocaute, Borrachinha buscava muito o confronto. “Ele ia muito para o toma-lá-dá-cá”, afirma o treinador. “Hoje, houve evolução em seu boxe. Ele continua com poder de nocaute, mas muito mais inteligente, contragolpeando mais, boxeando mais também. A minha característica é ensinar o golpe que você dê e não tome, o típico boxe amador: você golpeia e não é tão golpeado. Fizemos um trabalho em relação a isso. Para ele ter mais volume de golpes, mas quanto menos tomar, melhor vai ficar no combate.”

3) Ele tem experiência como sparring
A jornalista mineira Bebel Guimarães, que acompanha há anos a carreira de Borrachinha, acredita que, além do talento provavelmente nato para a trocação, o lutador tem bagagem – o que “contribui para seu desempenho impecável”. “Ao longo da carreira, Borrachinha teve contato com grandes referências da trocação e já foi sparring de atletas conceituados como o Vitor Belfort, por exemplo”, conta.

4) Ele é focado
Badola conta que já trabalhou com vários lutadores de MMA, mas que em Borrachinha encontrou uma determinação sem precedentes. “Ele sabe o que quer e treina todos os dias pensando em ser campeão do UFC”, diz. “Vida de atleta não é fácil. Para quem é brasileiro é mais difícil ainda: não se tem apoio, não se tem incentivo. E ele hoje tem tudo isso. Quando você chega ao patamar em que o Paulo Borrachinha está hoje, tudo vem mais fácil: patrocínio, reconhecimento. E é aí que muitos atletas se perdem, quando eles têm tudo isso nas mãos. O Paulo Borrachinha não. Ele continua na mesma humildade e com o mesmo foco.”

5) Ele confia em si mesmo
“Existe um fator que quem conhece o Borrachinha pode atestar: segurança”, diz Bebel. “Em todas as entrevistas que fizemos, foi sempre a impressão que ele me passou: a de ter uma característica psicológica de segurança. Claro, todo atleta treina e espera vencer. Mas observo nele algo meio inabalável e, ao mesmo tempo, tranquilo.”

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