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Resenha UFC Brisbane, por Alexandre Matos

Alexandre Matos é fã de todos os esportes de combate. Ele estará aqui toda semana para comentar e palpitar os eventos.


Conforme esperado, o UFC Fight Night Brisbane entregou aos fãs diversas lutas empolgantes, com direito a grandes viradas, nocautes plásticos e finalizações. Quase 10.000 torcedores encheram o Brisbane Entertainment Centre, na cidade australiana de Brisbane.

Uma das coisas mais sensacionais do MMA atual é o walk-off knockout de Mark Hunt. É aquela situação em que o “Super Samoano” acerta seu rival com um golpe tão potente que ele tem certeza que o pobre incauto não conseguirá se recuperar. Hunt dá as costas e sai caminhando como se tivesse acabado uma tarefa corriqueira no escritório.
Hunt nocauteia | Bônus da noite | Viscardi agradece jiu-jitsu | Hunt pede novos desafios

Foi exatamente o que aconteceu quando a bigorda do velho Hunt encontrou a têmpora de Frank Mir, lutador que não é exatamente conhecido pela capacidade de absorver castigo e seguir em frente. Quando a primeira mãozada do neozelandês entrou, o norte-americano acionou o modo de sobrevivência e tentou levar a luta para o chão. Como o movimento foi precipitado e telegrafado, Hunt defendeu com facilidade e seguiu na caça. Ele trouxe Mir para o centro do octógono, distante da grade, e largou o cruzado de direita. A bomba mandou Frank à lona. O ex-campeão caiu acordado, mas visivelmente sem saber onde estava e o árbitro Marc Goddard fez o protocolar sinal de fim de luta. Não que precisasse, já que Hunt, àquela altura, estava do outro lado do octógono saudando os fãs.


Neil Magny vira luta rara contra Hector Lombard e dá outra mostra de força

Nos últimos onze compromissos, Neil Magny venceu dez. Neste sábado, quase que a vaca do norte-americano deitou, mas ele mostrou coração imenso e capacidade de recuperação para aplicar o primeiro nocaute da carreira de Hector Lombard.

Voltando de um ano de suspensão, ciente de que sua carreira está na reta final, o cubano tentou dar fim ao combate na primeira etapa. Verdadeiros mísseis abalaram Magny. Lombard bateu em pé, no chão, na longa distância, na curta e no ground and pound. A luta só não terminou por nocaute técnico porque o árbitro Steve Perceval seguiu o que parece ser uma tendência da arbitragem na Oceania: enquanto o lutador apresentar batimento cardíaco, deixa rolar. Um absurdo.

Magny tomou um 10-8 no primeiro round e levou um knockdown duro no segundo, caindo como uma árvore abatida num petardo de Lombard. Porém, o cubano errou ao trocar o ground and pound que provavelmente colocaria fim ao combate por uma chave de calcanhar. Magny defendeu a investida e, sabe-se lá como, encontrou forças para reverter o judoca e despejar uma incrível metralhadora de cerca de 100 golpes em um minuto e meio num ground and pound brutal. Mais uma vez Perceval errou, talvez agora querendo compensar o round anterior, deixando Lombard apanhar que nem mala velha. Tínhamos ali uma rara ocorrência de 10-8 para cada lado depois de dois assaltos.

Lombard voltou para o terceiro round querendo que o mundo acabasse num barranco para ele morrer encostado. Bem mais inteiro, Magny deu a última blitz, lançando socos e joelhadas, arrastando o oponente para o solo, montando e acabando com a discussão no ground and pound. Vendo Lombard sangrar muito, finalmente Perceval fez seu trabalho corretamente e parou a luta.

Não há mais como negar que Magny, que dividiu com Hunt os bônus de desempenho da noite, é uma séria ameaça na divisão dos meios-médios. Seu próximo adversário tem que ser um top 5, ainda que ele tenha sido humilhado quando pegou alguém deste nível de elite (Demian Maia). Aliás, Neil disse após o combate que o paulista deveria ser agraciado com a próxima chance de desafiar o cinturão de Robbie Lawler.

Jake Matthews reforça condição de prospecto e Cara de Sapato faz caminho oposto


O UFC Fight Night Brisbane tinha dois jovens valores com futuro promissor em ação no card principal. Um deles era o australiano Jake Matthews, peso leve de 21 anos que enfrentou outro jovem talentoso, o americano Johnny Case. No peso médio, Antonio Carlos Junior, o Cara de Sapato, 24 anos, deixou a impressão que o caminho para ele será mais longo.

Matthews e Case fizeram a melhor luta do evento, de acordo com os bônus dados pelo UFC (eu preferi Magny-Lombard). Jake se mostrou mais rápido e mais forte tanto na troca de golpes em pé quanto na luta de solo, mas Johnny não negou fogo, mesclou kickboxing com wrestling e manteve o duelo equilibrado até o terceiro round.

Foi então que o melhor condicionamento atlético do australiano decidiu a parada. Com boas combinações que terminavam em duros chutes no corpo, Matthews conseguiu atrair Case para o solo e logo pegou as costas do americano. O mata-leão estava forte, mas Jake não tinha o melhor posicionamento. A segunda tentativa, porém, deu o resultado desejado a apenas 15 segundos para o fim do combate. A persistência de Matthews em não deixar a luta ser decidida pelos juízes valeu a pena, visto que os três oficiais dariam a vitória para Case depois de conceder erradamente os dois primeiros assaltos para o norte-americano.
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No duelo anterior, Cara de Sapato deu a impressão que teria uma jornada tranquila. Ele não precisou de muito tempo para fintar golpes em pé, entrar com uma queda e passear no chão com os cadeados fechados pelas costas de Kelly. Porém, o campeão mundial de jiu-jítsu não finalizou, a despeito das inúmeras tentativas, inclusive uma chave de braço no final do primeiro assalto.


O cenário mudou a partir do segundo round. O australiano melhorou, ganhou confiança ao acertar o rosto do brasileiro com dois fortes socos limpos e deixou a luta empatada. Antonio Carlos passou a errar nas transições do striking para o grappling, telegrafou suas tentativas de levar para o chão e permitiu que Kelly dominasse as ações. No último assalto, um chute alto de Kelly deixou Sapato fora do ar e o vencedor do TUF Brasil 3 virou presa fácil para o ground and pound do ex-TUF Nations, que conseguiu a virada com um nocaute técnico.

Brasileiros vencem no card preliminar

Finalmente um evento em que os brasileiros venceram mais do que perderam em 2016. As vitórias na Austrália vieram na parte inicial do UFC Brisbane pelas mãos de Viscardi Andrade e Alan Patrick.

Viscardi e Richard Walsh pareciam ter o intuito de arrancar a cabeça do oponente fora no começo do combate. Quando o pupilo de Ryan Gracie viu que as coisas seriam duras contra o agressivo australiano, tratou de transformar a luta num duelo de grappling. O faixa-preta mesclou tentativas de finalização com controle posicional, quase finalizou num triângulo de mão e venceu na decisão dos juízes.


Já o popular “Nuguette” teve um certo trabalho com o estreante Damien Brown, quase foi surpreendido numa guilhotina, mas sua maior experiência na luta agarrada lhe rendeu a vitória. Socos e cotoveladas no ground and pound de Alan foram misturadas a tentativas de finalização, num sólido e sufocante controle posicional por cima que renderam dois 30-27 e um 30-26 dos juízes oficiais, todos a favor do brasileiro.