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Não sou eu nem Anderson Silva quem está afirmando que lutadores canhotos são melhores do que os destros. É a ciência. Uma pesquisa recente feita pela Universidade de Manchester mostrou a razão disso: os canhotos são capazes de pegar os destros desprevenidos. Mas não é só isso. De acordo com a pesquisa, os destros também não são tão eficientes quando lutam com canhotos.
Para chegar a essa conclusão, o biólogo evolucionista Thomas Richardson analisou o desempenho de milhares de pessoas. Sem exagero: ele mergulhou sobre a forma de atuar de 9800 lutadores de artes marciais mistas e de boxe, mulheres e homens.
Incontáveis estudos de vários campos do conhecimento – da biologia evolucionista à psicologia, da neurologia à antropologia, da genética à neurobiologia – já foram feitos para explicar por que 10% da população é canhota. Não há nenhuma resposta conclusiva. O fato é que esse percentual mantém-se praticamente o mesmo ao longo dos séculos.
Em 1996, um cientista criou uma teoria que batizou de “hipótese da luta”. Segundo ele, a estabilidade dos canhotos na humanidade se dá porque eles têm uma vantagem quando entram em combate. Como os destros são muito mais numerosos, eles acabam se deparando com uma situação não muito familiar quando enfrentam um canhoto – que, por sua vez, está bastante acostumado a enfrentar destros. Por isso o gene do canhotismo conseguiu sobreviver mesmo durantes os tempos mais violentos da nossa história.
O pesquisador Thomas Richardson descobriu agora que os lutadores que batem melhor com a mão esquerda tiveram um desempenho mais eficiente do que o dos destros. Resultados aleatoriamente selecionados mostram que eles ganham 54% das lutas. “É um pequeno efeito, mas é significativo”, afirmou o cientista.
Além disso, eles estão super-representados no MMA. Isso quer dizer que, proporcionalmente, há mais canhotos lutadores do que canhotos na população. Enquanto na população a taxa de pessoas que é mais eficiente com a mão esquerda gira em torno de 10%, entre os lutadores ela é de 18,7%.
“Os canhotos tendem a ter um baixo peso ao nascer, uma menor expectativa de vida e podem apresentar risco de doenças mentais como a esquizofrenia”, afirma ele. Era de se supor, portanto, que a seleção natural eliminaria o canhotismo ao longo do tempo. Mas não. E a pesquisa de Thomas pode ser a resposta para isso. “Apresentamos fortes evidências de que os lutadores canhotos mostram de fato maior sucesso no combate, consistente com a ‘hipótese da luta’.”
Será que Anderson Silva, que é destro para as atividades do dia a dia e mudou sua forma de lutar para o canhotismo, já sabia disso?
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