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Obediência tática e golpes básicos foram diferenciais na vitória do brasileiro
Quando a pesagem do UFC Orlando apontou Fabrício Werdum com 105.4 kg e o havaiano Travis Browne com 111, muita gente levantou a sobrancelha e achou o brasileiro 'leve' demais para a colisão de gigantes.
Mas o desenho do combate mostrou que o bom nível de obediência tática do gaúcho aliado a uma receita bem treinada de golpes básicos foram diferenciais para extenuar gradativamente o adversário e fazer técnica vencer a força bruta.
O desafio acabou marcado pela dominância de Werdum em 25 minutos e a capacidade monstruosa do havaiano absorver golpes (ele terminou a luta com dedo quebrado e costela seriamente lesionada).
Antes do combate, Werdum disse ao UFC que a tática para o desafio seria mais cadenciada e toda pensada para conter o ímpeto inicial de Browne. O brasileiro também demonstrou cansaço nos primeiros assaltos, mas soube se recuperar para impor seu jogo. Vamos aos detalhes mais marcantes.
O terror do chute médioMuitos treinadores ressaltam que os chutes no tronco, além de uma das formas mais eficientes para abalar o nível de resistência, atuam como um tipo de ‘barreira psicológica’ para que o adversário redobre a cautela, ficando condicionado abaixar as mãos para se defender, e assim abrir brechas na guarda.
Ao ver Browne cansado, Werdum aproveitou pra colocar bons chutes médios em diversas oportunidades para minar de vez o havaiano. Os números mostram que o brasileiro acertou pelo menos oito golpes significativos, entre chutes e socos, no tronco.
Grappler experiente, nas ações de solo Werdum também tratou de colocar Browne com as costas no chão, deixar as pernas do adversário esticadas e jogar o peso do corpo todo sobre ele.
No narizTravis Browne nunca foi um exemplo de peso pesado mais ágil. Ao ‘abrir o bico’ logo no primeiro assalto, rapidamente virou um alvo fixo.
Sem movimentação lateral ou de tronco para amenizar ataques do adversário, foi pego diversas vezes. Werdum usou a maior velocidade para pontuar com sequências de socos rápidos.
Logo, Browne estava com o nariz arrebentado, o que acabou com o controle de respiração. Os únicos lampejos de reação do havaiano vinham com overhands de direita, jogados de qualquer maneira.
A partir daí, entrou em ação a fórmula de jabs disparados por Werdum, que funcionou como devia neste sentido, sobretudo no terceiro e quarto assaltos, onde seguiu massacrando o nariz e o rosto do barbudo até o fim da luta.