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Estudo e trabalho duro: como Demian Maia chegou à elite do UFC

 Brasileiro disputa o cinturão dos meio-médios no UFC 214


Muitos lutadores de MMA literalmente vivem o esporte 24 horas por dia. Depois dos treinos na academia, eles assistem a outros combates, acompanham matérias online e até jogam jogos de luta no videogame e celular. Demian Maia, que luta pelo cinturão dos meio-médios neste sábado (29), não faz parte deste grupo.

Na casa onde mora em São Paulo, o especialista em jiu-jítsu conhecido pelas sólidas performances que o renderam 19 vitórias no UFC é simplesmente Demian, marido e pai dedicado.

"A gente não vê luta em casa", conta Renata Maia, esposa do atleta. "Ele desliga mesmo a chavinha. O Demian acorda sempre no mesmo horário, toma café com as crianças. A gente tem galinha em casa, então ele vai pegar os ovos com as crianças, sempre fica com elas antes de ir treinar e coloca para dormir de noite. Ele é bem presente como pai, sempre tem um ritualzinho. Ele acende lareira quando está frio, ou fica tocando violão, que ele está aprendendo".

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Mas nem sempre foi assim. Antes de formar família e ser um dos ícones do MMA, Demian era um estudioso do jiu-jítsu que dividia seu tempo entre a academia e a faculdade de jornalismo. E quem o vê hoje no octógono, encaixando estrangulamentos com aparente facilidade, dificilmente pensa que o paulista não é um tipo de fenômeno natural da arte suave.

"Ele tinha muita vontade, mas não tinha um destaque técnico na época. (...) Ele é mais o que eu acredito ser o sentido de trabalhar duro, ter dedicação e comprometimento, do que ser um super talento natural. Isso é o que faz ele ter sucesso", diz Fabio Gurgel, líder da Alliance jiu-jítsu, onde Demian treinou da faixa azul à preta.

O interesse e a dedicação eram tão grandes que o paulista decidiu abandonar o conforto de casa para ficar imerso no mundo do jiu-jítsu. Leo Vieira, prestigiado campeão mundial que na época acabava de ter recebido sua faixa-preta, relembra ter aberto as portas de sua casa em São Paulo, onde também moravam Leo Negão, o lendário Fernando Tererê e Leandro Vieira, irmão de Leo que hoje é o treinador de jiu-jítsu na AKA, equipe do campeão Daniel Cormier.

"Como todo iniciante no esporte, ele era muito entusiasmado e queria aprender tudo de uma só vez. Passava a maior parte do seu dia na academia e voltava pra casa tarde da noite, isso quando não dormia na casa que eu tinha", disse. "Demian ganhou o direito de morar conosco mesmo sendo menos graduado pois sua dedicação e disciplina eram o que procurávamos em atletas. Esta fase fez com que ele evoluísse muito o seu jiu-jítsu em poucos anos, pois morar com atletas mais graduados era como ter aulas particulares 24 horas por dia".

E deu certo. Depois de ganhar campeonatos mundiais e ter sua primeira experiência no MMA, Demian foi graduado à faixa preta e, algum tempo depois, fez a transição para o MMA em tempo integral - o que sempre foi seu objetivo. Em 2007, ele chegou ao UFC com um cartel invicto e conquistou cinco vitórias seguidas no evento, disputando o cinturão dos médios contra Anderson Silva em 2010.

Foi depois da derrota para Chris Weidman, em 2012, que veio a decisão de descer para os meio-médios. Mas a grande mudança que aconteceu na época não foi o peso, e sim a reformulação de sua equipe e o que chamam de volta às raízes do grappling. A meta agora não era ser um lutador completo, mas sim um lutador de jiu-jítsu dentro do maior evento do planeta.

Atualmente a dedicação de Demian é diferente.

"Ele tem menos desperdício no treino dele, não faz mais treinos por treinar. Além das coisas que a equipe planeja, ele faz muito planejamento para si mesmo. Ele cria objetivos para ele naquela semana que às vezes nem conta para nós. 'Ah, essa semana eu quero melhorar a posição tal na transição do single leg para as costas porque vou começar a testar com o cotovelo desse jeito, o ombro aqui, o quadril para lá'. Isso faz com que a técnica dele fique cada vez mais apurada", diz Eduardo Alonso, head coach.

E não é apenas aprender. Demian Maia faz questão de transformar os anos de dedicação aos esportes em conhecimento para seus alunos.

"A luta contra o Jorge Masvidal aconteceu em um sábado. Na segunda-feira seguinte, já no Brasil, o Demian estava puxando um treino", conta Alonso. "No dia seguinte, às sete da manhã, ele foi dar aula de novo. Isso resume como ele gosta de dar aula, treinar, e o respeito que tem pelo jiu-jítsu, pelas pessoas e pelos alunos. O sucesso não subiu à cabeça dele, e isso faz muita diferença".

Sucesso é o que não falta na carreira de Demian Maia. Ele já faturou títulos nos grandes campeonatos de jiu-jítsu com e sem quimono, e agora terá a chance de conquistar também o cinturão do UFC.  

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