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Como o norte-americano venceu a lenda brasileira do MMA em Abu Dhabi
Agora o papo é técnico. Disputa principal do UFC Fight Night 40, em Abu Dhabi, o combate entre Rodrigo Minotauro e Roy Nelson durou poucos minutos, e a vitória intensa do norte-americano teve características técnicas marcantes.
Abaixo, um ponto de vista livre sobre os detalhes que definiram vencedor e perdedor.
Tática errada?
Quem acompanha MMA sabe que Minotauro é um dos melhores finalizadores entre os pesos pesados da história do esporte. Nos poucos minutos contra Nelson, os mais ansiosos criticaram o fato de o brasileiro querer se manter demais em pé e dar sopa ao azar contra um golpeador previsível, mas sempre perigoso.
Como o combate estava previsto para cinco assaltos e o brasileiro está distante de ser um garotão, a estratégia traçada provavelmente era mas cadenciada e com tentativas de levar ao solo apenas em momentos oportunos. Não deu tempo.
Obviamente, o padrão de striking de Minotauro sempre foi secundário. Se puxarmos pela memória, a atuação contra Brendan Schaub, no UFC Rio 1, em 2011, quando venceu por nocaute, foi o mais recente lampejo técnico de striking do atleta poderia ser confiável. Na ocasião, Minotauro acertou a distância, fez o adversário recuar e chegou ao nocaute de forma fulminante.
Cabeça baixa
Como boa parte dos pesos pesados, Minotauro já havia demonstrado em outras oportunidades pouca mobilidade do tronco nas ações de boxe, lateralmente ou em formato de pêndulo. Os recursos são usados para criar ângulos mais eficientes de ataque, além de facilitar defesas e esquivas.
O primeiro erro contra Roy Nelson não foi exatamente a ausência de movimentação - o brasileiro até pareceu estar mais solto do que o de costume no octógono -, mas sim abaixar demais a cabeça quando o combate descambava da média para a curta distância, território no striking em que o ‘gordinho’ se sente mais confortável para desenvolver o jogo.
Nelson tem padrão de boxe baseado muito mais potência do que no volume de golpes. Ele capitaliza os ataques mais fortes quase exclusivamente com o braço direito. Assim, logo conseguiu conectar o uppercut seguido de cruzado, que cravou o primeiro knockdown.
No começo da luta, Minotauro até esboçou movimentação bem treinada para não ir de encontro aos do adversário (no caso, sempre buscando sair para a direita), mas toda e qualquer estratégia foi por água abaixo após ser fortemente golpeado no queixo pela primeira vez.
Paulada clássica
O overhand (também chamado de swing), golpe que é verdadeira convenção no MMA é uma das marcas registradas mais inerentes no estilão inusitado de Roy Nelson. E isso definiu a luta.
Após minar o adversário com os primeiros golpes no queixo, Nelson teve paciência par esperar o momento certo e liquidar a fatura com um overhand clássico, angulado como manda o riscado. Nada a ver com o tal ‘mata-cobra’ – ou a popular ‘mãozada’ – jogada de qualquer jeito.
O golpe derradeiro, em três tempos:
1 - Nelson cerca e força Minotauro recuar e baixar a guarda pelo octógono.
2 - O norte-americano espera o jab e escapa rapidamente do golpe.
3 - Em seguida, angula a passada de esquerda em diagonal e atinge com a mão direita debaixo para cima, que explode no queixo do brasileiro.