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Entrevistas

Passamos um dia nos treinos de Charles do Bronx

Como está a preparação do recordista de finalizações do Ultimate para o UFC Brasília? Passamos um dia com ele para descobrir

Charles Oliveira é atualmente um dos lutadores mais embalados em todo o plantel do Ultimate. Entre junho de 2018 e novembro de 2019, ele entrou no Octógono seis vezes e conquistou seis vitórias - quatro finalizações e dois nocautes - quebrando, no processo, o recorde de maior número de finalizações na história da organização: hoje, já são 13.

Como é que o atleta de 30 anos, que em 2020 completa uma década de Ultimate, conseguiu finalmente dar o próximo passo e se juntar à elite da divisão peso-leve, uma das mais competitivas do esporte? De acordo com seu treinador Diego Lima, não aconteceu de uma hora para outra, mas foi o resultado de um processo que só se materializou devido ao comprometimento e o talento especial de seu aluno.

“Para mim, ele é uma pessoa diferenciada”, disse Diego, “Ele é uma das pessoas mais talentosas que já vi em toda minha vida. Por mais que eu seja suspeito para falar, é impressionante. Tudo o que você fala, passa ou mostra para ele, no treino seguinte, ele faz naturalmente. Ele é uma evolução constante, a cada dia que passa, ele está melhor”.

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O ótimo momento de Charles foi reconhecido pelo Ultimate, que para seu primeiro combate em 2020, lhe concedeu a maior oportunidade da carreira: a luta principal do UFC Brasília, no dia 14 de março, contra o atual 8º colocado no ranking dos 70 Kg e ex-postulante ao cinturão interino da divisão, Kevin Lee.

E foi a preparação para este duelo que levou a equipe do UFC a visitar a academia Chute Boxe, na zona sul de São Paulo, para acompanhar um dia de treinos do brasileiro.

No dia em questão, a rotina do lutador começou com uma viagem de sua casa, no Guarujá, litoral paulista, até a capital, trajeto que ele percorre todos os dias, com ou sem luta marcada, como explicou Diego Lima: “Como ele mora no Guarujá, às vezes o trânsito está muito intenso e ele não consegue vir, mas ele só não vem quando acontece alguma coisa; quando está tudo normal, ele vem para treinar e também para ajudar todo o time".

O time conta com outros atletas sob contrato com o UFC, como o meio-médio Laureano Staropoli, o peso-galo Thomas Almeida, a peso-mosca Mayra Bueno (que não foi ao treino na ocasião específica devido a compromissos pessoais), e nomes como os ex-participantes do Contender Series Gustavo Gabriel e Allan Nascimento, além de outros destaques do cenário local.

E foi com esses parceiros de treino que Charles passou por uma sessão de sparring dividida em rounds de três minutos, intercalados por intervalos de 30 segundos a um minuto, atividade que durou mais de uma hora, e foi apenas o começo de um longo dia de preparação, como contou o próprio “Do Bronx”.

"Estou fazendo de quatro a cinco treinos por dia, treinando como um louco, como nunca treinei. Sempre me cobrando, sempre querendo mais. Ontem fiz um treino de musculação como nunca fiz, querendo pegar mais força, mais força. Quero estar pronto. Saio de um treino, já quero outro. Ontem bati manopla três vezes: aqui, na minha academia e em casa. Sempre querendo ter mais gás, mais força, tentando desfocar de tudo que não seja treinar".

A intensidade da preparação é o reflexo de um atleta que se vê a pouco mais de seis semanas da grande oportunidade de sua carreira até aqui. E nesta etapa final de training camp, os treinos sofrem pequenas alterações, conforme disse Lima.

"Agora, nosso treinamento começa a dar ênfase no adversário. Ele mantém os treinos de jiu-jítsu, muay thai, boxe, sparring, tudo normal, só que agora nossos companheiros de treinos começam a fazer mais o jogo do Kevin Lee”, contou, “Por exemplo, na última luta dele (contra Jared Gordon), a gente conhecia o adversário e treinamos muito o golpe de encontro, que foi no que ele acabou conseguindo o nocaute. Contra o Nik Lentz, aquela segurada de perna em que ele já saía batendo. Então a gente começa a tentar chegar o mais perto possível do que a gente acredita que vai acontecer na luta por parte do adversário".

Conhecido principalmente por seu wrestling, Kevin Lee, que detém vitórias sobre nomes como Edson Barboza, Michael Chiesa, Francisco Massaranduba entre outros, voltou ao peso-leve em sua mais recente luta após breve passagem pela divisão dos meio-médios, e impressionou mostrando outra faceta de seu jogo ao nocautear, com um chute alto, o então invicto prospecto da categoria, Gregor Gillespie.

Tanto Charles, quanto Diego, demonstram respeito às qualidades do oponente, mas total confiança de que o paulista será capaz de superá-lo.

“É um cara duríssimo, mas é um cara que tem muitas brechas”, apontou Do Bronx, “Ele é um cara que vem muito forte no 1º round, que usa bastante a parte agarrada, o wrestling dele, e depois vai caindo o ritmo. A gente tem que saber que são cinco rounds, não tem pressa. Eu quero fazer uma luta impecável, 'tirar ele para nada'. O foco para essa luta vai ser ter calma".

"Eu acho o Charles um lutador mais completo que o Kevin Lee, um lutador mais técnico em todas as áreas. Só que o Kevin Lee é um cara mais forte, tanto que subiu para os meio-médios. Mas acredito que o Charles tem tudo para trazer essa vitória de uma forma muito bonita", completou Lima.

Se eles se provarão certos, e se o atleta da Chute Boxe chegará ao 7º triunfo consecutivo, entrando definitivamente no Top 10 dos pesos-leves e ficando mais próximo que nunca de uma disputa pelo cinturão que hoje pertence a Khabib Nurmagomedov, isso será decidido no dia 14 de março, na luta principal do UFC Brasília.

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