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Jeremy Stephens and Yair Rodriguez face off during UFC Mexico Ultimate Media Day
Blog do Marcelo Alonso

Stephens x Rodriguez e os 5 brasileiros no UFC México

Depois de duas semanas definitivas na divisão dos leves, marcadas por shows de Khabib Nurmagomedov (finalizando Dustin Poirier no UFC 242) e Justin Gaethje (nocauteando Donald Cerrone no UFC Vancouver) é a vez dos pesos-pena, Yair Rodriguez e Jeremy Stephens, protagonizarem mais uma edição mexicana do maior evento do mundo numa luta que tem todos os ingredientes para terminar em nocaute.

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Com um impressionante recorde de oito lutas no UFC e sete vitórias, Rodriguez chega motivado pelo nocaute do ano de 2018 sobre o experiente Zumbi Coreano, mas sabe que terá em Jeremy Stephens uma parada duríssima. Mesmo vindo de uma seqüência de duas derrotas (Aldo e Magomedsharipov), Stephens tem mais do que o triplo do número de lutas do mexicano (13 x 44). São 30 lutas só no UFC (15 vitórias e 15 derrotas). Para se adaptar à temida altitude da Cidade do México, Stephens fez o último mês de camp por lá junto com os parceiros mexicanos da Alliance MMA, que também estão no card: Marco Polo Reyes e Jose Quinonez.

Extremamente veloz e inventivo, Rodriguez deve tentar usar sua vantagem na envergadura para controlar a distância evitando a perigosa mão direita do “Lil Heathen”, repetindo a tática de Zabit Magomedsharipov, que aliás, tem um estilo análogo ao seu.

O melhor caminho para Stephens, que passou as duas primeiras semanas do seu camp treinando jiu-jítsu com o brasileiro André Galvão, seria usar seu melhor wrestling para repetir o que fez Frankie Edgar, derrubando e obliterando o mexicano no ground and pound. Mas a julgar pela “natureza violenta” do americano não consigo vê-lo fugindo à trocação franca que sempre marcou seu estilo nas 30 lutas que fez no UFC.

E é este controle de ímpeto que pode ser definitivo nesta luta. Se conseguir controlar seu usual desperdício de golpes, esperando Rodriguez buscar a luta empurrado por sua torcida, Jeremy Stephens tem mais armas para vencer, mas se decidir partir para a briga, as chances de o mexicano emplacar a tática bem sucedida aplicada por Renato Moicano e Zabit são grandes. Minha aposta é numa vitória de Stephens por nocaute.

Os 5 desafios brasileiros

O card terá ainda a participação de cinco lutadores brasileiros, sendo dois deles estreantes no evento.

Bethe Correia x Sijara Eubanks

Ex-desafiante ao cinturão peso-galo, Bethe Correia (#15) tenta se reeerguer após as derrotas para Holly Holm (nocaute) e Irene Aldana (finalização) enfrentando a norte-americana Sijara Eubanks (#14). Finalista da penúltima edição do TUF, Eubanks decidiu subir para a divisão dos galos após ter problemas recorrentes com a balança na divisão dos moscas onde sua diferença física vinha desempenhando papel importante no seu jogo tático. Na estreia nos galos contra Aspen Ladd, em maio último, porém “Sarj” passou a lidar com uma nova realidade e levou a pior computando a terceira derrota em seu cartel de sete lutas.  

Muito agressiva em pé e com um bom jiu-jítsu, Eubanks é franca favorita para a luta nas bolsas de apostas, mas a paraibana garante que vem pra surpreender. Com o boxe afiado pelo marido Edélson Silva e o chão muito bem treinado na BTT de Murilo Bustamante, Correia também se preocupou com a altitude na cidade do México, tendo feito um período de adaptação de três semanas já no local do evento.

Brasil

Ciente que o maior perigo da brasileira reside na trocação, Eubanks deve tentar levar a luta para o solo, onde é superior tecnicamente.

O melhor caminho para Bethe é manter a luta em pé sempre buscando o centro do Octógono e evitando o jogo de grade da oponente.

Vanessa Melo x Irene Aldana

Chamada na última quarta-feira  para substituir a contundida Marion Reneau contra a mexicana Irene Aldana, Vanessa infelizmente não conseguiu bater o peso na última sexta, ficando quase dois quilos acima do limite da divisão (63,5kg). Mas obviamente a adversária mexicana entendeu as circunstâncias e aceitou a luta, ficando com 30% da bolsa da brasileira.

Brasil

Faixa-marrom de jiu-jítsu, a paulista de 31 anos, aluna de Marcos Babuíno (Chute Boxe), chega à organização com um cartel de 14 lutas (nove vitórias e cinco derrotas). Número muito parecido com o da oponente mexicana, que tem 15 lutas (10 vitórias e cinco derrotas). A vantagem de Aldana estará no fato de fazer um camp completo, além de estar totalmente adaptada a altitude de sua cidade natal e ter na bagagem sete lutas no maior evento do mundo, já tendo inclusive vencido duas brasileiras: Bethe Correia (por finalização) e Talita Bernardo (decisão).

Mas quem conhece a história de Vanessa Melo sabe que, apesar de todas as adversidades, a brasileira está muito longe de entrar derrotada no Octógono no sábado.

Conhecida por seu espírito guerreiro, a atleta da Chute Boxe é famosa por andar pra frente em todas as suas lutas e nunca desistir. Ainda triste pela experiência de ter levado um calote de cinco mil dólares após vencer a americana Jan Finney no evento chinês BFC, a brasileira não hesitou em aceitar a luta com 10 dias de antecedência, mesmo que para isso tivesse que passar por outra provação: passar o aniversário de dois anos da filha Aysha longe dela e tentando desidratar para bater o peso. “Alguém vai ter que pagar por isso”, garante a brasileira que está invicta como mãe (não perde há cinco lutas).

Tendo o boxe como ponto forte, Aldana tentará manter a luta em sua zona de conforto, controlando o combate da média para a longa. Irene sabe que a brasileira, além de não ter feito um camp completo, terá problemas com a altitude se a luta chegar ao 3º round e deve buscar capitalizar em cima disso.

Já a brasileira deverá buscar uma luta inteligente sem desperdícios de energia desnecessários que a levem a sentir as conseqüência da falta de oxigenação em decorrência da altitude. A meu ver o melhor caminho para Vanessa seria evitar a movimentação da oponente, encurtando e levando a luta para a grade para tentar levá-la ao solo, sempre atenta ao excelente armlock da guarda da atleta local.

Ariane Carnelossi x Angela Hill

A outra estreante tem 26 anos e é oriunda do muay thai. Com cartel de 13 lutas e apenas uma derrota, Ariane Carnelossi fará sua primeira luta no maior evento do mundo contra outra especialista da luta em pé, a ex-campeã peso-palha do invicta Angela Hill. Vinda de uma seqüência de três derrotas em quatro lutas, Hill tem encontrado dificuldades contra oponentes que a neutralizam em seu ponto fraco, o wrestling. Contra a brasileira, porém, Hill acredita que poderá impor seu muay thai, mas a paulista promete surpreender. “O jogo dele casa muito com o meu. Ela nunca foi nocauteada, isso é uma motivação para mim, gosto de nocautear e vou lá buscar esse nocaute. Venho para fazer história.” disse a paulista ao repórter Zeca Azevedo do Combate.com.

Brasil

Treinando na equipe Inside, liderada por Hugo Gonçalves, Ariane também afia seu jiu-jítsu na Nova União, sob o comando de Márcio Mendes. Foi no chão, aliás, que sofreu a única derrota de sua carreira finalizada na estréia por Amanda Ribas (leglock) em 2014. Ex- campeã mundial de kickboxing, Angela Hill controla muito bem a distância e, apesar de não ter muito poder de nocaute, sabe como ninguém vencer lutas pontuando com jabs e golpes retos.

Para sair com a vitória, a brasileira precisa trabalhar da média para a curta, alternando combinações em pé com tentativas de queda, que não permitam que a americana controle o combate. Hill é favorita, mas se a brasileira usar o plano tático correto pode surpreender.

Marcos Dhalsim x Cláudio Puelles

Depois de ser finalizado na estreia pelo duríssimo Lando Vannata em fevereiro, Marcos Mariano “Dhalsim” pretende mostrar que não foi indicado por Anderson Silva para o evento apenas por sua amizade com a lenda. O paulista terá pela frente o peruano Cláudio Puelles, que vem de vitória por finalização sobre o brasileiro Felipe Silva. Aluno de Ivan “Pitbull” Ibérico e Alexandre Pequeno, Puelles tem o wrestling e a luta-livre como seus pontos fortes. Com apenas 23 anos, tem 10 lutas de MMA, tendo vencido oito delas (cinco por finalização e duas por nocaute).


Temos aqui um clássico confronto striker x grappler. Aos 32 anos, o paulista tem o muay thai como seu ponto forte. Se conseguir usar sua maior envergadura para controlar a distância e frustrar as quedas de Puelles, poderá conseguir o nocaute, mas caso o peruano consiga derrubá-lo, terá mais chances de chegar a finalização.

Vinicius Mamute x Paul Craig

Luta extremamente bem casada entre dois grapplers que têm tido problemas com strikers que defendem bem quedas. Faixa-preta de Pedro Galiza (BTT), Vinicius Mamute se mostrou extremamente unidimensional em suas duas primeiras lutas no UFC, contra Alonzo Menifield e Eryk Anders, que não tiveram problemas em defender suas quedas e nocauteá-lo.

Desta vez, porém, o brasiliense terá pela frente um oponente que adora a luta de solo e não tem boas defesas de quedas, o escocês Paul Craig, que tem sete lutas no UFC (quatro derrotas e três vitórias). Assim como Mamute, Craig penou diante daqueles que conseguiram frustrar suas quedas. Tanto que em duas de suas três vitórias vinha perdendo os três rounds, quando conseguiu uma finalização nos últimos segundos.

Posto isto, temos aqui uma luta que tem todos os ingredientes para disputar o bônus de Luta da Noite.

Pela primeira vez em sua carreira, Craig terá que manter a luta em pé se quiser conquistar a vitória, uma vez que o faixa-preta brasileiro tem um nível superior a ele na luta de solo. Por sua vez, Vinícius Mamute terá que mostrar alguma melhora na luta em pé se quiser derrubar o escocês, evitando assim sua terceira derrota seguida e uma possível demissão da organização.

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