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Entrevistas

Você precisa conhecer: Bruno “Blindado” Silva

Imagine que você é um lutador de MMA. Você se dedica aos treinos, acumula vitórias no circuito nacional, consegue lutar em outros países e, finalmente, recebe uma proposta do UFC. Mas antes de sequer conseguir pisar no Octógono, você leva uma punição que te impede de lutar por dois anos.



Isso foi basicamente o que aconteceu com Bruno Silva, o “Blindado”. Em 2019, o paraibano foi chamado para lutar no Ultimate, mas o duelo foi cancelado após o brasileiro ser acusado de uma violação da política antidoping.

“Foram doi anos gastando dinheiro e pagando por coisa que eu não fiz”, relatou o atleta em conversa com a reportagem do UFC Brasil.



O caminho não foi fácil. Dono de um cartel de 19 vitórias e seis derrotas, o paraibano de 31 anos, integrante da equipe Evolução Thai em Curitiba se destacou ainda mais por sua trajetória na Rússia, onde fez três combates e nocauteou seus oponentes, todos locais.



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Bruno Blindado, peso-médio brasileiro

Mas Bruno tem ciência de que um caso de doping pode ser extremamente prejudicial à carreira de um atleta. Por isso, ele conta que se manteve firme, e que esperaria o tempo que fosse necessário para fazer a sua estreia no Ultimate.



“Poxa, eu trabalhei tanto. Eu fui o primeiro campeão brasileiro a ganhar na Rússia, o único brasileiro a nocautear três russos dentro da Rússia. Eu tenho uma história tão bonita para de repente, no meu maior sonho, ser humilhado. Isso acaba com a sua reputação. Então eu tinha medo [de não lutar no UFC]. Mas Deus é bom comigo, e rapidamente minha estreia foi marcada.



“Em momento nenhum o UFC me deu as costas. Eles tinham todo o motivo para me demitir porque eu não fiz nenhuma luta e fui pego no doping, mas mesmo assim acreditaram em mim. Eu falei que se fosse para sair pela porta dos fundos, eu não queria. Independente do tempo que seja, eu vou lutar. Eu espero, não ligo para dinheiro, eu vou fazer a minha estreia. Eu vou mostrar meu valor.



Durante o tempo da suspensão, Bruno conta que teve muitos aprendizados. Supostos amigos se afastaram, críticas vieram de vários lados. Ele aproveitou para competir no jiu-jítsu, para não ficar parado. Mas a grande mudança mesmo foi o nascimento de Laura, a filha do lutador.

E de acordo com o paraibano, sua motivação mudou completamente.



“Eu sempre lutei por uma história, e o dinheiro foi consequência. Eu sou de Cajazeiras, na Paraíba, lá do interior no meio do mato. Se fosse por dinheiro, tu acha que ia ter dinheiro lá em luta? Depois que casei é uma outra responsabilidade, você pensa na sua casa, no seu lar, no conforto. Quando veio a Laura, aí é totalmente diferente. Não é só o futuro dela financeiramente, mas também o exemplo. O maior exemplo que eu quero deixar para ela é isso. Se eu saí lá do interior da Paraíba, cheguei no maior evento da Rússia, e cheguei no maior evento do mundo trabalhando, ela vai ter a inspiração em casa”, disse.



“É uma responsabilidade muito grande para mim. Não vou dizer que vou lembrar dela na hora da luta, porque eu acredito que não vou. Quando entro no vestiário, tento limpar a cabeça do mundo todo. Eu só penso em um cara, que é meu adversário, porque não gosto de pensar em nada que me deixa emotivo. Mas até chegar no vestiário, todos os dias eu penso nela, na minha esposa, na minha casa e na minha família. E ela um combustível a mais. Quando eu olho aquele sorriso dela, daquele jeito dela, eu fico até com o olho cheio d'água”.

Fiz um lutaço com o Vitor Miranda, e dali em diante minha vida mudou.

“Quando lutei no TUF, eu peguei o cara mais duro da temporada e um dos caras mais duros no mundo na categoria na época, que era o Vitor Miranda. Eu era um moleque de 24 anos que estava indo lá para apanhar do Vitor Miranda. Eu fiz um lutaço com ele, e dali em diante a minha vida mudou”, conta.



“Eu mudei muito, evoluí muito. Na época eu nem tinha equipe de muay thai, de wrestling, nem sabia o que era isso. Para mim, wrestling era comida. Eu só sabia sair no soco, eu só era porradeiro. Comecei a treinar chão pela falha, porque eu não sabia nada, e eu mesmo era meu professor na parte em pé quando eu lutei com o Vitor Miranda. Mesmo assim a gente fez uma luta muito dura. Ele foi o único cara a me nocautear até hoje”.



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Brasil x Brasil – Uma rivalidade

Já no seu primeiro desafio no UFC, Bruno terá um rival pela frente. Ele revela que já teve suas rusgas com Turman, e que agora poderão acertar as contas no Octógono.



“Ele me desafiou no submission. Eu sou do striking, sou da porrada, então muita gente achava que eu não tinha chão. Só que eu fui lá, eu treino chão. E ganhei dele na área dele. A gente não se gosta muito não, sabe? Isso é mais um motivo. Ele é um cara muito chato, então vamos resolver isso”, declarou, afirmando que preferia enfrentar alguém de outra nacionalidade.



“O brasileiro é o bicho mais duro do mundo. Imagina você lutar com um cara que está devendo conta de água, conta de energia, pensão e tem família para criar em um país que ninguém ajuda atleta? Ou seja: se você não matar o cara, ele não cai. Eu já lutei com russo e francês, mas brasileiro é disparado o mais duro do mundo, o mais difícil de enfrentar. Ele se adapta a qualquer lugar. Eu, particularmente, queria um americano ou alguém de qualquer outro país. Não queria um brasileiro. Mas já que mandaram um que é meu rival, então obrigado, UFC. Tô pronto para dar porrada logo”.



O UFC Vegas 29 será transmitido ao vivo pelo Canal Combate a partir de 17h (horário de Brasília).



Confira o card do evento