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“Pessoas ‘comuns’ são as que mais têm a ganhar com o crossfit”, diz coach da modalidade de Polyana Viana

A atleta, que luta neste fim de semana no UFC 248 contra Emily Whitmire, usa o crossfit para melhorar sua força e potência

Uma das perguntas que Pedro Ivo, head coach da Inox Crossfit, mais ouve de pessoas que entram em sua academia é se a modalidade provoca lesões. A resposta dele costuma ser direta e simples: “Sim”. Mas ela vem com um adendo: “O Crossfit lesiona como qualquer outra atividade física”, afirma Pedro. “De modo que a pergunta certa é: Crossfit lesiona mais do que outras atividades? E a resposta para ela é um sonoro ‘não’.”

Foto por Victor Freitas / Unsplash



Pedro – que usa os movimentos do Crossfit como base para seu treinamento desde 2007 e o método propriamente dito desde 2012 – afirma que a maneira correta de se comparar atividades diferentes em relação às lesões que elas provocam tem um nome: incidência de lesões (IL).



“A IL é calculada dividindo-se o número de lesões de um grupo de praticantes em determinado período de tempo pelo total de horas praticadas nesse período”, explica. Ela é expressa em número de lesões para cada mil horas praticadas. Diversos estudos têm sido publicados nos últimos cinco anos avaliando a IL no Crossfit.



“Os resultados indicam que o Crossfit apresenta um IL entre 2 a 4 lesões/1000h. Para fins comparativos, uma meta-análise com revisão sistemática da literatura sobre IL na corrida encontrou valores estimados de 7,7 lesões/1000h em corredores experientes e 17,8 lesões/1000h em iniciantes”, afirma o coach.



Pedro diz mais: em geral, o Crossfit apresenta uma IL mais baixa do que as provocadas por esportes como futebol, vôlei e basquete, entre outras. “Importante registrar que os estudos demostram claramente que lesões severas são raras no Crossfit”, ele conta.

Foto por Denise Esteves | Reprodução Instagram 



Localizada no Clube Oásis, na Barra da Tijuca, a Inox CrossFit é uma academia procurada por vários atletas de MMA. Além de Polyana Viana, que a frequenta há quatro anos, desde que foi do Pará pra o Rio de Janeiro, Thiago Marreta já fez parte de sua preparação para uma luta com seus profissionais. A aproximação dos dois universos começou a ocorrer por intermédio de Fabio Gilho, antigo sócio de Pedro Ivo, que foi preparador físico de vários atletas da Team Nogueira. Os lutadores da TFT, como Polyana, que também fica no Oásis, passaram a frequentar a academia.



“O treino para eles precisa ser adaptado, isso é fundamental”, explica Pedro. “Há muitos movimentos do Crossfit que só interessam a atletas de Crossfit. A complexidade técnica deles os torna mais arriscados para atletas de outras modalidades.” Além disso, segundo Pedro Ivo, o Crossfit costuma deixar os atletas com muita dor muscular tardia em função da grande variedade de movimentos – isso é ruim para lutadores de MMA, porque prejudica o treino principal deles.



Os treinos para Polyana, portanto, são menos variados. “Nosso foco acaba sendo a força básica e a potência, pois é em que o Crossfit pode mais ajudar. Exercícios como agachamento (squat), levantamento terra (deadlift), desenvolvimento (press) e puxada na barra (pull up) são a base de qualquer preparação de força e são amplamente explorados.”



Além disso, os lutadores fazem muitos saltos, exercícios com kettlebell, wall ball e, principalmente, os de levantamento de peso olímpico, “excepcionais para trabalhar a potência muscular”, diz o coach.

E os benefícios para pessoas “comuns”, como você e eu? “Elas são as que mais têm a ganhar com o Crossfit”, garante Pedro Ivo. Ele explica que, enquanto alguns programas de treinamento dão foco em uma ou duas valências físicas (corrida, por exemplo, desenvolve muito bem a aptidão cardiovascular e deixa de fora muitos aspectos importantes da aptidão física), o Crossfit é um programa generalista. “Isso significa que ele busca trabalhar de forma equilibrada todas as valências.”



Pedro conta que um praticante de Crossfit consegue, assim, benefícios para a força e potência (típico de programas de musculação), para o condicionamento aeróbio e anaeróbio (típico de atividades como corrida, spinning entre outros) e de mobilidade (típico de atividades como ioga e pilates), entre vários outros. “Para o nosso dia a dia, é fundamental que existe um equilíbrio entre essas diversas valências físicas.”



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