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Blog do Marcelo Alonso

Usman bota África no mapa do MMA. UFC agora tem campeões em 4 continentes

Confira uma análise do jornalista Marcelo Alonso sobre o UFC 235, realizado no último sábado (02)

Se havia alguma dúvida de que o MMA literalmente ganhou o mundo ela se foi no último sábado, quando o nigeriano Kamaru Usman venceu de maneira dominante (50-44, 50-44, 50-45)  o americano Tyron Woodley, que tentava sua quinta defesa de cinturão, e se transformou no primeiro lutador africano campeão do maior evento de MMA do mundo. Além de colocar a África no mapa do UFC, Usman fez história democratizando a divisão mundial dos atuais títulos do UFC por 4 continentes: Américas (Brasil e Estados Unidos), Ásia (Rússia e Quirguistão), Oceania (Austrália) e África (Nigéria).

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Ao final do evento, em entrevista a Joe Rogan, Usman emocionou a todos dedicando sua conquista a filha brasileira, Samira, fruto da sua relação com a curitibana Eleslie. Com a menina em seus braços, disse a Rogan: “Eu talvez não seja o melhor striker no mundo, talvez nãos seja o melhor wrestler puro no mundo, mas quando precisa misturar tudo isso, eu sou o melhor nessa m***. Quando esta menina nasceu, acendeu um fogo dentro de mim. Papai fez isso. Quando você crescer, quero que você lembre desse dia, OK?".

Impondo seu jogo de abafa desde o primeiro minutos da luta, Usman não deixou Tyron Wodley encontrar a distância para conectar seu perigoso overhand. Mais forte e usando muito bem seu jogo de grade, o nigeriano derrubou várias vezes o ex-campeão e chegou até a montada. No quarto round aplicou uma sequência que quase nocauteou Woodley.

Usman e a aposta em 3 cinturões africanos

Na coletiva de imprensa após o evento, Usman lembrou das dificuldades que passou em sua infância. Disse que na vila onde nasceu nem havia água potável e que pretende fazer um trabalho com uma fundação para melhorar a vida de seu povo. O novo campeão apostou ainda na vitória de seu compatriota Israel Adesanya sobre Kelvin Gastelum (UFC 236, 13 de abril) e ainda que o camaronês Francis Ngannou conquistará o cinturão dos pesados em 2020, completando 3 cinturões do UFC com lutadores africanos.   

Ao saber que teria grandes chances de realizar a primeira defesa de título contra o falastrão Colby Covington, Usman disse, em entrevista a repórter do Combate Evelyn Rodrigues, que dedicará a primeira vitória ao Brasil.

Jones vence e pode pegar Marreta na sequência

Numa noite sem muita inspiração, Jon Jones dominou Anthony Smith durante os cinco rounds. Graças a uma joelhada ilegal no quarto round, ainda teve dois pontos retirados. Mesmo assim ainda venceu com sobras (triplo 48-44).

O fato é que mesmo nas noites em que não dá show, Jon Jones tem feito sua parte para se tornar unâninimidade nas discusões dos fãs sobre o maior de todos os tempos. Seu cartel tem agora 24 vitórias e uma derrota (desclassificação por golpe ilegal). Com a vitória sobre Smith, Bones igualou as 12 lutas por título com vitórias de Demetrious Johnson, além de superar as 11 de Anderson Silva e ficar a uma do recordista Georges St-Pierre (13). Isso com apenas 31 anos (idade em que Anderson estreou no UFC).
 
Com o tempo a seu lado, Jon Jones tem sido bastante pragmático, evitando riscos desnecessários, tanto que tem deixado claro que não está muito animado em subir para os pesados para enfrentar Cormier ou Brock Lesnar. Dana White deixou no ar, inclusive, que sua próxima luta poderá ser contra o brasileiro Thiago Marreta, que nocauteou Jan Blackowicz na semana passada. E o próprio Jones teria aprovado a idéia.

Walker e Munhoz faturam bônus e sobem no ranking

Outros grandes destaques da noite foram os brasileiros Johnny Walker e Pedro Munhoz, que faturaram os bônus de 50 mil dólares, respectivamente pela Performance e Luta da Noite.

Depois de faturar dois bônus em suas primeiras lutas no evento (ambas não chegaram a 2 minutos), Johnny Walker faturou seu terceiro prêmio ao nocautear o duríssimo letão-canadense Misha Cirkunov com uma joelhada voadora a 36s de luta. Apesar do prêmio e da belíssima atuação o carioca mereceu um puxão de orelhas do patrão por ter contundido o ombro com sua tradicional “imitação de minhoca” na comemoração. “Esse garoto precisa parar de fazer palhaçadas. Uma contusão por conta de uma brincadeira destas pode ser muito ruim”, disse Dana White a repórter Evelyn Rodrigues.

Ao vencer o 14º do ranking, obviamente os desafios de Walker passam a crescer. Basta darmos uma olhada na fila logo acima: Shogun (13º), OSP (12º), Glover (11º), Manuwa (10º), Latifi (9º), Reyes (8º), Corey (7o), Blachowicz (6o), Oezdemir (5o), Marreta (4º), Smith (3º), Gustafsson (2º) e Cormier (1º).   

E por falar em ranking, quem subiu muitas posições na divisão dos galos com uma atuação impressionante neste UFC 235 foi o brasileiro Pedro Munhoz. O paulista partiu para a trocação franca e surpreendeu o ex-campeão Cody Garbrandt, considerado por muitos o melhor boxeador da divisão, ao conectar um cruzado certeiro a 4m52s do primeiro round. Ao nocautear o segundo colocado do ranking, Munhoz deve subir da 9º posição para encostar no compatriota Marlon Moraes, que após o nocaute sobre Raphael Assunção (3º) passou a ser o primeiro do ranking da divisão.

Caso o UFC opte por fazer a revanche entre o campeão TJ Dillashaw e Henry Cejudo, agora valendo o cinturão dos galos, faria sentido que Marlon e Munhoz se enfrentassem para definir o próximo desafiante ao cinturão, mas caso esta superluta não seja realizada de imediato, Marlon poderia ir direto para o title shot. Agora só nos resta aguardar pelas definições dos matchmakers do UFC.

A bela estreia de Ben Askren

Parceiro de treinos e amigo pessoal de Tyron Woodley, o wrestler Ben Askren, invicto no MMA (com 19 lutas), passou maus bocados nos segundos iniciais de sua estreia contra o ex-campeão Robbie Lawler. Totalmente unidimensional, levou uma série de golpes e, tonto, acabou sendo arremessado ao solo. Diante da saraivada de golpes na sequência, Herb Dean chegou a se aproximar ameaçando interromper a luta, mas a explosão inicial do ex-campeão acabou cobrando um preço. Diante do wrestler que representou os EUA nas Olimpíadas de Pequim, ao lado dos atuais campeões do UFC Henry Cejudo (moscas) e Daniel Cormier (pesados), Lawler cansou e acabou sucumbindo ao temido grappling de Askren que, na sequência, encaixou um estrangulamento conhecido nos EUA como bulldog choke, levando Herb Dean a interromper o combate. Se Lawler já estava apagado ou se o árbitro foi precipitado na decisão de preservar Robbie, é uma discussão que não vem ao caso, afinal de contas o golpe estava encaixado e ainda faltavam quase 2 minutos para o fim do round. Ou seja, se ainda não estava apagado, Lawler que tem a luta de solo como seu ponto fraco, certamente acabaria apagando uma vez que a oxigenação para seu cérebro estava interrompida.

Com esta bela estréia Askren deixou se cartão de visitas e mostrou que sua troca por Demetrius Johnson foi uma excelente jogada do UFC para trazer emoção a divisão dos meios-médios. Se ele conseguirá sobreviver aos excelentes strikers que povoam o ranking desta divisão, até testar seu wrestling contra o novo campeão, ainda é cedo para dizer. Por enquanto, adoraria vê-lo testando seu jogo de grappling contra Demian Maia. Ao contrário de outros wrestlers como Colby Covington, Kamaru Usman e Tyron Woodley, que evitaram derrubar Demian mantendo a luta em pé, Askren não gosta de se arriscar em pé, e é considerado um gênio do Folk Wrestling (wrestling universitário americano), que prima pelas técnicas de transição no solo. Certamente seria um confronto de estilos interessantíssimo para os fãs.
         
Voltando ao UFC 235, outro grande destaque da noite foi o primeiro campeão do "The Ultimate Fighter", Diego Sanchez. Aos 37 anos de idade, Diego foi aclamado pela torcida em Las Vegas ao conseguir vencer em sua 40º luta de MMA o 10 anos mais novo Mickey Gall, com um nocaute técnico aos 4m13s do segundo round, mostrando que a velha geração do esporte, quando casada contra oponentes corretos, ainda tem muita lenha para queimar.

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Jon Jones é o maior de todos os tempos?

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