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A pandemia causada pelo coronavírus teve um grande impacto no calendário esportivo mundial. No UFC, foram quase dois meses sem nenhum evento – e até a organização encontrar uma maneira segura de retomar os trabalhos, muitos combates foram cancelados.
Isso pegou todo mundo de surpresa, mas talvez uma das pessoas com a história mais frustrante é Karol Rosa. Originalmente escalada para lutar em 11 de abril em Portland, a peso-galo desembarcou nos Estados Unidos no dia 1º do mesmo mês, acompanhada da parceira de treinos Jessica Andrade, que lutaria no dia 18. As atletas adiantaram a viagem para os EUA na esperança de driblar qualquer dificuldade para entrar no país, mas todos os combates foram suspensos.
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“Eu estava treinando havia muito tempo. Quando cancelou, fiquei um pouco triste porque eu e meu mestre já estávamos lá nos Estados Unidos por causa da luta da Jessica. Mas continuei treinando porque sabia que poderia acontecer alguma luta mais pra frente”, disse.
“Quando anunciaram que teria lutas na Ilha, fiquei mais tranquila”.
Pois é: a Ilha da Luta foi a solução encontrada pelo UFC para voltar a realizar combates com atletas que teriam dificuldades para viajar. A Ilha de Yas, em Abu Dhabi, será a casa de todos os cards durante o mês de julho – e assim os lutadores que tiveram seus duelos cancelados poderão voltar a trabalhar.
Sendo assim, começou uma nova modalidade de preparação: o camp em quarentena. Com as academias fechadas, os atletas precisaram encontrar novas maneiras de manter a forma e afiar as técnicas.
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“O primeiro mês foi o mais difícil. O medo era maior, a gente ficou trancado dentro de casa”, conta a peso-galo Vanessa Melo. “Tenho uma filha pequena, ficava brincando e treinando com ela. Ela falava 'mamãe, eu quero fazer igual você', aí ficava lá comigo. Eu corria, pedalava e fazia um monte de coisa para tentar compensar os treinos”.
“Depois a academia abriu só para quem ia lutar, com todos os cuidados. Era da academia para casa, da casa para a academia. É uma preocupação gigantesca para não ficar doente”.
Para outros atletas, foi preciso sair de casa temporariamente e fazer um grande investimento para poder treinar da maneira mais satisfatória e segura possível. É o caso da peso-palha Luana Carolina, que foi morar em uma casa com outros atletas de seu time, e fez testes para detectar o Covid-19 semanalmente.
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“Tem uma casa perto da academia para o pessoal que não mora na cidade, e eu acabei vindo morar com eles. Minha casa é um pouco longe da academia, e eu moro com meus pais, então para não ficar indo e vindo, pegando condução, correndo o risco de me contaminar e transmitir, eu acabei morando lá”, conta a lutadora.
“Quase toda semana, quem estava na academia em camp fez teste para se prevenir. Mesmo estando todo mundo bem, a gente tem que ter atenção redobrada. Os professores investiram bastante”.
Os últimos meses têm sido bem diferentes do que estamos acostumados, mas ainda há um lado positivo a ser enxergado, mesmo com tantas mudanças de planos. Foi com essa mentalidade que a peso-palha Ariane Lipski encarou seu camp.
“Quando cai uma luta é muito frustrante, porque tem todo um preparo para aquele momento. Mas todas as vezes em que adiaram, eu não me deixei abalar porque pensei 'quanto mais adiarem, mais tempo a gente vai ter para trabalhar, então mais preparada vou chegar'. Eu sempre trabalhei a cabeça dessa maneira. E a gente ficou sabendo que ia pegar essa luta da maneira, então deu mais vontade de continuar treinando”, disse.
“É um momento difícil, o mundo todo está parado. A gente estava pedindo por uma luta, então podia ser qualquer lugar porque a gente quer trabalhar, não quer ficar parado. Estou muito feliz com a oportunidade de mostrar meu trabalho”.
Karol Rosa e Vanessa Melo fazem a 2ª luta do UFC 251, em 11 de julho. Já Ariane Lipski e Luana Carolina medem forças no UFC Fight Island 2, em 18 de julho.