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Um "problema" chamado Minotouro

A categoria meio pesada do UFC é reconhecidamente uma das mais, se não a mais, "encardida" de toda a associação. A quantidade de lutadores renomados, mais alguns novatos que chegam para sacudir, resultam em uma proporção que não deixa margens para apontar favoritos, opinar com certeza ou, muito menos, presumir resultados quando dois atletas até 93 quilos se encontram no octógono.       

A categoria, que teve quatro campeões diferentes nos últimos dois anos, vem se comprovando a cada evento que manter a reputação intacta é quase impossível. Ex-campeões como Chuck Liddell, Tito Ortiz e Randy Couture já vivenciaram o céu e o inferno em suas caminhadas ao longo desta talentosa divisão de peso. Até mesmo o atual campeão, Lyoto Machida (16-0), partiu um dobrado ao defender seu cinturão diante de Mauricio “Shogun” Rua em uma luta de cinco rounds.       

 

Aliado a todos esses fatores e alguns outros que dispensam detalhes, surge na impiedosa categoria do UFC o irmão gêmeo de Antônio Rodrigo "Minotauro" Nogueira, Antônio Rogério "Minotouro" Nogueira. Lutador dono de um boxe apurado e uma história que nos remete aos tempos do Pride, Rogério de 33 anos de idade, chega com ótimas credenciais no esporte de luta. Além de um bronze no boxe do Pan Americano de 2007, ele tem uma bagagem enorme no MMA. Derrotando nomes como Vladimir Matyushenko, Alistar Overeem, Dan Henderson, Kazuhiro Nakamura (duas vezes), Kazushi Sakuraba, Guy Mezger e Tsuyoshi Kohsaka, entre outros - Rogério é lembrado como "o cara" até mesmo nas derrotas, como no caso de sua guerra contra Maurício Shogun em 2005, apontada como a melhor do ano.        

Sendo assim, Rogério, com seu DNA de casca-grossa, precisava provar apenas que podia atuar onde os melhores estavam.   

  

"Por mais de três anos meu objetivo foi o UFC," ele disse antes da estréia. "O UFC tem os melhores talentos no mundo e eu sinto que serei testado como nunca fui testado antes na minha carreira."      

E não era para menos pensar assim, já que na sua estréia o UFC selecionou, no último sábado, dia 21 de novembro, como oponente o duro Luiz "Banha" Cané, atleta versado em Muay Thai e com um recorde de 3-1 dentro do octógono. Banha tinha a seu favor, para combater Minotouro, a maior experiência dentro do UFC e boas vitórias, como a decisão unânime contra Steve Cantwell no UFC 97 e o nocaute técnico sobre Rameau Thierry Sokoudjou no UFC 89. Aliado a isso o paulista havia trocado de equipe, e agora era parte da respeitada American Top Team.      

 

O primeiro round foi suficiente para Minotouro provar não apenas que fazer parte do UFC era um desejo, mas também um merecimento. Com um boxe solto e uma movimentação rápida, Lil' Nog (o pequeno Nogueira) derrubou seu compatriota com uma facilidade jamais imaginada em meros 1min:56s.

Que a vitória poderia ser conquistada por ele, ninguém tinha dúvidas, mas a forma como ela se desenhou, em menos de dois minutos, impressionou.

Se fica difícil conceber as dimensões do que Minotouro proporcionou naquele combate do UFC 106, assista a luta que Banha fez contra Sokoudjou, um conhecido nocauteador, e como ele absorveu todos os potentes golpes do camaronês até iniciar seu ataque . Por isso, se Minotouro era visto como uma boa adição à categoria meio pesada, agora ele passa ao status de ótima aquisição e lutador para se ficar ligado.  

"Eu estava pensando em usar meu jiu-jitsu, mas eu mudei meus planos e apliquei um bom nocaute. Eu estou muito feliz." Minotouro disse após a luta.   

 

Apesar de não mostrar nervosismo em nenhum instante do combate, Minotouro creditou sua a vitória ao fato de ter um bom time dando suporte. 

 

"Por ser minha primeira vez aqui, eu senti muita pressão, porque todo mundo sabe que o UFC é o maior evento," ele disse. "Mas eu tenho um bom time e um bom treinador, eles me ajudaram bastante, e eu me senti bem confiante. Acho que foi por isso que lutei tão bem."   

O desempenho de Minotouro também lhe rendeu o bônus de nocaute da noite e uma menção especial do presidente da associação, Dana White, que diante de todos os acontecimentos daquela noite de sábado em Las Vegas, apontou o nocaute do brasileiro como o feito mais que mais impressionante. Não apenas pela atuação, mas também como essa atuação sobrepujou um atleta do calibre de Banha.

Chegando deste jeito, abalando as estruturas da categoria, o irmão do ex-campeão interino peso pesado do UFC embola ainda mais o plantel dos atletas até 93kg.

Todos estarão ansiosos pela sua segunda apresentação, os que já conheciam Minotouro, e os que só o notaram, e lamentam por isso, a partir da edição 106 do UFC.