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Por Martins Denis
Depois de dois anos longe das competições de MMA, Ronys Torres finalmente retornou à sua carreira de lutador no dia 6 de fevereiro, em Las Vegas, para uma estreia bastante esperada no UFC contra Melvin Guillard.
Com seu nome riscado por duas vezes dos cards do UFC por conta de lesões, o atleta de 24 anos se recusou a acreditar que estava de volta até seu pé tocar o octógono. Na verdade, quando Bruce Buffer disse eu nome, Torres olhou para o céu e disse, 'Obrigado, Deus, muito obrigado, meu Pai'.
"Eu estava muito feliz e dizia, 'meu momento é agora'. Por conta dos adiamentos por causa das minhas cirurgias no joelho e no olho, eu só acreditei que estava lutando no UFC quando entrei no octógono. Não sei nem como explicar aquele momento. Os fãs me receberam com braços abertos e eu senti como se estivesse lutando ali há muito tempo, me senti em casa. O público era surreal e merecia um show".
E Torres tentou dar isso a eles, mas o tipo de show que ele queria mostrar foi diferente do que eles receberam. Ronys perdeu por decisão unânime para o perigoso e experiente Guillard. O nativo de New Orleans usou sua habilidade para marcar pontos com socos, chutes e joelhadas que o garantiram a vitória por decisão depois dos 15 minutos. Ainda que o Ronys não tenha conquistado a vitória, ele mostrou habilidades em uma área que muitos achavam que ele não tinha. E o próprio 'Jungle Boy' ri, pois também não acreditava.
"Eu não conseguia dominar seu pulso ou tornozelos e a sua rapidez e jogo de pernas eram perfeitos. Eu não sei o que aconteceu. Guillard evitou muitas das minhas boas posições no chão e depois que ficamos de pé novamente, achei que teria problemas para derrubá-lo, mas isso não aconteceu.
"Eu não sabia que poderia trocar como eu fiz. Me senti confortável. Todos falam sobre as mãos pesadas do Guillard - que ele já derrubou muitos caras e ninguém tem coração de ficar na trocação com ele. Eu tentei e consegui alguns em momentos".
Qualquer pessoa que conheça Ronys está ciente de que é estranho quando ele leva um cara ao chão e não conquista a finalização. No entanto, nada se compara com as outras duas ocorrências bizarras daquela noite de fevereiro.
A primeira foi uma situação desconfortável com seu cornerman, o campeão mundial de Jiu-Jitsu, Marcelino Freitas, entre o primeiro e segundo rounds. Quando os árbitros avisaram 'segundos fora', o saco de gelo nas mãos de Marcelino estourou, espalhando cubos de gelo por todo o chão. Ronys pareceu perturbado, como se estivesse perdendo a concentração, mas o fato apenas serviu para simbolizar a noite.
"Aquilo foi inesperado", ele ri. "Nós chamamos de acidente de trabalho. Eu não perdi o foco, apenas não entendi o que estava acontecendo; apenas vi o gelo no chão. Nós (Ronys e José Aldo, campeão de peso pena do WEC) zoamos muito ele (Freitas) depois disso".
O segundo momento aconteceu quando ele levantou Guillard no seu ombro e deixou todo mundo pensando se ele iria tentar jogar o 'The Young Assassin' para fora do octógono.
Torres ri.
"Se eu soubesse qual seria o resultado final eu teria jogado ele para fora", ele ri novamente. "Eu estou brincando, isso nem passou pela minha cabeça. Todos me perguntaram isso quando cheguei ao Brasil 'Por que você não o jogou para fora?' Foi engraçado".
Hoje ele consegue rir daquela noite, mas na época o veredito o derrubou.
"Eu não concordei com aquilo, mas isso é passado e agora penso na próxima luta".
A próxima luta acabou vindo mais rápido do que esperado e Ronys enfrenta Jacob Volkmann, nesta quarta-feira, pelo UFC Fight Night: Florian vs. Gomi. Mesmo sem ter tido um descanso desde setembro, Ronys não pensou duas vezes em encarar Volkmann e provar que o seu melhor não apareceu no UFC 109.
"Essa é a melhor forma de apagar a minha derrota. Quando André Pederneiras me ligou para avisar sobre da segunda chance, eu disse: 'Que? Vamos voltar a treinar amanhã'. Cara, eu estou faminto por uma vitória no UFC e é muito bom ter outra oportunidade assim tão rapidamente".
Falando em faminto, alguns dirão que Volkmann precisa ainda mais da vitória do que o brasileiro, já que vem de duas derrotas consecutivas. O nativo de Minnesota, inclusive, passou para a divisão dos pesos leves para melhorar suas chances, mas Ronys não concorda que Volkmann esteja mais pressionado do que ele.
"Eu acredito que ele virá como um leão para cima de mim e eu tenho que dizer que ele terá que bater muito para me vencer. Eu estou tranquilo. Meu desejo de vencer é maior e terei meu braço erguido hoje à noite".