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Papo técnico: O pesadelo de Erick e o triunfo do Imortal

Detalhes e consequências que ditaram vencedor e perdedor no Fight Night Cincinnati



Erick Silva x Matt Brown. O combate principal do Fight Night Cincinnati teve um dos primeiros rounds mais movimentados dos últimos tempos, seguido de um monólogo de quase dez minutos de pancada.

O brasileiro começou bem e fez o adversário dobrar com golpes no tronco, mas acabou engolido pela ofensividade do 'Imortal', que teve dentes cerrados de sobra para reverter a desvantagem inicial e garantiu vitória por nocaute técnico no terceiro round. A seguir, mais uma análise livre com tópicos que definiram destinos na noite de combates.

Bico aberto
Cadenciar lutas com inteligência para fazer valer a explosão de golpes em momentos oportunos ainda é considerado o grande segredo para Erick melhorar a consistência  dentro do octógono. Ao cansar e perder o fio da meada contra Matt Brown, o brasileiro desta vez sofreu na pele as consequências.

Além da disputa direta para impor habilidades técnicas, o MMA moderno se torna uma batalha cada vez mais intensa por atleticismos. Cansar precocemente contra um adversário que anda para frente o tempo todo como Brown foi o começo do pesadelo para o lutador capixaba.

Erick não suportaria a bateria de golpes que sofreu se não estivesse com um condicionamento geral aceitável. Mas já tivemos outros exemplos de que o problema do ‘gás’ é algo fortuito em atletas de alto rendimento. Pode ser  sequelas de overtraining (foi a primeira vez que Erick se preparou para cinco assaltos), ou mesmo os cortes mais abrupto de peso, que bagunçam o metabolismo. 

O fato é que Erick precisava de um nível de resistência confiável para se movimentar lateralmente e amenizar a agressividade natural de Brown. O norte-americano soube aproveitar as virtudes físicas para se recuperar dos momentos iniciais ruins, e gradativamente atestou o maior volume de luta.

Domínio
Com as costelas prejudicadas, Brown adotou 'medidas emergenciais' para tentar liquidar o combate o mais rápido possível. Puro instinto.

Ele pressionou o capixaba contra as grades do octógono sistematicamente, abusou de joelhadas, cotoveladas verticais e laterais nos clinches, com intenção de ferir para valer o brasileiro.

Exausto e sem conseguir ou mesmo movimentar o tronco para amenizar golpes, Erick trançava as pernas ao recuar, e apenas cobria o rosto com as luvas para tentar absorver o castigo.

Detalhes
Outra marca registrada nas performances de Brown que apareceu contra Erick foi usar a boa envergadura para tocar e segurar constantemente as mãos do adversário. O controle do braço/pulso é feito tapear e incomodar o adversário - puxar com uma mão e golpear com a outra - por exemplo, ou controlar distâncias e construir vantagens nos clinches.

No solo, o Imortal aproveitou a deixa contra um oponente praticamente entregue e usou tudo o que tinha para exercer domínio. Socos, cotoveladas, montadas, triângulo invertido e chaves de braço.

Quase
Nos instantes iniciais, Erick acertou fortes chutes médios que atingiram as costelas e a boca do estômago de Brown. O norte-americano se contorceu todo, foi ao solo e por muito pouco não acabou finalizado por um mata-leão.

Quando um lutador sente algum golpe, a reação mais natural é tentar esconder ou bloquear o lugar atingido com alguns recursos, como trocar de base ou fechar mais a guarda. Brown demonstrou dor, mas não fez nada disso para mudar a estratégia. O problema foi que Erick não soube aproveitar a deixa.

Após perceber que o oponente sentiu algum golpe, o mais indicado sempre é puxar o combate para o centro da arena de luta, diminuir a movimentação e ficar mais 'plantado', na tentativa de escanear o melhor ângulo para aplicar outros golpes fortes em cima da parte afetada.

Como Erick rapidamente ficou extenuado, perdeu qualquer senso de raciocínio para prosseguir com a tática e ligou o botão de sobrevivência até onde aguentou.