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Elo de 20 anos liga Valentina Shevchenko e treinador Pavel Fedotov

 

Após décadas trabalhando como treinador de artes marciais, Pavel Fedotov precisa ser "curto e grosso". Seu trabalho não é algo leve, e as pessoas podem se machucar, então quanto mais direto ele for, melhor para seus lutadores.

Assim, quando ele fala sobre uma integrante desse grupo, Valentina Shevchenko, antes da maior luta de sua carreira, que acontece no sábado (8) contra Amanda Nunes, Pavel não diz que sabia que a jovem Valentina tinha potencial para ser campeã assim que entrou em sua academia.

"Quando a mãe da Valentina a levou para a minha academia, eu já tinha vários alunos adultos que eram parte do time nacional. É por isso que não prestei muita atenção nela. Elas eram crianças que encaravam o treino como brincadeiras".

A criança logo se tornou um prodígio, e o que chamou a atenção de Fedotov não foi a técnica de Shevchenko, mas sim seu coração.

"Depois de vários anos, quando senti que ela e sua irmã mais velha, Antonina, estavam levando os treinos a sério, comecei a prestar mais atenção a elas. A Valentina era uma garota valente. Ela encarava meninas e meninos mais pesados e mais experientes sem medo. Às vezes um soco forte fazia com que ela parasse, mas ela se levantava e começava a lutar de novo. Às vezes ela chorava, mas continuava lutando com a mesma intensidade. Era perigoso para ela, e eu evitava colocá-la contra os garotos maiores porque quando ela os acertava, eles ficavam com raiva e poderiam machucá-la. Mas naquela época ela ainda não sabia dosar a força nos treinos".

Mais de 20 anos depois, a chama de Shevchenko não diminuiu, e ela chegou ao topo do mundo do MMA, a apenas uma vitória de se tornar campeã. Fedotov esteve ao seu lado durante todo o caminho, e junto com Antonina, uma renomada kickboxer, o trio deixa de ser formado por lutadoras e um treinador, e se torna uma família.

 
Training. Colorado. June 2017 #MyCoach #PavelFedotov #ufc213 #teamBullet @pavelfedotov_procoach
A post shared by Valentina Shevchenko (@bulletvalentina) on Jun 24, 2017 at 3:34pm PDT

"O Pavel está sempre me guiando e nunca parou. Ele passou a vida inteira pensando em diferentes técnicas e táticas, e está sempre olhando para frente. É por isso que estamos treinando tanto, e nós somos um grande time. Mas não só no esporte, porque viajamos e passamos bons momentos juntos. É como uma família", disse Shevchenko.

Esse tipo de lealdade já é rara na vida, imagine no MMA, onde lutadores trocam de treinadores em um instante. Este não é o caso.

"Os mais tradicionais do MMA valorizam a lealdade. Os treinadores precisam ser fiéis aos alunos, e os alunos aos treinadores. Mas certamente é muita sorte ter um bom aluno e um bom treinador que confiam um no outro. A confiança é a coisa mais importante nos esportes, negócios ou qualquer relação".

Essa familiaridade também ajudou Shevchenko a tratar a preparação para a luta como qualquer outra. Sim, é a luta principal do UFC 213 e um cinturão está em jogo, mas Fedotov garante que o camp para o dia 8 de julho não foi muito diferente dos anteriores.

"Para a última luta, treinamos na Gracie Barra em Houston e na Houston Muay Thai. A segunda parte da preparação foi na 303 Training Center em Denver, Colorado. E agora estamos repetindo a dose, a única diferença é que começamos o camp na Tiger Muay Thai Gym, na Tailândia".

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Percebe-se que Fedotov não é do tipo de técnico que faz o atleta treinar sempre com os mesmos parceiros. Em vez disso, eles evoluem com intercâmbios.

"Cada academia é um mundo. Outra atmosfera, outra técnica, mais parceiros de sparring, mais experiência. Quando um aluno está começando, é melhor ficar em apenas uma academia, com um treinador. Mas quando ele chega a certo nível, é melhor viajar e treinar em outras academias para afiar suas habilidades".

A prova deste método é Shevchenko, de 29 anos, 17 vezes campeã mundial de Muay thai com vitórias em 14 de suas 16 lutas no MMA. É claro que ela pode lutar, mas será que ela conseguirá lidar com tudo o que engloba uma luta de tanta magnitude como a deste final de semana?

"A Valentina tem mais de 20 anos nas artes marciais. Ela já fez centenas de lutas em diferentes estilos, e é por isso que sabe controlar suas emoções e sabe como é importante se concentrar em coisas reais antes da luta. A concentração é prioridade no treino".

Pavel mantém as emoções controladas quando perguntado sobre como se sentiria vendo Shevchenko ganhando um cinturão do UFC.

"Estamos fazendo de tudo para conquistar esse título. Significaria muito para mim, e também para a Valentina. O UFC é hoje a maior organização de artes marciais, então ganhar o cinturão significaria muito para qualquer treinador e lutador".

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