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Rousimar Palhares - Trabalhando para ser o melhor

Por Martins Denis

A história de dificuldades e lutas na vida de Rousimar 'Toquinho' Palhares é familiar para todos os fãs que já leram suas entrevistas. Mas daquela época até agora, as mudanças na vida desse nativo de Dores do Indaiá não param de acontecer. E mesmo que a troca de Minas Gerais pelo Rio de Janeiro, sua entrada no Brazilian Top Team, a vitória no GP do Fury em 2007, o seu casamento e, finalmente, a assinatura do contrato com o UFC tenham sido grandes mudanças na sua vida, nada mudou para Toquinho, um lutador de verdade, sem distrações.

Não acredita? Então considere o fato de que apesar de morar no Rio de Janeiro há cinco anos, perto de um dos points da cidade, a Praia de Ipanema, ele jamais pisou lá.

"Eu procuro fazer as coisas que mais gosto. Gosto de estar com a minha mulher, quieto, sem agitação. Eu não estou dizendo que é errado um lutador ir à praia, isso é parte do estilo de vida dele. Eu moro perto da praia, mas moro ainda mais perto da academia, então eu prefiro ir para lá e treinar".

Essa dedicação de treinar mais do que aproveitar as praias, festas e todas as outras coisas que uma cidade grande como o Rio de Janeiro proporcionam, é praticamente uma obsessão para esse peso médio. Ele é o primeiro a chegar ao treino e o último a sair.

"Esse é o meu jeito. Chego cedo porque gosto de afiar um ou outro golpe, ou ajuda os meus companheiros de treino com os deles. As dificuldades que tive no passado influenciaram a minha vida como lutador e eu tento sempre trabalhar duro como meus pais e nunca perder o foco dos meus objetivos".

E ele curte tudo sobre o mundo em que ele vive hoje: todos os treinamentos, o conselho dos veteranos, como do seu técnico Murilo Bustamante - ex-campeão do peso médio do UFC - e as batalhas com os oponentes dentro do octógono. Então você pode imaginar quão ansioso ele estava para retornar depois da fratura que sofreu nos treinos após sua vitória por decisão unânime sobre Jeremy Horn, no UFC 93.

Mas uma vez que ele não podia treinar nem lutar, a falta de ritmo ficou evidente no embate com o conterrâneo Lucio 'The Spartan' Linhares no UFC 107, uma luta em que ele mesmo enferrujado venceu por finalização.

"As minhas expectativas para a última luta estavam mais altas do que nunca, mas eu não sabia, havia perdido muito peso e junto com a recuperação da lesão, isso acabou me prejudicando", Toquinho contou. "No final do primeiro round, me perguntei, 'Como eu posso estar tão exausto? Ainda estamos nos primeiros cinco minutos?' Acho que esse foi o motivo de ter errado três tentativas de chaves de calcanhar".

A falta de ritmo de Toquinho permitiu que seu oponente fosse para o ataque, tentando um triângulo no segundo round. Era uma situação em que não estávamos acostumados a ver, mas que nesse caso, foi bom para ele.

"No primeiro round ele fez uma guarda que me travaou todo (triângulo no corpo), mas sobre essa tentativa de finalização, no segundo round, ele abriu a guarda. Eu estou acostumado a passar pelas piores tentativas de finalização nos meus treinos e tenho caras me sufocando o tempo aqui na BTT, então eu sei lidar com isso. A mesma coisa aconteceu quando o Horn tentou um katagatame e eu ainda estava com a mão quebrada. Eu treino para isso e eu não subestimo ninguém, mas eu sei como escapar das finalizações".

Esse sábado, Toquinho - que já teve oportunidade de lutar duas vezes no evento principal do UFC - retorna às preliminares pela segunda vez seguida para encarar Tomasz 'Gorilla' Drwal, pelo UFC 111. Essa será a quinta luta no UFC para os dois atletas e o brasileiro garante não se incomodar em competir no evento que não será transmitido pela TV.

"Eu não ligo para isso. Se eu merecer lutar na televisão, eles vão me colocar lá; caso contrário, não me colocarão, e eu não me sinto mal com isso. Meu trabalho é ir até lá e lutar. Não fico pensando em publicidade, pois sei que pode me prejudicar e tirar meu foco. Com o tipo de vida que posso oferecer à minha família hoje, não tenho essa obsessão".

Quando se trata de Drwal - que finalizou seu último adversário, Drew McFedries, no UFC 103, em setembro do ano passado - a aposta é que ele irá usar seus punhos como arma principal, enquanto Toquinho tentará levá-lo ao chão. É o clássico confronto striker vs. grappler, mas ele nega essa afirmação.

"Meu treinamento é sempre feito para encarar lutadores completos, com todos os tipos de jogos".

Ciente de que ele ainda não mostrou seu potencial total no UFC, ele espera ter um desempenho definitivo, conhecido por aqueles que o acompanham desde o começo.

"As pessoas me pedem para ter o mesmo desempenho que tive no Fury FC", Toquinho afirma, se referindo às três vitórias por finalização que teve em 2007. "Eu digo que esse não é meu objetivo. Eu quero mostrar muito mais do que aquilo e tenho certeza que alcançarei com meu treino".