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Por Martins Denis - A carreira do brasileiro Rousimar "Toquinho" Palhares teve uma parada abrupta quando ele contundiu terrivelmente a perna esquerda em maio. A lesão, uma fratura exposta da tíbia, durante um treino de wrestling, obrigou Toquinho a ficar fora de ação por mais de três meses e foi apenas mais um difícil obstáculo como os que ele já teve em seu caminho acidentado até o UFC.
Por Martins Denis
A carreira do brasileiro Rousimar "Toquinho" Palhares teve uma parada abrupta quando ele contundiu terrivelmente a perna esquerda em maio. A lesão, uma fratura exposta da tíbia, durante um treino de wrestling, obrigou Toquinho a ficar fora de ação por mais de três meses e foi apenas mais um difícil obstáculo como os que ele já teve em seu caminho acidentado até o UFC.
Para um homem que já comeu ração de porco durante o período de adolescente pobre, lutou MMA em eventos super precários e dormiu debaixo de uma ponte por dois dias, a fim de juntar uma equipe de MMA de elite no Rio de Janeiro, a Brazilian Top Team, esta nova notícia ruim poderia ter sido um pesadelo gigante. Mas o lutador natural da cidade de Dores do Indaia, em Minas, não se curvou diante deste revés, e o prejuízo só serviu para mostrar a força de vontade deste faixa preta de jiu-jitsu, que se recuperou muito bem e - sete meses mais tarde - estará no card do UFC 107 contra a compatriota Lúcio "The Spartan" Linhares neste fim de semana, no Tennessee.
"Minha perna esquerda 'agarrou' no tatame quando tentei uma queda e meu companheiro de equipe caiu sobre ela," Toquinho disse, detalhando a bizarra lesão. "Mas agora eu estou bem, fiz uma boa fisioterapia com o doutor Bruno Mantovano e a recuperação foi excelente, graças a Deus, e estou 100%."
No entanto, Palhares é um homem, e não uma máquina. E ele afirma que a lesão não feriu somente a sua tíbia, mas um pouco a sua motivação também.
"Amigos, família, parceiros de treino e minha esposa foram muito importantes na fase de recuperação," ele diz. "Fiquei deprimido e o apoio deles contribuiu para manter minha cabeça erguida. Você sabe dos tempos difíceis que eu já passei, e quando eu penso sobre tudo o que passei, como a fome, uma lesão não iria me derrubar. Eu tenho em minha mente que eu nasci para lutar. Este é o meu destino, é nisso que minha vida está focada - ser um lutador - e nada vai me derrubar, nada. "
A recuperação total durou 105 dias, e Toquinho usou o prédio onde ele mora para iniciar alguns exercícios. Estrategicamente localizado muito próximo à sede da BTT, o apartamento dele fica no 6º andar, sem elevador.
"Duas ou três vezes por dia eu descia e subia as escadas como parte do meu treino pessoal," disse Toquinho, que usava muletas durante os incomuns exercícios, que revelam mais surpresas. "Eu também fui fazer exames da minha lesão por duas vezes e andava com muletas do meu apartamento até o hospital," quase 1km, ele continua. "As pessoas que me conheciam da televisão conversavam comigo durante a minha caminhada com as muletas e ficavam impressionadas com a minha atitude. Foi um grande apoio deles."
Durante esses três longos meses e 15 dias que o período de recuperação durou, Toquinho não estava apenas testando seu equilíbrio e versatilidade com as muletas, mas ele estava pensando nas partes deficientes do seu jogo. Especificamente a trocação, um ponto que ele não precisou em sua estréia contra Ivan Salaverry, já ele demonstrou seu excelente jogo de jiu-jitsu e finalizou o veterano. Mas em sua luta contra Dan Henderson (UFC 88) e Jeremy Horn (UFC 93) - a deficiência na trocação era evidente. Então, sem distrações e com foco em apenas um aspecto restrito, Toquinho planejou seu retorno com inteligência.
"Eu aprendi muito durante o tempo que fiquei contundido. Já que eu não estava treinando, eu poderia me avaliar e perceber o que as pessoas falavam sobre o meu jogo em pé e meu gás," ele diz. "Eu não tinha nada para fazer, só trabalhar a cabeça, portanto, quando voltei, a direção que eu tomei foi por melhorias onde eu não mostrava eficiência."
Mas ele recorda, "Eu acho que contra o Horn eu estava pouco melhor," Toquinho disse sobre seu último desempenho no dia 17 de janeiro em Dublin na Irlanda. "Eu quebrei minha mão no primeiro round e eu não poderia mesmo finalizá-lo. Eu não vou dar desculpas para o meu desempenho, mas não vou mentir também sobre minha condição debilitada com a mão quebrada."
Toquinho, que vê como um pai o seu treinador, o ex-campeão médio UFC e líder da BTT, Murilo Bustamante, não pôde trabalhar muito com o lendário lutador durante os estágios finais de sua preparação para a próxima luta. Murilo está desenvolvendo o nome de BTT nos EUA, onde abriu uma academia em Los Angeles e está morando. Então "perder" o seu principal treinador neste momento, saindo de uma lesão e lutando novamente após sete meses fora de ação, não é fácil, porém Toquinho afirma que Murilo deixou dois espelhos dele responsáveis pelos treinos.
"Eraldo Paes e Sergio Babu têm estado comigo desde que eu comecei na BTT," diz ele. "O mundo sabe da credibilidade de Murilo e eu digo que Eraldo e Babu são muito técnicos também. Eu pude combinar as diferenças deles em extraordinárias sessões de treinamento."
Modificar suas estratégias que estava preparadas para um striker e agora se voltam para um grappler (ele estava originalmente programado para enfrentar Alessio Sakara no TUF 10) não é uma tarefa difícil de acordo com Toquinho. E só de corrigir em seu jogo o que ele achava que não estava bom, já aumenta a confiança para enfrentar qualquer tipo de inimigo.
"Eu não fiquei preocupado com a mudança, eu estou preparado. Linhares vem do jiu-jitsu, mas é claro que ele treina tudo, assim como Sakara estaria fazendo com sua equipe. Estou pronto."
Enfrentar um lutador que vem de sua terra natal no UFC também não é um inconveniente, já que Toquinho vê isso como um trabalho profissional entre os dois lutadores.
E mesclando novidades com eficiência, Toquinho promete adotar a mesma tática - só que um jogo mais polido - que lhe rendeu 18 vitórias em 20 lutas.
"Dois lutadores atacando com 100%, proporcionando uma grande luta," ele antecipa, quando perguntado sobre a estratégia que o seu adversário vai impor. "Quando eu luto, meus adversários nunca se mostram como na luta anterior, eles mudam o jogo. Por isso, vou me concentrar em mim, em que eu posso fazer melhor e em que posso ser melhor, não no que o Lúcio vai fazer. Seu jogo não é a minha preocupação, meu objetivo é aperfeiçoar o meu jogo. Meus treinadores assistiram as lutas dele e me disseram alguns pontos, mas estou indo com o melhor de mim e não para me defender contra ele."