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Leitura de luta: Como Barão foi tirado do reinado dos galos

Movimentação envenenada e técnicas de timing marcaram vitória do norte-americano

UFC 173. O favoritismo de Renan Barão era monstruoso, mas os méritos de TJ Dillashaw na vitória foram indiscutíveis.

A noite traumática para o brasileiro e de glória para o norte-americano impressionou pelo fato de o novo campeão sair da condição de 'ilustre desconhecido' e tomar o cinturão de um dos caras mais dominantes da atualidade.

Dillashaw capitalizou jogo mais atípico dentro das habilidades mais naturais. Sem conseguir se impor, o potiguar pareceu ter ‘resetado’ quando levou o knockdown no primeiro assalto. Dali em diante, toda e qualquer estratégia foi por água abaixo. O resto foi pura sobrevivência.

Algumas características foram preponderantes para definir vencedor e perdedor. Vamos lá!

Previsibilidade
As defasagens no padrão de luta do brasileiro que analisamos em outro artigo mostravam que ele ainda peca em não movimentar o tronco ou proteger melhor a cabeça nas trocas de socos mais intensas. Contra Dillashaw, mais um vez isso foi gritante.

Pouco inspirado em dominar as distâncias, Barão atuou como contragolpeador praticamente o combate todo. Mas a insistência em responder todo e qualquer ataque adversário com cruzados de esquerda por cima dos diretos do adversário o tornou previsível.

Assim, Dillashaw tentou 309 golpes significativos e acertou 140 (45% de aproveitamento). O brasileiro acertou 64 de 273, com 24%. Com o nariz machucado e a respiração prejudicada, Barão parecia extenuado psicologicamente já no terceiro assalto. E as reações ficavam cada vez mais lentas e sem pressão.

Passos (bem) pensados
O que se esperava de um wrestler de origem como Dillashaw para este combate? O de sempre. Botes e fintas nas pernas para conseguir quedas misturadas com golpes, e vice-versa? Jogo de clinches e abafa contra as grades?

Nada disso. O norte-americano peitou Barão em pé, o ponto mais característico do brasileiro. A tática renovada sempre é muito difícil de ser executada, sobretudo em luta de tamanha importância, e também por exigir demanda física acima da média. Dillashaw já havia adotado algo semelhante no combate contra Mike Easton, quando venceu por pontos, em janeiro.

O jogo de grappling de Dillashaw ficou na manga como ‘plano B’ caso algo novo falhasse. Tanto que o norte-americano tentou apenas três quedas. Nenhuma foi completada.

O diferencial para a vitória começou pelo jeito de se movimentar, 'ciscando' com a guarda mais baixa, que lembrou bastante o ex-campeão Dominick Cruz. Dillashaw foi ousado ao manter o brasileiro no centro do octógono e girar como um satélite, mantendo-se sempre no raio de ação da média para a curta distância.

O norte-americano usou steps (passos) e trocou de base frequentes antes de atacar para evitar os fortes chutes nas pernas, além de criar ângulos diferentes para executar o volume de golpes constante.

Dillashaw recuava e colocava diretos, golpeava com jabs saindo lateralmente. Fez isso tantas vezes que em dado momento Barão não conseguia mais encontrar qualquer distância para golpear com efetividade.

Quando acuado, o potiguar sempre costuma usar um chute giratório 180º como medida de segurança. Nem isso funcionou.

Chute emendado
Dillashaw insistiu nesta técnica os cinco assaltos e acertou pelo menos quatro caneladas de esquerda na cabeça de Barão.Trata-se de uma técnica simples e de bom timing, bastante usada por strikers mais experientes.

Coloca-se um soco reto (jab ou direto) - geralmente acrescido por uma inclinação de tronco - seguido por um chute circular alto. Sempre é feito do mesmo lado: mão esquerda/pé esquerdo ou mão direita/pé direito.

O punho é jogado contra o rosto ou tronco para funcionar como uma ponte, que confunde ou 'cega' o adversário por um instante até que o chute seja conectado de surpresa, quase ao mesmo tempo. É o que se chamava por muitos treinadores mais antigos de kickboxing de 'um/um'.

Agora queremos análises e opiniões de vocês. Usem e abusem do espaço aí embaixo!