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Evans enfrenta seu maior inimigo: Ele mesmo

Por Thomas Gerbasi - Dia 12 de dezembro de 2009. Rashad Evans estava no Colorado, como qualquer outro fã assistindo as lutas como UFC 107 exibido em Memphis, Tennessee. Mas após cada luta, alguma coisa parecia atingir o ex-campeão meio-pesado, algo que dizia que aquela era sua noite.

Por Thomas Gerbasi


Dia 12 de dezembro de 2009. Rashad Evans estava no Colorado, como qualquer outro fã assistindo as lutas do UFC 107 exibido em Memphis, Tennessee. Mas após cada luta, alguma coisa parecia atingir o ex-campeão meio-pesado, algo que dizia que aquela era sua noite.


"Vendo como BJ (Penn) lutou bem, e Kenny Florian e todos os outros pareciam tão bem, eu estava falando para mim mesmo 'Eu poderia estar lá, eu poderia estar lutando bem também'", Evans disse ao UFC.com. "Eles tiveram um grande público em Memphis, a energia estava lá, e eu estava com o 'putz, eu queria ter estado lá'".


Ele estava escalado para estar, enfrentando o técnico rival do The Ultimate Fighter 10, Quinton 'Rampage' Jackson, mas quando Jackson optou por fazer sua estréia em Hollywood no próximo filme do Esquadrão Classe-A, Evans ficou sem um adversário para o card do UFC 107. No entanto, quando tudo veio à tona em setembro, não foi uma grande surpresa para Evans.


"No começo eu estava meio surpreso, mas depois pensei na temporada e no tempo que ele (Jackson) se dedicou as aulas de interpretação", Evans disse. "As câmeras não mostravam isso, mas em várias oportunidades ele não participava dos treinos e quem puxava a preparação era p técnico assistente Tiki (Ghosn) e os outros caras, porque Jackson estava tendo aulas de teatro. Assim, ao fim, tudo fez sentido".


Não fazia muito sentido para os fãs que queriam ver o combate, e quando os episódios gravados do The Ultimate Fighter chegavam a Spike TV, a expectativa crescia ainda mais, semana apos semana, com a tensão entre os dois ex-campeões até 93kg. No entanto, diante da situação, Evans se sentiu impotente.


"Assistindo o show e toda a conversa, eu fiquei tipo, 'cara, tudo isso foi por nada'", ele disse. "Às vezes, eu poderia dizer que minha atitude foi uma na TV e eu a vi mudar lentamente e o quanto aborrecido eu realmente fiquei. Quando começou era só brincadeira. Então ficou realmente sério e chegou ao ponto de eu me imaginar socando a cara dele toda vez que o encontrasse".


Na noite de sábado, Evans vai entrar no Octagon para socar alguém, mas não será Jackson. Em vez disso, 'Suga' irá enfrentar o brasileiro Thiago Silva em uma luta que marca o seu segundo Natal afastado de sua família.


"Esta é a segunda vez seguida que eu vou perder as férias, mas vai valer a pena", ele disse. "Eu vou entrar lá, gostando de estar lá e fazendo da oportunidade minha celebração de Natal e Ano Novo".


É a mentalidade perfeita para Evans, e ele parece animado, não apenas sobre a luta, mas sobre com quem ele estará lutando. Não é pela razão que você acha que é, visto que Evans não está pensando em vingar seu amigo e parceiro de treino, Keith Jardine, que foi parado em um único round por Thiago, os centros de sua motivação estão em se testar contra um lutador que ficou muito melhor e mais assustador desde que estavam marcados para se pegar em 2008.


"Era para eu lutar com ele alguns anos atrás, e então eu lutei contra o Chuck Liddell", Evans lembrou. "Eu estava feliz em enfrentá-lo e agora ele parece muito melhor, ele parece um animal. Ele foi derrotado (pelo Lyoto Machida), e agora está faminto e não quer que isso aconteça novamente".


Evans (18-1-1) está na mesma posição, faminto para apagar a única derrota de sua carreira, que ironicamente também foi para o atual campeão meio-pesado. As coincidências são tantas ao ponto dele dizer que os dois podem ser imagens um do outro.


"Eu vejo muito de mim nele", Evans disse de Thiago. "Nós temos muitas semelhanças, tanto no nosso caminho na organização, quanto de onde viemos".


A única diferença é que Evans foi ao topo da montanha no UFC, deteve o cinturão de campeão por cinco meses em 2008-2009. Mas quando ele enfrentou Machida em maio passado, nada funcionou e ele perdeu o título e o seu recorde invicto. No que diz respeito a Evans (um dos lutadores mais cerebrais no MMA) perder era inevitável, mas agora ele se pergunta se isso foi realmente bom.


"Eu fiquei louco pelo acontecimento (a derrota)", admite. "Alguém sempre diz que você ganha muito depois perder, mas quem diz que tem que ser assim? Talvez isso é a realidade de alguém, mas não tem necessariamente que ser a minha. Então, eu me peguei falando 'sim, eu estou ganhando agora, mas eu provavelmente irei perder um dia'. E eu aceito isso na minha realidade, a realidade é o que você faz, e ela definitivamente se tornou realidade".


Evans admitiu antes da luta contra Lyoto que, quando ele ganhou o título de Forrest Griffin, isso não o atingiu da maneira que ele esperava. No entanto, ao perguntar se ele sente falta do cinturão, ele fica em cima do muro.


"Sim e não. Sim, no sentido de lutar pelo cinturão - eu sinto falta disso. Mas eu não sinto falta das distrações que vieram e que corromperam minha mente".


E agora, de volta ao papel de provável desafiante, Evans encontrou a paz no caminhar em direção ao topo, caminhada esta que ele espera resultar em um reinado por mais tempo do que o seu primeiro.


"Eu só quero ir lá, lutar e competir, isso é tudo o que estou procurando", ele disse. "Isso é onde eu realmente deveria ter estado, mas um monte de coisas que eu não achava que iriam nos distrair acabaram incomodando. Isso me incomodou de tal maneira que as pessoas começaram a pensar coisas a meu respeito, e esse não era eu e eu tinha que me preocupar com isso. Isso é uma coisa que eu não me preocupo mais. As pessoas vão ter as suas opiniões sobre mim, mas agora eu posso lutar e não tenho que provar nada. Eu apenas tenho que ir lá e fazer o meu melhor".


Ele está surpreso que demorou tanto tempo para chegar a este ponto?


"Eu estou", ele ri. "Se não acontecesse logo, eu provavelmente não teria respeitado tanto. Eu acho que tudo tem seu tempo, e isso foi no tempo certo para mim".


Isso também vale para mudar sua percepção com o público, que foi muito ajudada pela sua temporada como treinador no The Ultimate Fighter.


"Eu vi uma grande mudança", Evans disse. "Eu tive pessoas vindo até mim e dizendo, 'cara eu costumava odiar você, mas eu assisti você no reality show, e eu acho que você é muito legal'. Eles começaram a analisar a forma com que me odiavam. Eu não sei se eu deveria dizer 'obrigado' ou não(Risos). Mas uma coisa que eu não percebia, estando no esporte e sob o olhar do público, é o quanto 15 minutos, ou seja lá quanto tempo as pessoas te assistam, pode realmente deixar uma impressão em suas mentes. Agora eu entendo isso melhor ".


Evans também compreende muito mais o MMA, e isso não é a respeito de sempre acabar com a pessoa ao seu lado no cartaz do evento.


"Eu vou olhar do outro lado do cage e não verei ninguém", Evans disse da noite de sábado. "Eu só vou lá para competir contra mim. Não tente fazer um luta pessoal ou um negócio tão grande porque você faz isso diariamente, e a única pessoa que você realmente tem que competir contra é você mesmo. Eu vou lá, me esforçar e tentar me cansar, e se eu fizer todas essas coisas, eu vou quebrar, sem dúvida, o meu adversário".