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Resenha UFC Vancouver, por Alexandre Matos

Alexandre Matos é fã de todos os esportes de combate. Ele estará aqui toda semana para comentar e palpitar os eventos

A Rogers Arena sacodiu na noite do último sábado com o UFC Fight Night Vancouver, que entregou no card principal duas finalizações, um nocaute sensacional, uma batalha acirrada, lágrimas, sorrisos e polêmica. Para os fãs brasileiros, motivos para se orgulhar, para lamentar e comemorar.

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Na luta principal, pelo peso meio-médio, Demian Maia mais uma vez não tomou conhecimento de um adversário. A diferença agora é que esse adversário era um integrante do top 5 e ex-campeão interino da categoria.
Demian mais uma vez rasgou os critérios de multidisciplinaridade do MMA. Sem precisar deixar o oponente em dúvida, ele simplesmente avançou e, sem dar um único soco ou chute, grudou em Carlos Condit, um dos mais violentos e agressivos lutadores que já pisaram no octógono, e o jogou no chão com um single leg. Apesar de ser uma situação perigosa, o americano parecia tranquilo fazendo guarda com o brasileiro. O problema foi quando Demian pegou as costas do “Assassino por Natureza”. Não há ser humano que se sinta confortável nessa situação. E, pelo que temos visto nos últimos tempos, parece também que não há um que saiba como sair daquela posição. Quando Maia encaixa os cadeados no body lock e trava o oponente na cintura, é como se a vaca estivesse já procurando uma sombra para deitar. O bovino de Condit deitou de vez quando Demian passou os braços no mata-leão. O bravo americano tentou resistir, mas alguém consegue? Finalização em menos de dois minutos.


Quando se levantou para comemorar, Demian caiu no choro por um mar de emoções diferentes. Lembrou da família. Se deu conta que não levou uma pancada sequer contra um cidadão que poderia tê-lo enviado ao hospital mesmo se perdesse. Percebeu que esta foi a vitória mais importante de sua carreira, que o coloca na boca da disputa do cinturão aos 38 anos. E agora, diferentemente de quando desafiou Anderson Silva, em 2010, com chances de glória muito maiores. Nada que não seja absolutamente merecido para um dos sujeitos mais educados (ele é educado até para exigir um title shot) e inteligentes do MMA. E que está escrevendo um caminho próprio, voltando aos primórdios do esporte, quando lutadores só sabiam uma arte marcial num tempo em que todos tentam dominar a maior quantidade possível de modalidades de luta.


No duelo coprincipal da noite, Anthony Pettis finalmente fez as pazes com a vitória em sua estreia como peso pena, depois de três reveses consecutivos na categoria de cima. O triunfo foi às custas de Charles Oliveira, mas não sem ter trabalho. Mesmo derrotado, “Do Bronx” saiu valorizado do octógono.

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O paulista mostrou que tinha estudado as derrotas de Pettis e não quis saber de trocar porrada em pé. Assim que o árbitro autorizou o começo do combate, Charles já grudou nas pernas do adversário no intuito de levar a luta para o chão. Foram dois minutos de domínio na luta agarrada que devem ter feito Pettis lembrar das agruras recentes.


O astro americano mostrou que não é um dos melhores lutadores da história à toa. Quando conseguiu se desvencilhar e voltar a ficar em pé, Pettis atingiu Charles com golpes variados, especialmente a canelada na linha de cintura, uma de suas especialidades e um velho problema do brasileiro. Desta vez, porém, Oliveira encaixou bem os golpes e, apesar de ter balançado, se manteve na luta.
Este foi o cenário de todo o combate, com os lutadores animadamente alternando os momentos de domínio. O problema é que Charles deu algumas bobeadas que acabaram lhe custando a luta. Talvez como fruto do pensamento de achar que não precisa do wrestling (ele vivia dizendo isso), Charles tentou quedas deixando o pescoço desguarnecido. Numa dessas ocasições, Pettis aproveitou para encaixar uma guilhotina e dar fim ao combate no terceiro assalto.


Os fãs testemunharam um momento histórico na segunda luta do card principal. Na minha opinião, Paige VanZant anotou o mais bonito nocaute que o MMA feminino já produziu no UFC. A vítima foi a australiana Bec Rawlings, que é da Tasmânia, mas não usa o apelido de “Diabo da Tasmânia”. Tá faltando um assessor de marketing ali, hein?
Brincadeiras à parte, Rawlings deu trabalho para a jovem americana no primeiro assalto. Usando sua conhecida abordagem agressiva, andando para a frente o tempo inteiro, Bec tentou pressionar Paige na troca de golpes, especialmente no pocket, na curta distância. Isso forçou VanZant a se movimentar mais. Ela não só mostrou destreza no jogo de pernas, como usou essa situação para dar cabo da adversária.


Em pelo menos duas oportunidades, VanZant tentou um chute alto voador no primeiro assalto, mas errou no ajuste da distância. No entanto, logo no começo do segundo assalto, Paige se posicionou no lugar certo e voou. O chute saiu em double step. A perna direita acertou a perna de Rawlings e desviou sua atenção. A esquerda veio na sequência e explodiu contra a têmpora da australiana, que desabou pesadamente. De quebra, Paige ainda vingou o companheiro de equipe Andre Fili, que foi nocauteado com um chute semelhante por Yair Rodriguez.

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No confronto que abriu o card principal, Jim Miller e Joe Lauzon fizeram o combate animado que era esperado, porém, sem reeditar o histórico encontro de dezembro de 2012, o que também era previsto.
Miller levou vantagem nas trocas de golpes em pé, explorando uma conhecida deficiência que Lauzon tem contra strikers canhotos – na verdade, Miller explorou a velha defesa esburacada de J-Lau. Por outro lado, Joe surpreendeu com um wrestling superior e botou Jim com as costas no chão em todos os rounds, mesclando bom trabalho de ground and pound com tentativas de finalização.


O duelo foi acirrado e resolvido no detalhe. Dois juízes anotaram vitória a Miller por 29-28 e um marcou o mesmo placar, mas a favor de Lauzon. Acredito que nenhum fã vai ficar triste se Joe Silva marcar uma terceira luta entre ambos para tirar a limpo este resultado.