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PREVIEW UFC 201, por Alexandre Matos

Alexandre Matos é fã de todos os esportes de combate. Ele estará aqui toda semana para comentar e palpitar os eventos


O próximo sábado (30) fecha o mês de julho, o mais movimentado da história do UFC. A Philips Arena, em Atlanta, será sede do UFC 201, evento que traz o retorno do mais intimidador campeão da atualidade, além de alguns duelos importantes espalhados do peso palha ao pesado.
Polonesa busca vingança | Namajunas pronta para atender expectativas | Lawler, O "Impiedoso" | Assine o Combate
O evento será liderado pela terceira defesa do cinturão dos meios-médios. O campeão Robbie Lawler encara Tyron Woodley, que ganhou o posto de desafiante de um modo pouco comum.

Além da luta principal, destaca-se o confronto entre Rose Namajunas e Karolina Kowalkiewicz, que pode definir a próxima na fila para o título do peso palha, além de Matt Brown contra Jake Ellenberger, duelo de veteranos também na divisão dos meios-médios.

Vamos ver o que estes combates reservam para os fãs de MMA?

Cinturão Peso Meio-Médio: Robbie Lawler vs. Tyron Woodley

Desde que retornou ao UFC, Lawler tem oito vitórias em nove lutas – a única derrota foi vingada. Em disputas de título, ele tem três vitórias em quatro tentativas. No entanto, todos os triunfos decididos pelos juízes (sobre Johny Hendricks e Carlos Condit) foram controversos e a vitória por nocaute (Rory MacDonald) aconteceu numa virada no quinto round, depois de ter perdido três dos quatro anteriores.

Mas quem liga para isso? 


Lawler é, hoje, o mais intimidador campeão do MMA mundial e provavelmente o mais divertido de se ver em ação. Ele fez a luta do ano de 2014 (derrota para Hendricks), de 2015 (vitória sobre MacDonald, uma das mais sensacionais lutas de todos os tempos) e até agora a de 2016 (vitória sobre Carlos Condit). Para completar, venceu todos os quintos assaltos que disputou e triunfou mesmo sendo o lutador que mais sofre golpes em toda a organização, contando com todas as categorias. É um sinal claro que estamos diante de um monstro que ataca e é atacado, que bate e apanha, que se envolve em guerras antológicas.

O campeão não é o único com retrospecto curioso. Woodley tem duas derrotas em sete lutas no UFC, mas uma delas foi um presente dado pelos juízes para Jake Shields. Fora o dia em que foi atropelado por MacDonald, T-Wood venceu atletas consolidados como Condit, Dong Hyun Kim e Kelvin Gastelum. A disputa pelo posto de desafiante seria contra Hendricks, que não bateu o peso e fez a luta cair na véspera. Dana White ficou tão irritado que considerou Woodley o vencedor e lhe concedeu a vaga para encarar o capiroto.


Ao mesmo tempo em que é o campeão mais “vencível” do UFC, paradoxalmente Lawler é um dos mais difíceis de ser batido. Muitos viram o caminho, que passa pelo alto volume ofensivo, que não deixa espaço para contragolpes. Porém, a impressão que passa é que o adversário terá que deixar um rim e um pulmão no octógono para superá-lo. Woodley tem um wrestling do mais alto nível para o MMA e um petardo de direita que derruba qualquer um, além de inteligência tática para transitar entre as duas estratégias. Porém, ele terá que lidar com um lutador que defende quedas cada vez melhor e que tem um queixo dos infernos. Para piorar, Tyron terá ainda que superar o enorme tempo de inatividade.

Palpite: Sete-pele, quer dizer, Robbie Lawler por decisão (dividida de novo).

Peso Palha Feminino: Rose Namajunas vs. Karolina Kowalkiewicz

Namajunas saiu do TUF 20 como a sensação do programa, com um estilo matador que fez Dana White compará-la com Ronda Rousey. Ela disputou a final, que valia o cinturão, e acabou sucumbindo frente a experiência de Carla Esparza. A recuperação veio rápida, com duas finalizações sobre Angela Hill e Paige VanZant (esta, depois de uma surra implacável) e uma decisão categórica, embora num patamar um pouco abaixo em relação à vitória anterior, contra Tecia Torres. Um retrospecto que já vale uma nova chance para o título. 


Por outro lado, Kowalkiewicz chegou sem nenhum alarde, mas rapidamente caiu no radar dos fãs com duas vitórias categóricas, que mostraram sua capacidade de lutar em qualquer situação. Para melhorar, depois de bater Heather Jo Clark na Holanda, Karolina ainda saiu desafiando a compatriota Joanna Jedrzejczyk, que não por acaso vem a ser a campeã da categoria. Se para o UFC era interessante comercialmente ter uma polonesa campeã, expandindo seus horizontes, imagine uma disputa de título entre duas?

O que faz de Rose uma lutadora tão querida é seu instinto quase patológico pela ação ofensiva. Em pé, ela melhora a cada luta, especialmente no boxe, agora mais centrado, desperdiçando menos golpes, orientada pelo marido Pat Barry, um kickboxer de respeito. No resto do jogo, Namajunas é muito melhor que Barry: boas quedas, jogo frenético de transições no solo, ground and pound que parece britadeira e botes sem fim em busca de finalizações. E o melhor de tudo, cada vez mais paciente, sabendo a hora de acelerar e de mudar de rumo, postura que ela conseguiu depois que passou a ouvir mais o calmo e excelente técnico Trevor Wittman do que o alucinado marido.

O muay thai é uma ferramenta poderosa no jogo da polonesa. Apesar de não causar tanto dano, seu volume de golpes lançados é absurdamente alto, o que dificulta demais as ações das adversárias, que acabam na maior parte do tempo vendo-se em posição defensiva. O thai clinch com joelhadas e cotoveladas também é forte, assim como o ground and pound. Faltam alguns ajustes no wrestling, tanto no ofensivo quanto no defensivo, e esta luta será um bom teste neste sentido.


O melhor para Namajunas é encurtar e levar Kowalkiewicz para o chão. Para entrar no olho do furacão, no entanto, a norte-americana terá que usar uma abordagem praticamente sem erros no controle da distância, usando os jabs e chutes baixos de modo intenso, movimentando-se igualmente, até achar a brecha para derrubar sem precisar parar no clinch. Já Karolina terá que manter Rose acuada mesclando combinações em alto volume e trabalho no clinch.

Palpite: Rose Namajunas por decisão.

Peso Meio-Médio: Matt Brown vs. Jake Ellenberger

Brown se safou da demissão quando enfileirou sete vitórias sobre a parte do meio da tabela (Stephen Thompson na época ainda não era elite). Os resultados o catapultaram para a parte interna do top 10 e, quando o nível dos oponentes subiu, as deficiências do Imortal voltaram a ficar claras e ele tombou diante de Lawler, Hendricks e Demian Maia, apenas com uma vitória sobre Tim Means, que é do nível dos rivais da sequência de triunfos. 


Ellenberger também ostentou larga série invicta – no caso dele foram seis, que chegou a 8-1 –, mas a má fase bateu forte na porta. Com o corpo bastante desgastado, apesar de ter apenas 31 anos, ele só venceu os combalidos veteranos Josh Koscheck, Jay Hieron e Nate Marquardt nos últimos oito compromissos (a nova série está em 1-5).

Ambos são lutadores oriundos do wrestling que se esqueceram das origens quando descobriram ter punhos pesados e curtiram o doce sabor do nocaute (a favor). Em seu auge, Ellenberger conseguia mesclar o boxe com o wrestling, mas a fase ruim fez dele um lutador menos confiante e mais reticente. Isso é um perigo para alguém com uma grande capacidade de tornar os combates verdadeiros quebra-paus, lançando toda sorte de golpes do muay thai num ritmo elevado.

Como é um lutador de defesa muito ruim, tanto no striking quanto na luta agarrada, Brown pode acabar vitimado por um coice de Ellenberger do mesmo naipe daquele que mandou Marquardt dormir o sono dos justos com o nariz no chão. Porém, o mais provável é que Matt sugue o adversário para o centro da pancadaria.

Palpite: Matt Brown por nocaute.