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Mais um peso pesado chega para fazer barulho no UFC, trata-se de Antônio Silva (16-3-0), o Pezão, um gigante de quase dois metros de altura (1,94cm). Dócil entre os amigos, Silva encarna o espírito de Pé Grande dentro dos cages, feroz e agressivo. O primeiro a sentir sua força no Octógono vai ser o ex-campeão pesado Cain Velasquez (8-1), no UFC 146, mesmo evento em que Junior "Cigano" dos Santos defende o cinturão de pesados contra o também ex-campeão Frank Mir e o o vencedo do TUF 10, Roy Nelson encara Dave "Pee Wee" Herman, com Stefan Struve contra "Big" LaVar Johnson completando o card principal. Ou seja, a noite do dia 26 de maio, em Las Vegas, promete fortes emoções.
Brasileiro nascido em Campina Grande, na Paraíba, Antônio "Pezão" Silva teve a luta como grande aliado para enfrentar os problemas na infância. Aos 4 anos de idade, Pezão tinha muita dificuldade de se comunicar e era extremamente hiperativo. Seu pai o levou ao médico, que indicou a prática de esportes para gastar energia e se socializar. Num certo dia, assistiu a uma apresentação de karatê e logo despertou o interesse pelas artes marciais. Pediu ao pai seu primeiro kimono e, ainda aos 4 anos de idade, entrou num caminho sem volta. Pezão seria lutador.
Aos 17 anos, o jiu-jitsu passou a ser a nova paixão. Por conta de toda a história da família Gracie, Silva decidiu experimentar a modalidade de chão. Conheceu o professor Eli Vanderlei e não mais parou. Com dificuldade de participar das grandes competições, centralizadas em cidades como o Rio de Janeiro, Pezão se restringia a torneios na região Nordeste e por lá conquistou muitas medalhas nos tatames. A primeira delas com poucos dias de treino, depois de três combates bem sucedidos.
No entanto, o sonho de ser lutador teria ficado em segundo plano se não fosse a ajuda do professor Eli Vanderlei. Pezão teve filho aos 19 anos. Para sustentar a família, foi auxiliar em vendas de automóveis, segurança de boates e até segurança de carros fortes, segundo ele, um emprego mais tenso que o MMA. Mas o mestre de jiu-jitsu colocou Silva novamente no caminho das artes marciais. Eli tinha convicção de que o aluno seria um grande campeão e organizou um evento para que Pezão fizesse sua estreia, combate que não aparece no cartel oficial do brasileiro. Enfim, o triunfo por nocaute veio e Pezão percebeu que aquele era o seu dom. Através de Mario "Sukata" Neto, outro expoente do Nordeste do Brasil e veterano do UFC, surgiram as oportunidades internacionais. O dinheiro era curto e, para se preparar dignamente, o brasileiro vendeu seu único bem, o carro, um Fusca. Na Inglaterra, conquistou vitórias importantes em organizações como Cage Rage e Cagewarriors FC. Foi na Inglaterra também que deu início à amizade com Minotauro Nogueira, que o ajudou num momento de dificuldade, sem ao menos o conhecer. Não é por menos que Pezão dedicou a sua maior vitória a Minota, quando nocauteou Fedor Emelianenko no Srikeforce, em fevereiro de 2011.
Depois das lutas na Inglaterra, Pezão seguiu com vitórias importantes como a contra o também gigante Tom "Big Cat" Erikson, em 2006, no K-1 Hero's. Logo após isso, conheceu seu primeiro revés no Canadá, pelas mãos de um oponente com sobrenome sugestivo, Eric Pele. Já nos Estados Unidos, passou a ser conhecido através do EliteXC. Depois de três triunfos, inclusive contra o ex-campeão do UFC Ricco Rodriguez, encarou Justin Eilers pelo cinturão peso pesado. O nocaute no dia 26 de julho de 2008 valeu o título.
Em seguida, acabou testando positivo no exame antidoping. No entanto, o lutador contesta até hoje o resultado. Por um problema chamado acromegalia, um tumor que fica na hipófise e altera o crescimento, Pezão produz GH em quantidade muito maior, chega a ser dez vezes mais que uma pessoa normal. Atualmente, para manter o GH num nível aceitável, necessita de acompanhamento médico e uma injeção por mês para não desregular a produção hormonal.
Pezão conseguiu mais duas vitórias importantes no Japão, no Sengoku, e voltou a se apresentar nos EUA no Strikeforce, onde acumulou derrotas para Fabrício Werdum e Daniel Cormier, mas bateu oponentes poderosos como Andrei Arlovski, Mike Kyle e Fedor Emelianenko.
Com 11 nocautes e três finalizações computadas no cartel, agora Pezão parte para o maior desafio: quer ser campeão peso pesado do UFC. Tarefa dura, mas nada é totalmente impossível para quem saiu da pequena Campina Grande, na Paraíba, e ganhou o mundo através dos punhos. Pezão também quer ser gigante no UFC, e o ex-campeão Velasquez pode pagar caro por isso. Aguardem os próximos capítulos desta saga...