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Alexandre Matos é fã de todos os esportes de combate e fundador do site MMA Brasil. Ele estará aqui toda semana para comentar e palpitar os eventos.
A primeira viagem internacional do octógono em 2016 acontece neste sábado. A O2 Arena, localizada em Londres, será palco do UFC Fight Night: Silva vs. Bisping, evento que traz o retorno do ex-campeão mais dominante da história da organização.
Precisando de uma vitória a qualquer custo, Anderson Silva finalmente terá a chance de enfrentar Michael Bisping, a quem tantas vezes quis conceder o posto de desafiante durante seu longo reinado. Outro brasileiro em ação será Thales Leites, que medirá forças com Gegard Mousasi visando se firmar no top 10 do peso médio. O evento terá ainda em suas lutas principais o destruidor britânico Tom Breese, que vai encarar o japonês Keita Nakamura.
Não se esqueça do fuso horário: como o evento acontecerá na Inglaterra, vai começar bem mais cedo do que o normal. O canal Combate entrará no ar às 14:30h para transmitir a primeira luta 15 minutos depois.
Peso Médio: Anderson Silva vs. Michael Bisping
Talvez tenha passado despercebido para a maioria dos fãs: Anderson Silva, o recordista de defesas consecutivas, o campeão que sustentou o título por mais tempo na história do UFC, não vence uma luta há quase três anos e meio, desde outubro de 2012. Depois de bater Stephan Bonnar, no Rio de Janeiro, o “Spider” foi brutalmente nocauteado por Chris Weidman, voltou a perder para o nêmesis, quebrou a perna e parou um ano, para então voltar contra Nick Diaz, quando acabou flagrado em vários exames antidoping. Anderson viu a vitória virar luta sem resultado (no contest) e amargou outro ano afastado, desta vez por suspensão.
Anderson estreou no UFC há quase 10 anos. Exatamente quatro dias antes, Bisping também pisava no octógono oficialmente pela primeira vez, quando venceu a final do The Ultimate Fighter 3. Desde então, enfrentar o brasileiro foi uma fixação para o cipriota naturalizado inglês. O “Conde” esteve perto de se tornar desafiante em três oportunidades, mas Dan Henderson, Chael Sonnen e Vitor Belfort o impediram de avançar. Bisping é o lutador que mais venceu na história do UFC que nunca teve chance de lutar por um cinturão.
Tecnicamente os lutadores guardam a semelhança de terem como carro-chefe uma vertente da luta em pé, Anderson com o muay thai e Bisping com o kickboxing. O brasileiro tem um jiu-jítsu subestimado, assim como o wrestling do europeu. No entanto, Silva é defensivamente muito superior, além de ser um dos mais criativos e perigosos strikers que o esporte já viu.
Na beira de completar 41 anos, depois de dois longos hiatos de um ano cada e carregando nas costas as mazelas do doping e das duras derrotas para Weidman, Anderson nunca se mostrou tão vulnerável, nunca foi tão vencível. A questão é que Bisping, que completa 37 no domingo, tampouco está em sua melhor fase. Sem contar com o poder dos punhos e o wrestling nos níveis de Weidman, Michael terá que transformar a luta numa maratona, contando com sua capacidade atlética e o elevado volume de golpes (que não são exatamente os mais potentes do mercado). Ainda que ele consiga alguma vantagem no começo, Anderson precisa de apenas alguns segundos para dar cabo da luta.
Palpite: Anderson Silva por nocaute técnico.
Peso Médio: Gegard Mousasi vs. Thales Leites
Ex-campeão do Strikeforce e do DREAM, com passagem pelo PRIDE, Mousasi era considerado um dos melhores lutadores peso por peso fora do UFC. Quando foi contratado, no entanto, não justificou a moral. Das quatro vitórias no octógono, duas foram contra lutadores já aposentados (Mark Muñoz e Costas Philippou) e outra contra um que está perto (Henderson). Quando encarou a elite, foi batido por Lyoto Machida e finalizado por Ronaldo Jacaré. Na última luta, dominou Uriah Hall no primeiro round e foi vitimado por uma joelhada voadora no segundo.
Do outro lado, Thales viveu uma história interessante. Disputou o cinturão contra Anderson Silva e foi demitido depois da luta seguinte, sem muito nexo. Refez o caminho, retornou em 2013 e venceu cinco combates consecutivos. Quando estava perto de voltar a ser um desafiante, teve a série interrompida por Bisping, em julho do ano passado.
Thales é um faixa-preta de jiu-jítsu de André Pederneiras, na Nova União. Em sua primeira passagem no UFC, era um lutador de punhos pesados que tinha dificuldade de criar combinações. Desde o retorno, tem mostrado um boxe muito mais apurado. Já Mousasi é um artista do ponto de vista ofensivo, com um kickboxing vistoso, golpes pouco ortodoxos, jiu-jítsu agressivo e boas quedas. No entanto, quase todo o esplendor no ataque são refletidos em problemas defensivos.
Para vencer, Thales terá que imprimir pressão para não deixar que Mousasi solte seu arsenal. Acertar o tempo de entrada de queda e cair por cima será muito importante para o brasileiro. Contudo, se conseguir o controle da distância e do ritmo, o lutador nascido no Irã e criado na Holanda por pais armênios dificilmente será surpreendido.
Palpite: Gegard Mousasi por decisão.
Peso Meio-Médio: Tom Breese vs. Keita Nakamura
Os fãs que conhecem Breese apenas pelo retrospecto podem ter uma ideia do que se trata esse monstro de 1,91m, numa categoria na qual os maiores não costumam passar de 1,85m. Ele se estabeleceu nas duas melhores organizações britânicas mostrando alto nível na luta agarrada e enorme capacidade de misturar golpes potentes em pé. O fato de ter mais finalizações do que nocautes foi equilibrado quando chegou ao UFC. Primeiro ele veio ao Brasil e demoliu Luiz Besouro. Em seguida, foi à Irlanda e aplicou uma chinelada no local Cathal Pendred, que até se aposentou depois da surra.
Para encarar tamanha encrenca, o matchmaker Joe Silva convocou o japonês Nakamura (pq fas iso, Silva?). “K-Taro” é um grappler de respeito, semifinalista do ADCC em 2009, bom no clinch e nas quedas provenientes desta posição, ainda que passe longos tempos mais preocupado em esmagar do que em se manter ativo.
Além dos lapsos de atividade, Nakamura ainda vai encontrar problemas para invadir o raio de ação de Breese e chegar ao clinch com a menor quantidade possível de danos. E, convenhamos, dificilmente isso vai acontecer. Com vantagem na envergadura, na técnica e na potência, o europeu deverá dar uma noite de agonia ao asiático.
Palpite: Tom Breese por nocaute.