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PREVIEW UFC Pittsburgh, por Alexandre Matos

Alexandre Matos é fã de todos os esportes de combate e fundador do site MMA Brasil. Ele estará aqui toda semana para comentar e palpitar os eventos.

No próximo domingo, o octógono mais famoso do mundo volta a ser montado na cidade de Pittsburgh, estado da Pensilvânia, depois de quase cinco anos. O  Consol Energy Center será palco do UFC Fight Night 83, evento de 13 lutas que conta com brasileiros nas três principais e outro no card preliminar. 

O evento será liderado pela primeira vez do último desafiante dos leves atuando como meio-médio no UFC diante de um brasileiro que vem se especializando em salvar lutas de última hora. Teremos também um importante confronto de dois pesos médios ranqueados que visam o top 10, além da estreia de um campeão mundial de jiu-jítsu contra um dos mais talentosos prospectos da divisão dos galos.

Neste artigo que inicia uma série de prévias dos eventos do UFC, vamos examinar os atletas das principais lutas da noite e tentar prever o que poderá acontecer quando as portas do octógono se fecharem. 

Peso Meio-Médio: Donald “Cowboy” Cerrone vs. Alex "Cowboy" Oliveira 

O duelo mais importante da noite marca a estreia de Donald Cerrone no peso meio-médio. Em sua última apresentação, o americano foi atropelado implacavelmente por Rafael dos Anjos, na disputa do cinturão dos leves que pertence ao brasileiro. A derrota acabou com uma série de oito triunfos que Cerrone tinha, um fato tão raro na divisão peso leve que nenhum dos cinco últimos campeões jamais conseguiu. 

Cerrone enfrentaria Tim Means, que precisou ser afastado do combate. Para seu lugar, foi convocado Alex Oliveira, brasileiro que vem se especializando em salvar lutas de última hora. Mesmo normalmente tendo pouco tempo de preparação, o “Cowboy” brasileiro venceu três dos quatro compromissos entre o peso leve e o meio-médio.

Este "Cowboy" vs. "Cowboy" vai confrontar dois trocadores muito talentosos e agressivos no muay thai. Cerrone tem vantagem teórica em todos os ramos do jogo, mas terá que ficar atento com a imprevisibilidade do brasileiro, que sempre se mostrou à vontade no octógono e, por isso, consegue desenvolver sua estratégia e surpreender os oponentes.

Para Alex, o ideal é aproveitar os quase oito centímetros de vantagem nos alcances de braços e pernas para manter a luta na longa distância, controlando seu adversário com combinações de jab-direto-gancho, preferencialmente terminando com algum chute. Já Donald precisará de velocidade para entrar no raio de ação do brasileiro e puni-lo com joelhadas no thai clinch, além de usar quedas pontuais para seguir o serviço no ground and pound ou numa tentativa de finalização. 

Palpite: Cerrone por TKO no 3º round 


Peso Médio: Derek Brunson vs. Roan "Jucão" Carneiro
 

Jucão vinha fazendo uma luta por ano, dando sinais que se dedicaria ao posto de head coach na American Top Team de Atlanta, quando venceu um torneio de três lutas na mesma noite e chamou a atenção do UFC. Ele teve a chance de retornar ao octógono depois de quase sete anos e o fez em grande estilo, apagando Mark Muñoz com um mata-leão ainda no primeiro round. 

O faixa-preta terceiro dan de jiu-jítsu terá pela frente um duro wrestler, que chegou ao UFC com a moral baixa, mas se recuperou com cinco vitórias em seis lutas no octógono. Brunson vem da típica escola americana de MMA, que junta o wrestling com o boxe, e usa uma abordagem que sempre visa o clinch ou uma entrada nas pernas em busca da queda.

O americano não costuma se expor muito nas trocas de golpes em pé, então a luta agarrada é praticamente um destino certo para este combate. Se por um lado o chão é onde Jucão se sente mais confortável, Brunson dá poucas brechas quando tem o controle posicional. Usar o muay thai para confundir o rival será importante, mas Derek vem em muito melhores condições físicas e técnicas do que o adversário anterior de Roan. 

Palpite: Brunson por TKO no primeiro assalto. 

Peso Galo: Cody Garbrandt vs. Augusto "Tanquinho" Mendes 

Aqui inicialmente o evento teria sua luta mais explosiva. Porém, o brasileiro John Lineker se machucou e acabou dando lugar ao compatriota Augusto Tanquinho, que vai estrear no UFC neste duelo de invictos contra Cody Garbrandt. 

Apesar de a mudança de oponente ter acontecido no começo desta semana, Tanquinho representa um oponente totalmente diferente para Garbrandt. Enquanto Lineker confia no boxe de mãos e queixo de pedra, Augusto é representante da alta cepa da arte suave, campeão mundial de jiu-jítsu com e sem quimono – somando o Mundial com o Mundial Pro, Tanquinho tem cinco títulos. E, apesar de ter aceitado a luta há pouco tempo, o brasileiro vinha se preparando para disputar o cinturão do Legacy FC, então o condicionamento atlético talvez não seja um entrave.

O duelo de estilos será o grande foco aqui, já que Garbrandt tem no boxe e kickboxing seus carros-chefes. O wrestling do Team Alpha Male já é bastante visível em seu jogo, mas usá-lo neste duelo será um convite a passar por maus bocados contra um craque do jiu-jítsu. Como Garbrandt já mostrou em outras lutas sua capacidade de controlar a distância, é bem provável que ele repita a estratégia, usando movimentação lateral constante para frustrar as entradas do brasileiro em busca das quedas. Se Tanquinho chegar ao chão em posição de vantagem, provavelmente será questão de tempo até conseguir a submissão de seu adversário.





Palpite: Garbrandt por decisão unânime
 

Peso Médio: Daniel Sarafian vs. Oluwale Bamgbose 

Finalista da primeira temporada do TUF Brasil, Sarafian luta para sair da gangorra de resultados – são duas derrotas consecutivas seguidas por uma vitória que aconteceu quando o estreante Junior Alpha, que estava bem na luta, não tivesse que desistir vítima de uma fratura na mão. Já o nigeriano Bamgbose terá sua segunda oportunidade após aceitar de última hora um confronto contra Uriah Hall, que o nocauteou no primeiro round de sua estreia. 

Sarafian é um lutador agressivo e de boa potência física, mas que ainda se ressente de algum desenvolvimento técnico na luta em pé, especialmente no ponto de vista defensivo. Faixa-preta de jiu-jítsu, o paulista tem instinto de finalização e ótima variedade de botes, especialmente quando cai por cima, mas o aspecto defensivo também precisa melhorar. Visando diminuir as brechas e aprimorar o importante ponto das transições, Sarafian se mudou para os Estados Unidos para treinar na Power MMA, academia liderada por grandes wrestlers. 

Para este combate, ele terá que lidar com um faixa preta de taekwondo, dono de um arsenal muito variado de chutes. Nenhum dos dois tem dimensões de peso médio, mas Bamgbose é um pouco maior do que Sarafian. Essa vantagem física poderá ajudá-lo a se livrar de pressão no clinch na grade, uma arma importante que o brasileiro terá a seu favor.

Palpite: Sarafian por decisão unânime