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A emoção ainda não acabou para Randy Couture

Por Thomas Gerbasi

Randy Couture tem 46 anos de idade. Não existe começo em torno dele e certamente sempre que esse membro do Hall da Fama fica as voltas com a mídia, parece que ele carrega um peso enorme por estar perto dos 50 anos de idade. Mas vou confidenciar um pequeno segredo - ele realmente não se preocupa com o que diz a data de sua certidão de nascimento.

Claro que ele sabe que está mais perto do fim de sua carreira do que a maioria dos lutadores de elite no MMA, mas Couture ainda é relevante, ainda é perigoso, ainda ama o esporte e ainda busca as melhores lutas possíveis.

"É o que é intrigante, o que é divertido, o que é interessante para mim, e que é mais importante nesta fase onde as coisas estão", ele disse. "Eu ainda tenho empolgação em lutar e competir; sinto-me abençoado e feliz cada vez que eu consigo lutar e eu percebo, racionalmente, que em algum ponto tudo isso vai chegar ao fim e provavelmente muito em breve. Mas eu ainda sinto que estou ficando melhor, eu estou me mantendo bem, não estou diminuindo o ritmo e então eu vou onde as oportunidades se apresentam. E até agora, as lutas e as oportunidades interessantes têm sido até 93kg".

Um longo ano de aposentadoria após a derrota por nocaute em 2006 para Chuck Liddell na divisão meio-pesada, Couture voltou para o octógono como um peso-pesado em 2007 e começou ganhando a coroa, pela terceira vez, ao vencer Tim Sylvia, e então defendeu a mesma contra Gabriel Gonzaga, antes de perder o título para Brock Lesnar em 2008. Depois disso, ele fez uma guerra de três rounds com Rodrigo "Minotauro" Nogueira em agosto do ano passado, amargando uma derrota por decisão unânime e em seguida decidindo por retornar à divisão dos meio-pesados. E embora o início de sua segunda passagem (UFC 105 em novembro de 2009) tenha ficado longe de ser espetacular, ele derrotou Brandon Vera por decisão, colocando-o de volta entre os competidores de alto nível.

"Eu me senti bem", Couture disse sobre vida de volta aos meio-pesados. "A redução de peso não foi nada difícil e eu não esperava que fosse. Eu nunca tive problemas em conseguir ficar abaixo dos 93-93,5 kg e não é uma grande perda de peso, por isso não é uma dificuldade real. Eu reforço um pouco meus hábitos alimentares e fico ligado nas coisas um pouco mais perto da semana da luta. É bom estar lutando com caras do mesmo tamanho que o seu. Taticamente, isso faz a diferença. Você não tem que ser tão estratégico com algumas das posições e por isso você não fica tão preocupado com as coisas que tem que fazer quando o cara é muito maior que você".

Taticamente, Couture estava afiado como sempre, executando um planejamento metódico que sufocou o ataque explosivo de Vera, e manteve o cinco vezes campeão do UFC no controle da maior parte da luta. Foi uma prova positiva de que apesar de estar com 40 e poucos anos, existem algumas coisas neste jogo que só vêm com o tempo.

"A experiência é a chave e eu descobri que sou muito bom em aderir ao que eu preciso fazer", Couture disse. "Eu raramente entro em uma situação onde me perco e isso parece funcionar".

É este tipo de disciplina que tem sido uma marca dos quase 13 de carreira de Couture. Mesmo quando se fala de seu adversário da próxima noite de sábado na luta principal do UFC 109 - Mark Coleman - é claro que uma das coisas que as pessoas mais respeitam sobre o "The Natural" é a sua capacidade de manter a calma sob pressão, analisar rapidamente uma situação e se ajustar de acordo. É um dom que Couture disse que adquiriu sob pressão quando jovem.

"Eu aprendi desde cedo, com 20 anos de idade eu já tinha dois filhos, e tentava conciliar todas as coisas no trabalho e depois ia para a faculdade, tendo uma esposa e dois filhos, enquanto competia em alto nível no NCAA", disse ele. "Você se torna um malabarista, você está mantendo um monte de coisas no ar, e você aprende a compartimentar as coisas para que uma área não fique no caminho da outra, e você meio que tira o máximo proveito de si mesmo. E essa formação e as primeiras experiências me deram a dinâmica para ser capaz de fazer isso, e eu partia um dobrado quando os problemas surgiam. Eu estou fazendo um monte de coisas diferentes - eu tenho as empresas e todos os tipos de outras coisas que eu estou tocando, e felizmente eu consegui um ótimo pessoal, pessoas que me ajudam a conciliar tudo isso, e seria muito, muito mais difícil e talvez impossível sem essas pessoas, mas eu consegui colocar as coisas em caixas, depois coloquei de lado e me concentrei no que preciso me concentrar agora e descobrir as prioridades, fazendo com que elas se alinhem - isso foi algo que consegui".

Ao longo do caminho, ele também conseguiu construir um dos maiores currículos do MMA, que começou com uma vitória de 56 segundos sobre Tony Halme no UFC 13 de maio de 1997. Outra vitória naquela mesma noite sobre Steven Graham, e duas lutas mais tarde, ele era o campeão dos pesados do UFC. Sua defesa em primeiro lugar? Mark Coleman no UFC 17 de maio de 1998.

"Eu estava animado com a oportunidade e eu o via como um grande desafio", Couture disse do encontro inicialmente agendado com Coleman. "Aquele foi realmente o auge da carreira de Mark".

Infelizmente, uma lesão na costela tirou Couture da luta, e Coleman posteriormente foi nocauteado por Pete Williams, adiando assim a luta dos sonhos, aparentemente para sempre.

"Eu estava ansioso para a luta e fiquei decepcionado por não ter a chance de competir devido da lesão, e depois de ver Mark lutar mal e ser batido por Pete Williams, eu estava tipo 'maldição. Eu provavelmente poderia ter vencido a luta'", Couture disse. "Eu nunca fui um cara nocauteador, por isso não teria sido como Pete fez, mas acho que tinha uma chance de vencê-lo."

Depois de outra derrota no UFC, Coleman iria sair para ressuscitar sua carreira na organização Pride do Japão. Couture também teria uma temporada de quase três anos no Japão, lutando pelas organizações RINGS e Vale Tudo Open, antes de retornar ao UFC, primeiro para uma luta contra Kevin Randleman em 2000, e em seguida com um bom ano en 2001. Okay, ele nunca mais pensou em lutar com Coleman novamente, mesmo assim ele mantinha um olho no wrestler da mesma categoria.

"Eu sou um daqueles tipos de caras que deixam as coisas acontecerem", disse Couture. "As coisas acontecem da maneira que deveriam e elas funcionam do jeito que supostamente deveriam também. Eu realmente nunca me preocupei com uma nova luta. Claro que assisti Mark competir, porque ele era outro wrestler e fiquei intrigado pela forma como ele aplicava o wrestling nas lutas e eu achava que havia coisas que eu poderia aprender com o estilo dele. Então, eu absolutamente prestei atenção nele e num monte de outros lutadores, mas sobre enfrentá-lo, eu meio que deixei pra lá".

No entanto, quando Coleman retornou ao UFC em 2009, alguns fãs especularam sobre os dois membros do Hall da Fama finalmente se encontrarem no octógono. Couture não estava exatamente na mesma página, considerando que ele começou o ano no peso-pesado e Coleman estava competindo até 93kg, e ele até abordou o "The Hammer" sobre uma vinda até sua academia Xtreme Couture em Las Vegas, depois do esforço e de uma derrota diante de Mauricio "Shogun" Rua.

"Eu sempre achei que Mark tinha muito talento e ele é um cara muito duro", Couture disse. "Eu acho que a queda dele tem sido sempre quando ele se coloca nestes ambientes de treinamento e situações em que ele não tira o máximo proveito de si mesmo. Vi isso na luta contra o Shogun. Ficou evidente que ele não tinha treinado. Eu o vi em um dos shows após a luta contra o Shogun e disse: 'Por que você não vem treinar com a gente, e nós, pelo menos, faremos você entrar em forma. (O próximo adversário de Coleman na época, Stephan) Bonnar não é brincadeira. Ele é um bom lutador, sólido e ele vai arrancar sua cabeça, especialmente se você não estiver em forma'. "Foi um pouco conflitante porque Bonnar treina aqui também, mas, mais uma vez, parto dessa mentalidade do wrestling onde não há segredos. Você não vai treinar junto ou ficar no ginásio ao mesmo tempo. Então não era um problema para qualquer um deles, e Coleman topou. Ele apareceu por aqui, fez um bom treinamento e eu acho que serviu para ele, porque ele é um cara muito talentoso. Ele é um lutador físico, tem muita potência e faz várias coisas muito bem, ele é um lutador bastante sólido. Mesmo assim, treinar é necessário e esse tem sido seu ponto fraco".

Coleman derrotou Bonnar no UFC 100 em julho do ano passado, e quando a luta entre Couture e Coleman foi assinada, o ex-destaque da Universidade de Ohio mais uma vez voltou a Las Vegas para treinar, desta vez, com Shawn Tompkins no centro de treinamento da TapouT. Mas não há ressentimento, e nem guerra de palavras na imprensa, só um par de veteranos se preparando para uma luta com quase 12 anos de espera.

Esse é o apelo junto aos fãs, uma chance de ver duas lendas do MMA lutando por 15 minutos ou menos. Pois é, Mark Coleman de 45 anos e Randy Couture é 46, mas para Couture o melhor ainda pode estar por vir.

"Quando eu fiz a transição do wrestling para o MMA, eu estava lutando wrestling há tanto tempo que o pouco que eu aprendia, ajustes para melhorar o meu estilo de luta e aperfeiçoar minha técnica, parecia tão pouco que, dentro do grande esquema de coisas, era quase frustrante", ele disse. "Então eu comecei a lutar MMA e havia todo esse mundo novo onde, cada vez que eu treinava, eu aprendia alguma nova técnica ou alguma coisa nova que parecia imensa, foi emocionante e divertido, e agora, 12 anos depois, praticamente toda semana eu estou refinando ou aprendendo algo novo que não parece tão pequeno. Essa é uma das coisas que eu realmente gosto e que faz com que seja divertido, porque há tantas facetas para o esporte MMA e cada uma delas tem seu mérito e aplicabilidade no jogo de luta".

Então, o fim não está próximo, certo?

"Eu acho que os fãs ainda vão ver coisas boas vindas de mim, e espero que eu tenha a chance de lutar mais contra melhores atletas até 93kg".