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Preview UFC 196, por Alexandre Matos

 Alexandre Matos é fã de todos os esportes de combate e fundador do site MMA Brasil. Ele estará aqui toda semana para comentar e palpitar os eventos.



As discussões sobre a derrota de Anderson Silva em Londres ainda nem arrefeceram e a mira dos fãs já tem que apontar para o outro lado do Atlântico. No próximo sábado, a MGM Grand Garden Arena, em Las Vegas, vai receber o muito aguardado UFC 196, puxado por duas lutas de alto calibre e mais quatro brasileiros em ação.

Esta será apenas a quarta vez na história do UFC em que uma disputa de cinturão não será a luta mais importante da noite. Isso graças a Conor McGregor. O nome mais quente da atualidade subirá duas categorias para encarar Nate Diaz. Antes deles, Holly Holm colocará seu título do peso galo feminino em jogo pela primeira vez diante de Miesha Tate.

Dentre os brasileiros, Amanda Nunes abrirá o card principal contra Valentina Schevchenko. Nas preliminares, Erick Silva encara Nordine Taleb e Vitor Miranda faz duelo caseiro contra Marcelo Guimarães.

Confira a seguir uma prévia do que poderemos ver nos combates acima e os palpites para cada um dos duelos.

Peso Meio-Médio: Conor McGregor vs. Nate Diaz


Quando o irlandês disse que a divisão dos penas se chamaria Peso McGregor, muitos riram da cara dele. Resultado: seis lutas depois, ele escalou o ranking como um foguete até tomar o cinturão de José Aldo, então o campeão mais dominante do UFC, num nocaute em 13 segundos, o mais rápido da história das disputas de título da organização.

Do outro lado, um lutador que andou se sentindo desmotivado desde que perdeu a disputa do cinturão dos leves. Em duas atuações apáticas, Diaz sofreu o primeiro nocaute da carreira contra Josh Thomson e levou uma surra do atual campeão Rafael dos Anjos. Em seu último compromisso, no entanto, o americano voltou à velha forma na surpreendente vitória sobre Michael Johnson.

Os fãs ficaram muito ouriçados com o anúncio deste combate porque se trata de dois provocadores profissionais, cada um a seu modo. Nate falou cobras e lagartos ao vivo na TV aberta em sua última luta, xingando McGregor. Conor comprou o tumulto, devolveu fogo verbal e quase que ambos chegaram às vias de fato na encarada após a coletiva de imprensa nesta quinta-feira, quando o europeu deu um soco no braço do americano.

Além das confusões extra-octógono, o duelo também atrai interesse pelo enorme potencial de ação. Tanto Conor quanto Nate são strikers por natureza, o primeiro baseado no caratê e taekwondo, o outro com maior ênfase no boxe. Os estilos também são distintos: enquanto McGregor investe na precisão e na capacidade ímpar de definição, Diaz não deixa os adversários respirarem com um volume enorme de socos de toda sorte, inclusive tapa na cara e dedo apontado para o nariz do infeliz, que vai se perdendo de raiva no meio da luta.

Tirar do sério um lutador frio como McGregor será a principal missão de Diaz para vencer o combate. Como ele tem vantagem na altura e no alcance, espera-se que já coloque pressão desde o começo para não deixar o irlandês ficar à vontade. Porém, Nate não estava treinando regularmente e foi convocado há apenas 10 dias. A aposta é que seu ritmo não aguente os 25 minutos de luta e ele sucumba pela via rápida dolorosa.

Palpite: Conor McGregor por nocaute técnico.

Cinturão Peso Galo Feminino: Holly Holm vs. Miesha Tate


A passagem de Holm do boxe para o MMA levantou a curiosidade de muita gente – eu cheguei a apontar que talvez estivesse ali a pessoa que destronaria Ronda Rousey. No entanto, Holm sentiu a pressão do favoritismo e estreou mal, vencendo com dificuldade a mediana Raquel Pennington. Mesmo a vitória dominante sobre Marion Reneau não foi suficiente para recuperar as expectativas. Ledo engano. Com uma das atuações individuais mais brilhantes que o octógono já viu, Holm implodiu Rousey no segundo assalto e deixou o mundo de queixo caído.

A vitória de Holm caiu como uma luva também para Tate, que já havia sido derrotada inapelavelmente duas vezes pela agora ex-campeã e não conseguia se reposicionar como desafiante mesmo depois de quatro vitórias seguidas, duas delas contra oponentes que disputaram o cinturão – Tate chegou a ter a terceira luta contra Ronda anunciada, mas perdeu a vaga exatamente para Holm. Como a campeã mudou, Miesha retorna para tentar a coroa que foi sua nos tempos de Strikeforce.

A tendência é que as pessoas pensem que esta luta será fácil para Holm. Afinal, quem deu uma surra daquela magnitude na mais dominante lutadora do plantel não seria derrotada por alguém que Ronda passou por cima duas vezes. No entanto, essa é uma afirmação perigosa.

Estilos fazem lutas e Miesha tem uma postura fundamentalmente diferente de Ronda: enquanto ambas são agressivas na abordagem rumo ao corpo a corpo e às quedas, Rousey chega mais plantada, enquanto Tate ataca as pernas, numa diferença entre o judô e o wrestling. Holm teve êxito em quase todas as tentativas de negar as quedas de Ronda, mas terá que trabalhar de outro modo para evitar que Miesha a leve ao chão.

A questão é que, na troca de golpes em pé, a diferença técnica é absurda a favor da campeã, a mais laureada boxeadora profissional de todos os tempos. Se Holm conseguir impor sua movimentação, especialmente a lateral, e dominar o controle da distância, estará configurado outro potencial passeio. Provavelmente Miesha vai derrubar e trabalhar no solo, mas espera-se uma campeã bem preparada para fazer a luta voltar logo à sua zona de conforto.

Palpite: Holly Holm por decisão.

 

Peso Galo Feminino: Amanda Nunes vs. Valentina Schevchenko

Na fila pelo posto de desafiante número um, Ronda Rousey é a principal após Miesha Tate. Atrás dela vem Amanda. A baiana se recuperou da derrota para Cat Zingano vencendo Shayna Baszler e Sara McMann, alcançando assim quatro vitórias em cinco lutas no octógono mais famoso do mundo. Uma experiência bem maior que a de Shevchenko, que venceu Sarah Kaufman em sua única aparição no UFC.

Assim como na disputa do título, aqui teremos um duelo de estilos. Nunes é fisicamente muito forte e usa esta característica num jogo brutal de clinch, seja no dirty boxing ou na disputa de força isométrica que tem como destino derrubar e cair por cima metralhando no ground and pound. Já Valentina é uma striker de elite. Filha de uma faixa-preta terceiro dan de taekwondo, a lutadora do Quirguistão tem incontáveis títulos mundiais no muay thai – só na Federação Internacional de Muay Thai Amador são 9 – e já venceu inclusive Joanna Jedrzejczyk, campeã peso palha do UFC.

O velho chavão “vence quem conseguir impor sua vontade” tem força nesta disputa. Se Amanda buscar o combate corpo a corpo, terá que lidar com o thai clinch demoníaco de Valentina, repleto de joelhadas e cotoveladas. Na longa distância, a brasileira é uma das mais potentes da divisão e vem mostrando desenvoltura na movimentação, mas a adversária está num nível acima e Nunes já mostrou outras vezes que o compartimento de gás não é tão extenso.

Esperem por um primeiro round muito movimentado e equilibrado. Com o passar do tempo, Valentina deve se impor com um sistema defensivo mais sólido enquanto desgasta a brasileira no thai clinch.

Palpite: Valentina Schevchenko por decisão.

 

Peso Meio-Médio: Erick Silva vs. Nordine Taleb

 

Muitos fãs brasileiros acreditaram que Erick seria o novo fenômeno do MMA no país. Porém, uma incrível gangorra de resultados não deixam o capixaba avançar. Quando finalmente conseguiu duas vitórias consecutivas, ainda que sobre dois lutadores que nem mais fazem parte do plantel do UFC, Silva acabou sucumbindo ao consistente Neil Magny. Por outro lado, a finalização sofrida para Warlley Alves é a única derrota de Taleb em quatro lutas no UFC.

Talento não falta a Erick. O camarada tem um muay thai explosivo, ótimo sistema de defesa de quedas e seu jiu-jítsu é 100% orientado ao ataque. Os problemas que travam a evolução do brasileiro são o condicionamento cardiorrespiratório precário e a incapacidade de sustentar bons planos de jogo. Já Taleb é seu oposto: não é conhecido pelo atleticismo ou potência, mas é muito duro na luta agarrada, tem capacidade para arrastar os oponentes a águas profundas e limitar seus campos de ação. Além disso, o canadense aguenta tranquilamente atuar por 15 minutos mesmo em combates onde se faça muita força.

Tentar prever o que pode acontecer neste combate é complicado. Erick pode dar cabo de Taleb em segundos se acertar uma pedrada ou pode também pegá-lo numa contraqueda e finalizá-lo. Também é bem possível que Taleb encontre o tempo de entrada e trave o oponente na grade, fazendo com que o condicionamento de Silva despenque. Jogue uma moedinha para o alto e decida entre nocaute de Erick ou decisão para Taleb. Como eu não posso ficar em cima do muro…

Palpite: Nordine Taleb por decisão.

 

Peso Médio: Vitor Miranda vs. Marcelo Guimarães


Vice-campeão do TUF Brasil 3 como peso-pesado, Vitor se recuperou da derrota na final com dois nocautes de virada sobre Jake Collier e Clint Hester. O “Magrão” também tem duas vitórias e uma derrota, mas alternou os resultados depois de estrear batendo Dan Stitgen, ser nocauteado por Hyun Gyu Lim e vencer outra decisão dividida contra Andy Enz.

Você disse confronto de estilos? Quase isso. Miranda é um lutador de muay thai de mão cheia, vencedor de duas etapas do circuito do K-1. Porém, treinando no Team Nogueira há alguns anos desenvolveu um jogo interessante no solo, perigoso na meia guarda ou quando cai por cima. Enquanto isso, Marcelo traçou caminho oposto, saindo de um grappler competente, faixa-preta de jiu-jítsu com títulos de wrestling nos estilos livre e greco-romano, para um lutador que se vira bem em qualquer aspecto, ainda que não seja um virtuoso em nenhum ramo específico.

Um ponto em que Vitor leva vantagem é no ritmo de luta. Por conta de lesões, “Magrão” não atua há quase dois anos, enquanto o catarinense fez duas lutas desde então. Quando as portas do octógono se fecharem, espera-se que Miranda tenha o controle das ações na longa distância e negue a maioria das tentativas de queda de Guimarães.

Palpite: Vitor Miranda por decisão.

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