Conheça mais sobre a história do lutador que mais vezes defendeu seu cinturão no UFC
Grandiosidade é algo engraçado. Para muitos, está claro que aqueles que possuem esse título mítico foram presenteados com algo extra em suas habilidades, como driblar jogadores, ter precisão nos arremessos ou saber rebater uma bola.
Em esportes de combate, no entanto, a ideia de nascer com o talento de derrotar um oponente em um ringue ou no octógono é um pouco mais complicada. Não existem olheiros buscando crianças que podem vencer uma luta de rua de maneira devastadora ou bolsas escolares para alunos de jiu-jitsu ou karatê.
No boxe, kickboxe, wrestling e MMA, a grandiosidade é desenvolvida em silêncio, com o trabalho duro sendo o principal ingrediente para levar o atleta de "comum" para "especial".
Demetrious Johnson foi um bom atleta no colégio, bom o suficiente para perder dois títulos estaduais de wrestling. Mas o que o futuro reservava para um homem pequeno que era bom, mas não pertencia à elite dos tatames? O futuro começou na faculdade, mas eventualmente as lutas profissionais estariam em seu caminho.
Assim como os wrestlers, lutadores profissionais de baixa estatura raramente conseguem a atenção que merecem. Então enquanto o início da carreira de Johnson passou desapercebido em suas dez primeiras vitórias, a não ser pelo seu trabalho com Matt Hume, ninguém imaginaria o lutador que ele viria ser, e esse lutador trabalhou durante muito tempo em um galpão em Tacoma, para conseguir uma renda extra.
O chefe dele na época, Pete Bohockey, assistiu Johnson chegar ao serviço, fazer seu trabalho e então correr para a academia antes de lutar aos finais de semana. Isso ocorreu durante a passagem do lutador pelo WEC, onde conheceu a primeira derrota em sua carreira, para Brad Pickett, e onde bateu Nick Pace e Damacio Page. Assim que ele entrou no UFC e conquistou vitórias sobre Kid Yamamoto e Miguel Angel Torres, ele passou a ser lutador em tempo integral. A mudança foi aceita de bom grado por Bohockey.
"Meu chefe, eu amo aquele cara até a morte e ele me apoiou muito", me disse Johnson antes de vencer John Moraga em 2013. "Eu trabalhava para ele mesmo como amador. Eu dizia, 'Hey, eu tenho que lutar nesse final de semana, então posso usar a sexta pra cortar peso? Então eu luto no sábado e volto a trabalhar na segunda'. Ele sempre me dizia 'absolutamente'. Ele era um grande fã de MMA e eu me lembro quando eu ia lutar no WEC, eu perguntava se podia tirar a semana de folga, e ele me dava esse tempo. Ele sempre me disse que me demitiria se eu desse mais importância ao trabalho do que à luta. Ele apenas acreditou em mim".
Os fãs de luta também acreditaram em Johnson, e enquanto ele perdeu sua primeira oportunidade de título no UFC para Dominick Cruz em 2011, a decisão do UFC em criar a categoria peso-mosca deu a ele a plataforma que precisava para brilhar.
O resto é história. Johnson derrotou Joseph Benavidez em setembro de 2012 para se tornar o primeiro campeão peso-mosca do UFC, e ele ainda não parou de vencer, praticamente limpando a divisão onde ele conquistou oito vitórias sobre sete lutadores do top 15.
Mas foi a maneira que ele conseguiu suas vitórias que subiram seu status de bom campeão para o maior de todos os tempos. Os três lutadores que deram mais trabalho a ele nos moscas - Benavidez, Ian McCall e John Dodson - foram trucidados durante suas revanches. E em uma divisão conhecida por não produzir muitos nocautes e finalizações, Johnson conseguiu finalizar em sete de suas 11 defesas de cinturão, com sete bônus pós-luta também.
Nós também podemos ver o desempenho desses lutadores APÓS serem derrotados por Johnson, para vermos como ele é realmente bom, já que nomes como Benavidez, Henrcy Cejudo e mais recentemente, John Moraga, mostraram grande potencial. Isso não é como Wladimir Klitschko dominando uma era fraca de pesos pesados no boxe, mas sim um lutador especial que está, sem dúvidas, um degrau acima de toda uma oposição de qualidade.
E além disso tudo, Johnson mantém um nível de profissionalismo raro nos esportes de hoje em dia. Ele é pai e marido, um atleta que vai na academia para se superar diariamente e que tem um único vício: videogame. E enquanto ele sabe o seu lugar na história do esporte, ele também não busca nada diferente que o motive ao levantar da cama pela manhã.
"Eu me motivo naturalmente", ele me disse antes da luta contra Tim Elliott. "Eu não estou saindo em busca de motivação ou de algo que desperte um fogo para que eu vá e lute novamente. Eu só gosto de me manter em forma e amo aprender e competir. E foi esse trabalho que escolhi para mim e para a minha família. É assim que levo o pão para casa.
Ninguém fez melhor na história do UFC. E a parte que mais assusta é que ele tem apenas 31 anos e parece estar cada vez melhor. Seu segredo? Manter-se focado.
"Eu me tornei campeão, mas você ainda tem que se manter humilde pois eu sei que se perder minhas próximas lutas, as coisas mudarão drasticamente", ele me disse em 2013. "Então eu me mantenho himulde, treino duro, e eu sei que um dia eu posso arrumar um trabalho das 9 às 17h, mas eu continuo me dizendo que vou treinar o mais duro que poder, pois assim posso continuar provendo as coisas para a minha família. Você precisa se manter humilde. Você vê isso o tempo todo com atletas profissionais; eles ganham dinheiro durante toda a carreira e mais tarde estão todos endividados. Eu não quero terminar nessa lista. Então busco me manter esperto, vivo com meus conceitos, continuo treinando e vou para toda luta como se fosse a luta da minha vida!".
