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Lenda japonesa venceu torneio dos pesos-pesados do Ultimate em 1997
Kazushi Sakuraba será induzido ao Hall da Fama do UFC no dia 6 de julho. O anúncio foi feito na noite deste sábado durante o UFC 212. O ícone do MMA japonês, que venceu torneio de pesos-pesados do UFC em 1997, antes de se tornar a maior estrela do extinto PRIDE FC, entra no Hall da Fama na categoria da Era dos Pioneiros.
Sakuraba era naturalmente um peso-leve, mas seus talentos eram tantos que ele não apenas venceu alguns dos maiores meio-médios e médios de seu tempo, mas também competiu contra e venceu alguns dos melhores meio-pesados e até pesos-pesados.
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No começo do que seria uma carreira de 18 anos no MMA, que começou em 1997, “Saku” derrotou sete campeões ou vencedores de torneios do UFC: o campeão meio-médio Carlos Newton, os vencedores de torneios Royce Gracie, Guy Mezger e Vitor Belfort, o campeão da Superluta Ken Shamrock, o campeão meio-pesado Rampage Jackson e o campeão peso-pesado Kevin Randleman.
Ele também venceu Renzo Gracie, um ídolo dos fãs japoneses e, em sua única noite como lutador do UFC, se tornou um dos primeiros lutadores de outra modalidade a finalizar um faixa-preta de jiu-jítsu, Marcus “Conan” Silveira.
Falando de seu país natal, Sakuraba, de 47 anos, disse: “Quando pisei no octógono há 20 anos no torneio no Japão, nunca poderia sonhar que um dia seria convidado a fazer parte do Hall da Fama do UFC ao lado de outras lendas”.
“Desejo dividir esta honra com todos no mundo das artes marciais japonesas que, através do PRIDE, ajudaram a estabelecer uma era nos esportes de luta. Dei tudo o que podia na academia para aperfeiçoar minha técnica para que eu pudesse dar aos fãs o espetáculo que eles mereciam. Acredito do fundo do coração que esse foi o meu propósito na vida - e eu nunca parei de exceder os limites das minhas capacidades”.
O ícone japonês se junta a Maurice Smith, Joe Silva e Urijah Faber na classe de 2017 do Hall da Fama. A cerimônia de indução acontecerá em Las Vegas no dia 6 de julho como parte da Semana Internacional da Luta.
É curioso notar que enquanto Sakuraba era um wrestler amador ranqueado, que foi treinado pelo fabuloso Billy Robinson, seu primeiro amor era o pro wrestling. Na verdade, Saku apenas entrou no torneio do UFC Japão para gerar mais publicidade à sua carreira no pro wrestling.
O plano funcionou mais ou menos. No final, Saku finalizou o grande faixa-preta Conan Silveira, mas ao invés de chamar atenção para sua carreira no pro wrestling, a vitória no UFC atraiu os promotores do então recém-criado evento PRIDE FC.
Algumas outras vitórias no MMA vieram a seguir, antes do momento chave para a explosão de popularidade de Sakuraba - e do PRIDE: o duelo em novembro de 1998 contra o quatro vezes campeão mundial de jiu-jítsu, Royler Gracie.
Naquela época, a família Gracie tinha uma aura de invencibilidade ao seu redor. O sucesso de Royce Gracie no UFC apresentou a uma nova audiência a lendas da arte suave e a mitologia de que todo o clã estava invicto desde 1951. Foi nesse ano que o judoca japonês Masahiko Kimura venceu Hélio Gracie em uma infâme luta sem regras; os fãs do UFC hoje conhecem o termo “kimura”, que é usado para descrever a chave que encerrou aquela luta.
No PRIDE FC 8, história foi feita quando um lutador japonês usou uma kimura para derrotar um Gracie.
Sakuraba se tornou uma sensação nacional do dia para a noite - e a família Gracie ficou furiosa. Após meses protestando contra a interrupção da luta pelo árbitro, eles decidiram enviar a lenda Royce Gracie para encarar Sakuraba - mas apenas se o japonês concordasse com mais algumas regras.
O historiador do MMA japonês Dave Meltzer explica: “É insano que a luta entre Royce Gracie e Sakuraba aconteceu. Eles estavam lutando pelo torneio de peso aberto do PRIDE em 2000, mas no último minuto os Gracies vieram com todas essas novas demandas. Eles insistiram que Royce poderia usar kimono, pensando que ele poderia usá-lo como uma arma. Eles insistiram que não houvesse jurados, e que nem o árbitro, nem o médico ao lado do ringue poderiam parar a luta. Mas a coisa mais louca era que eles queriam que não tivesse limite de tempo - a luta continuaria até alguém desistir”.
Sakuraba concordou com cada mudança de regra, sabendo que todas foram feitas para que ele saísse derrotado.
No dia 1º de maio de 2000, por mais de 90 minutos, os dois mestres da finalização deram tudo de si em uma luta que jamais veremos igual novamente. Gracie teve seus momentos, mas nunca chegou perto de finalizar o japonês. Aos poucos, Sakuraba dominou.
Meltzer conta: “Chegou em um momento em que estava claro que Royce não iria desistir, não importa o que acontecesse. Muitas pessoas pensavam que sua perna estivesse quebrada, mas ele continuou. Eventualmente, no entanto, ele ficou exausto, e muito depois de quando todos achavam que Royce tinha a mínima chance de vitória, Hélio Gracie ordenou que a toalha fosse jogada. No fim, o amor de um pai prevaleceu e a luta foi parada”.
Inacreditavelmente, Sakuraba não parou por aí. Apesar de fazer - e vencer - a luta mais longa de MMA no século XXI, ele voltou ao ringue uma hora depois para encarar o lendário peso-pesado Igor Vovchanchyn - que tinha um cartel de 41-2 na época. Ele venceu os primeiros 10 minutos antes que - após 100 minutos de luta - seu fôlego finalmente acabasse.
Como Sean Shelby, o vice-presidente sênior do UFC, disse: “Os termos ‘guerreiro’ e ‘espírito de samurai’ nem começam a descrever o que Kazushi Sakuraba tinha. Ele é um dos mais expressivos, inovadores e maiores artistas marciais de todos os tempos”.
Enquanto a lenda de Sakuraba foi construída sobre sua capacidade de encarar e derrotar lutadores de elite que pesavam 10, 15, 20 quilos a mais que ele, é impossível não imaginar se nunca chegamos a vê-lo em seu melhor.
O presidente do UFC, Dana White, fã declarado de Saku, disse em 2013: “Sakuraba é um dos meus lutadores preferidos de todos os tempos. Ele lutou muito além de sua categoria de peso. É uma das maiores perguntas sem resposta - será que esse cara seria o maior de todos os tempos se tivesse lutado em sua divisão durante toda a carreira? Ele foi um tesouro nacional, mas eles continuavam o colocando para enfrentar caras 25 quilos mais pesados”.
A história pode nunca decidir se Kazushi Sakuraba foi um lutador maior do que qualquer outra lenda do esporte. Mas ninguém pode dizer que ele não conquistou seu lugar entre eles no Hall da Fama do UFC.
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