Pular para o conteúdo principal
/themes/custom/ufc/assets/img/default-hero.jpg

Resenha UFC 202, por Alexandre Matos

Alexandre Matos é fã de todos os esportes de combate e fundador do site MMA Brasil. Ele estará aqui toda semana para comentar e palpitar os eventos.

Belo evento para curar a ressaca do fim da Olimpíada, hein? O UFC 202 animou a noite de sábado com direito a nocaute brutal, atuação de gala e uma batalha acirrada na luta principal. 
O segundo encontro entre Nate Diaz e Conor McGregor teve alguns ingredientes da primeira luta, mas uma sequência diferente. Novamente o irlandês começou com o domínio das ações na troca de golpes na longa distância, mostrando desta vez um sistema defensivo mais coeso, mais ligado, expondo-se menos aos ataques do americano e retaliando praticamente todas as iniciativas que vinham do outro lado. O “Notório” chegou a mandar Diaz à lona três vezes nos 10 primeiros minutos de luta, ainda que Nate tenha facilitado um tanto por vontade de atrair o rival à sua guarda. Porém, escolado com o que aconteceu em março, no UFC 196, McGregor evitou a luta de chão a todo custo.
>> Acesse M.ME/UFCBRASIL e receba as notícias do UFC no Messenger  
Como o wrestling nunca foi seu porto seguro e levar McGregor para o chão estava difícil, Nate tentou uma segunda abordagem, a de forçar o campeão dos penas a lutar na curta distância. Nestes momentos, Diaz levou vantagem. Ele já conseguiu diminuir a diferença no segundo assalto e venceu o terceiro usando o dirty boxing e o clinch contra a grade. Inteligentemente, McGregor, já um tanto cansado por causa do excesso de peso, se recompôs taticamente e voltou ao controle da distância, acertando Diaz com os melhores golpes enquanto evitava as respostas do oponente.

 
No fim das contas, Conor venceu três assaltos, contra dois de Nate, mesmo placar apontado por dois dos juízes oficiais. O terceiro marcou empate em 47-47, outro resultado aceitável, diferentemente de quem pontuou a luta a favor do americano.
Mais UFC 202Próximo passo de McGregor | Aldo desafia | Reações das redes sociais | Respeito mútuo | Pontos de discussão  
Algumas pessoas precisam se ligar num ponto: MMA não é competição de macheza, é um esporte que precisa de técnica, tática, preparo físico e mental. Digo isso porque vi muita gente criticando McGregor por ter “corrido” da luta, quando na verdade gostariam de ter visto os dois plantados no centro do octógono trocando socos como se não houvesse amanhã. Isso é briga, meus amigos. Luta é outra coisa. Nate tentou transformar o duelo em briga de rua, como se estivesse numa viela escura. Conor não deixou que isso acontecesse. E ele fez isso vez ou outra tendo que se afastar para evitar que a pancadaria pudesse transformar o confronto em loteria. O irlandês se afastava, retomava o controle da distância e atacava de novo, isso sem cair no jogo mental de Diaz, que usou até artifícios antidesportivos para tirar o rival do controle mental – para quem não sabe, mostrar o dedo do meio numa luta é falta, passível de dedução de ponto, por mais engraçado que possa ser.

 
Enfim, o confronto entre McGregor e Diaz agora está empatado e tomara que eles não inventem uma trilogia. Ou, se quiserem se enfrentar novamente, que seja num cenário minimamente com algum sentido esportivo, numa disputa pelo peso leve depois que o irlandês desistir de cortar peso até 145 libras. Até lá, que Conor vá logo unificar seu título com José Aldo ou até mesmo abra mão dele para competir como peso leve. Um terceiro confronto com Diaz ou com qualquer outro como meio-médio não tem mais condição nem graça nenhuma. 
Anthony Johnson liquida Glover Teixeira e se afirma como próximo desafiante do peso meio-pesado 
O que falar de um confronto que termina em 13 segundos? O mesmo que falei ali em cima: MMA não é competição de macheza. Encarar um cavalo como Anthony Johnson no infighting não é saudável nem para um sujeito bruto como Glover Teixeira e o mineiro pagou caro pela abordagem.

 
Ao se aproximar de Johnson para trocar socos, Glover deu meio caminho para o americano, que sequer se deu ao trabalho de tentar encurtar a distância. Com o alvo bem próximo, “Rumble” fintou com o punho esquerdo, tirando a atenção do oponente da outra mão, de onde saiu um uppercut tão potente que deu a impressão de ter feito voar um dente de Teixeira, que caiu desacordado.
Assine o Combate | Siga o canal do UFC no YouTube | Visite a UFC Store | Baixe o aplicativo do UFC 
Com mais uma confusão envolvendo Jon Jones, o matchmaker Joe Silva não pode perder tempo em escalar logo uma revanche entre o campeão Daniel Cormier e Rumble Johnson. Agora com os dois em camp completo para enfrentar o outro, espero um duelo bem mais interessante do que o tapa-buraco do UFC 187. 
Donald Cerrone tem a melhor atuação da carreira na vitória sobre Rick Story 
O “Cowboy” está cada vez mais sólido como meio-médio. Depois de bater Patrick Côté em domínio total, ele agora se tornou o primeiro a nocautear Rick Story, mais uma vez enchendo os olhos dos fãs com uma demonstração fantástica de técnica e de plano tático. 
Para começar, é bom lembrar que Cerrone já chegou surpreendendo todo mundo ao colocar Story, um wrestler bem mais competente, para baixo. Este susto fez com que Rick se perdesse na estratégia, tentando devolver a queda a qualquer custo. Ele até conseguiu, mas não tinha feito o trabalho de desgaste do oponente anteriormente, então Cerrone não encontrou muita dificuldade para se levantar. Sem conseguir derrubar de novo, Story foi obrigado a trocar golpes na longa distância e levou um prejuízo tremendo.

 
Depois de evitar qualquer tentativa de Story em conduzir o combate para o clinch, Cerrone deu cabo da luta de modo magistral. Ele lançou um soco na linha de cintura que fez Rick baixar a guarda. Com o rosto desguarnecido, Story levou um gancho de canhota, uma canelada de direita, deu as costas e caiu em posição fetal. O “Cowboy” seguiu com um ground and pound alinhado e conseguiu o nocaute técnico. 
Esta foi a terceira vitória de Cerrone como meio-médio, desta vez sobre um top 10. Quando todos pensaram que ele fosse desafiar algum top 5, Donald lembrou que o atual campeão dos leves já foi vencido por ele e desafiou: Eddie Alvarez, UFC 205, Nova York. Será que ele passa a perna em Khabib Nurmagomedov e no vencedor de Tony Ferguson contra Rafael dos Anjos?